quarta-feira, 3 de maio de 2017

A MÚSICA NO ESPAÇO E NO TEMPO



Vou apresentar a Quinta Sinfonia de Schubert pela Orquestra Metropolitano de Lisboa. Em baixio o resumo:

http://www.metropolitana.pt/Default.aspx?ID=4354&CalendarEventID=3623


Viena, 1816: O espaço e o tempo da "Quinta Sinfonia" de Franz Schubert

A cidade de Viena é especial no que diz respeito à música. Entre  1750 e 1727 trabalharam em Viena quatro dos grandes nomes da  música: Franz Joseph Haydn (1732-1809), Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), Ludwig van Beethoven (1770-1827) e Franz Schubert (1797-1828). Dos três austríacos (Beethoven era alemão mas viveu muitos anos e  morreu em Viena) Schubert é o único que nasceu em Viena, onde viveu durante toda a sua curta vida.   Schubert tem em comum com Mozart uma vida curta (a de Schubert ainda foi mais curta!) mas as suas vidas não se sobrepuseram. Mas é clara a influência de Mozart em Schubert ainda maior do que a de Haydn. Schubert tinha só 12 anos quando Haydn morreu, pelo que não o pôde ter conhecido. Mas foi contemporâneo de Beethoven, a quem muito admirava e que decerto o influenciou. A admiração é recíproca pois Beethoven achou "faísca" em Schubert. Devem-se ter encontrado, mas não é claro em que circunstâncias: Schubert visitou
com amigos o famosíssimo Beethoven no seu leito de morte e foi portador de tocha no funeral dele. Não podia imaginar que morreria um ano depois e que acabariam por ficar ao lado um do outro num cemitério vienense.

1816, quando o jovem de 19 anos escreve a sua Quinta Sinfonia, é um ano de transição do iluminismo (na música, classicismo) para o romantismo. É nesse ano sem verão (tinha no ano anterior explodido um grande vulcão na Indonésia, que trouxe alterações climáticas globais) que a jovem Mary Shelley escreve o "Frankenstein", que haveria de ser publicado dois anos depois. Esta obra é um símbolo da reacção romântica contra a ciência, que tinha dominado sem oposição até então. A Quinta Sinfonia é uma obra de juventude, que exibe o classicismo no seu esplendor (há  semelhanças com a Sinfonia n.º 40 de Mozart, escrita em 1788, uma obra-prima da arte sinfónica). Mas o segundo andamento da Quinta de Schubert, mais lento como era uso, transmite o tom do romantismo, do qual Schubert com as suas "lieder" haveria de ser expoente.  A Quinta Sinfonia é uma obra de transição, mas não deixa de ser por isso uma obra genial. Quem a ouvir sem conhecer o autor poderá pensar que é de Mozart e isso não pode deixar de ser um grande elogia. Schubert desenvolveu, porém, um estilo musical próprio, afirmando-se como um dos maiores melodistas de todos os tempos (ouça-se o quinteto "A Truta",  ou a canção "Ave Maria", que até Sinatra cantou).

A Quinta Sinfonia mostra o incomparável talento de Schubert. Um crítico do "New York Times", tentando comparar o incomparável, escolheu  em 2011 o "top 10" dos maiores compositores de sempre: dos quatro grandes de Viena,  excluiu Haydn. Mas depois de Bach, classificado em primeiro lugar, escolheu os três grandes de Viena: por esta ordem, Beethoven, Mozart e  Schubert.  Escutemos Schubert, que é, como os outros desta lista, universal e intemporal.

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