sexta-feira, 4 de agosto de 2017

DESLUMBRE-SE COM O CÉU DE AGOSTO

Texto publicado primeiramente na imprensa regional.



O céu virado a Nordeste, cerca da 1h30 do dia 13 de agosto de 2017. Na imagem pode ver-se o radiante da “chuva” de meteoros das Perseidas e o intenso brilho da Lua, na constelação vizinha de Peixes. (Imagem: Ricardo Cardoso Reis /Stellarium)




O Universo ilumina o pensamento!

Desde os alvores da humanidade que os seres humanos se deslumbram com a beleza da abóbada celeste. A contemplação do céu nocturno, iluminada com infinitos pontos brilhantes, foi fonte para inúmeras perguntas sobre a origem e destino do Universo e logo da própria vida. Cada estrela tinha um sonho para viajar. Todos os sonhos tinham a sua estrela.

E hoje, e sempre, continuamos a sentir maravilhamento quando presenciamos a magnificência luminosa que estimula as nossas retinas, luz que viajou pelo espaço e com ele transporta inspiração e curiosidade para descobrir como o Universo funciona e de quê ele é feito.

Este mês de Agosto é excelente para realizarmos espectaculares observações astronómicas, pelo menos por três aspectos que são indicados a seguir.

Durante este mês, é possível observar todos os planetas do nosso sistema solar (à excepção da Terra onde nos encontramos): Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno visíveis a olho nu; Urano e Neptuno com a ajuda de telescópio. As indicações adequadas para a sua observação encontram-se, por exemplo, na página na internet do Observatório Astronómico de Lisboa.

Este mês ocorre uma das maiores “chuvas de estrelas” do ano: a “chuva” de meteoros das Perseidas. Este fenómeno deslumbrante deve-se ao facto de o planeta Terra atravessar uma região do espaço interplanetário semeado de meteoróides, pouco maiores do que uma ervilha, ecos das passagens do gigante cometa periódico Swift-Tuttle (cerca de 28 km de diâmetro!) na sua órbita ao redor do Sol, a qual demora 133 anos terrestres! O primeiro registo de observação da passagem do cometa é de origem chinesa e data do ano 69 a.C. O último ocorreu em 1992, data da sua redescoberta.

Esta “chuva de estrelas” tem um máximo de actividade previsto entre as 15h00 do dia 12 e as 2h30 do dia 13, mas a constelação de Perseu que dá o nome à “chuva”, onde se situa o radiante (ponto de onde parecem surgir os meteoros), só está completamente acima do horizonte por volta das 23h30.

Contudo, este ano e logo no dia 13, a Lua “nasce” àquela mesma hora ao lado do radiante, na constelação de Peixes. O brilho intenso dos "restos" da Lua cheia deverá dificultar a visualização dos meteoros que se incendeiam ao entrarem na atmosfera terrestre. A centena de meteoros por hora prevista deverá reduzir-se para metade mesmo em céus muito escuros. Isto significa que a contemplação desta “chuva” não será muito reduzida se não nos afastarmos da poluição luminosa dos centros urbanos. Recomenda-se, assim, a observação num local mais escuro. Em Portugal, um local de eleição é a "Reserva de Céu Escuro do Alqueva" (Dark Sky Alqueva). “Mas as Perseidas são ricas em “bolas de fogo” (meteoros ligeiramente maiores e mais brilhantes), pelo que, de qualquer maneira, deverá valer a pena ficar uma hora ou duas a olhar o céu”, diz-nos Ricardo Cardoso Reis, astrónomo e comunicador de ciência do Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

Por último, mas talvez o ponto de interesse astronómico mais relevante, ocorre no dia 21 de Agosto: dia de Lua nova, é também dia de eclipse do Sol. Este só será total na parte central dos E.U.A., sendo a sua visualização parcial em outras regiões do planeta. É o caso de Portugal e teremos de nos contentar com um eclipse parcial. Quanto mais a sul, maior será percentagem da superfície do Sol ocultada pela Lua. O Eclipse começa por volta das 19h44 (hora legal), e o máximo ocorre pelas 20h20. Não será possível observar o final do eclipse, que ocorre depois do pôr-do-sol. Diga-se, a propósito, que o melhor local de Portugal para observar este eclipse será a Região Autónoma da Madeira, com o eclipse a começar pelas 19h48, alcançando uma ocultação de cerca de 33%, às 20h35.

São estas as três razões que, entre outras possíveis, nos convidam para boas horas de observação astronómica durante o mês de Agosto.


António Piedade

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