domingo, 14 de agosto de 2016

O CÓDIGO DO ALQUIMISTA



Philip Kerr é um escritor britânico de 60 anos autor de vários thrillers que foram sucessos de vendas. Em Portugal estão publicados nove livros dele, a maior parte na Porto Editora e nas Edições Asa, tendo um (“Um Assassino entre os Filósofos”) aparecido na Presença.

Já tinha há algum tempo “O Código do Alquimistas. A vida privada de Isaac Newton”, saído nas Edições ASA em 2008 (o original, de título “Dark matter”,  é de 2002), mas só há pouco tive oportunidade de o ler. Como todos os thrillers lê-se rapidamente. É ficção histórica montada sobre o período da vida de Isaac Newton em que ele presidiu à Casa da Moeda britânica. O relato é de um seu assistente, um tal Christopher Ellis, de quem pouco se sabe. O autor, que leu a biografia de referência de Newton, da autoria de  Richard Westfall, efabula baseado no seu conhecimento do ambiente e dos factos da época: Newton é apresentado como uma espécie de Sherlock Holmes, uma mente brilhante que persegue implacavelmente os falsificadores de moeda. Parece-se com um policial. A  faceta de Newton como alquimista e  teólogo secretos não são esquecidas, embora Newton tivesse feito o máximo para a esconder em vida. Pouco há de ciência no livro, para além de algumas frases de Newton sobre a sua obra científica que são verdadeiras. thrillers do género. Há um código, difícil de decifrar, tal como é costume em livros do tipo "Código da Vinci" (não sou apreciador, confesso). O sistema de codificação em causa terá existido mesmo. E há muito sangue (as execuções de alguns bandidos eram um espectáculo tenebroso na Londres da época) e também algum sexo. Não, não é a pessoa de Newton que mostra essa faceta, apesar do título poder enganar.  Sobre este aspecto da vida privada sabe-se muito pouco: nunca casou e não se lhe conheceram namoradas.  O jovem Christopher apaixona-se por uma sobrinha de Newton de seu nome Catherine Barton (ou melhor meia sobrinha, porque é filha  de uma meia-irmã de Newton: a mãe de Newton casou em segundas núpcias uma vez que o pai de Newton, Isaac como ele, morreu antes de ele nascer). Mas, por razões religiosas – Christopher é ateu-, a ligação esvaiu-se tão depressa quanto começou. E o pobre enamorado acaba por descobrir, da pior maneira, que a sua amada era amante de Charles Montagu,  o conde de Halifax, um notável político e poeta britânico. Na realidade, ela poderá ter mesmo sido amante de Montagu, em casa de quem viveu, mas é falso o boato de que Newton terá sido favorecido profissionalmente graças aos encantos da sua meia-sobrinha (Voltaire, que gostava de conversar com miss Barton,  poderá ter sido o responsável pelo espalhamento do boato).  Certo é que miss Barton veio mais tarde a casar, depois de um namoro curto, com um outro político, John Conduit, em 1717, dez anos antes da morte de Newton (o funeral de Newton é narrado no livro). O casal Conduit está sepultado na Abadia de Westminster ao lado de Newton. O grande sábio, normalmente um homem áspero, tinha uma particular predilecção por miss Barton, uma rapariga de muito espírito, conforme aliás se pode perceber da leitura deste romance.

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