domingo, 6 de setembro de 2015

"Naufrágio da humanidade"


"Quero que o mundo inteiro nos ouça e veja onde chegamos
para tentar escapar da guerra. Vivo um grande sofrimento.
Faço esta declaração para evitar que outras pessoas vivam o mesmo.
Pai de Aylan Kurdi (aqui)

A fotografia de Aylan Kurdi, o rapazinho sírio morto num praia da Turquia como se dormisse tranquilamente depois da brincadeira, tem sido divulgada pelo mundo acompanhada do slogan "naufrágio da humanidade".

Quem inventou esse slogan (não sei quem foi) teve o dom de traduzir em três palavras a tragédia de toda uma gente a quem a desgraça da guerra tocou, que tenta escapar da morte pelas armas e acaba morta no oceano ou perdida em caminhos e campos, mas traduz igualmente a tragédia de toda uma outra gente que pensa estar a salvo da desgraça no seu conforto quotidiano não percebendo que também morreu ou se perdeu algures no que há de mais profundamente humano: a compaixão.

O nosso sangue deveria congelar não só pelo pequeno Aylan ("O meu sangue congelou", foi o que disse Nilüfer Demir que o retatou) e por quem partilha da mesma sorte mas, talvez, sobretudo por quem poderia fazer valer esse sentimento e nada faz ou, como temos visto, impede que outros o façam.

Cartonistas de diversas do médio oriente representaram esta dupla tragédia aqui (uso o artigo da jornalista Helena Bento do Expresso).

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