quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Fascínio pela Ciência

Meu depoimento prestado a Carlos Eugénio Augusto e publicado na última revista "Prevenir":

 Descobri a ciência no tempo da escola, principalmente através de livros de divulgação científica, que me revelaram que é um empreendimento humano que dá origem a projetos extraordinários. O que aprendi, em colecções como Ciência para Gente Nova, de Rómulo de Carvalho, mudou a minha vida. Ler sobre o átomo fazia-me ver a ciência a acontecer, sentir os seus problemas, dificuldades, hesitações e dúvidas permanentes. Mais tarde, abracei o curso de Física e a paixão cresceu. À medida que a ciência se revelava, mais vontade e “obrigação” senti de a partilhar. E, de uma forma inesperada, até consegui ter algum sucesso, nomeadamente através de Física Divertida, um livro que escrevi na década de 1990, baseado em palestras que fiz nas escolas, cujas reações demonstraram que a ciência pode ser uma fonte de prazer e partilha intelectual. Mas a ciência é também liberdade, democracia e um caminho para o desenvolvimento e bem-estar social, levando a viver de uma forma mais positiva, de olhos no futuro. A tecnologia, por exemplo, um fruto da ciência, tornou mais fácil comunicar, viajar, ter melhores cuidados de saúde. Como professor, tento transmitir esse entusiasmo e deslumbramento continuados. O mundo vai ter sempre mistérios e a ciência é um processo de interrogação cativante, devendo hoje desempenhar o papel que outrora a filosofia teve na procura do saber. Acredito que a ciência é o método por excelência para adquirir conhecimento, para despertar o sentido crítico, e uma das mais ricas dimensões humanas, a par da arte, religião e ética, que nos permite conhecer e viver melhor no mundo. E, ao segui-lo, vamos entender que muito do nosso quotidiano resulta do seu conhecimento e que está nas nossas mãos tentar transformar o mundo num sítio melhor.»

EM NOME DA FÍSICA Doutorado em Física Teórica, professor catedrático da Universidade de Coimbra e diretor do Rómulo Centro Ciência Viva, Carlos Fiolhais é um dos cientistas mais (re)conhecidos em Portugal, tendo já arrecadado prémios e distinções como um Globo de Ouro da SIC, a Ordem do Infante D. Henrique e, mais recentemente, o Grande Prémio Ciência Viva Montepio 2017. No seu mais recente livro, A Ciência e os Seus Inimigos (Gradiva), escrito em parceria com o bioquímico David Marçal, reforça a ideia de uma ciência que se assume como «um aliado essencial de uma sociedade livre e aberta».

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