quarta-feira, 24 de junho de 2015

MEMÓRIAS DE PROFESSORES

Meu depoimento no jornal de I de hoje:
 
Devo tudo aos meus pais. E para além deles devo tudo aos meus professores, desde a escola primária (que foram duas, a Escola da Voz do Operário em Lisboa e a Escola dos Olivais em Coimbra) até à universidade (também duas: a Universidade de Coimbra e a Universidade de Frankfurt, na Alemanha), passando pelo liceu (que foi só um, o Liceu de D. João III, hoje Escola Secundária José Falcão, em Coimbra). Se os pais me transmitiram as primeiras noções do mundo e da sociedade, os professores transmitiram-me o melhor do património da humanidade. Sem os pais e sem os professores não poderia ser quem sou.

Guardo gratas memórias de todos os meus professores, sendo difícil fazer o que me pedem: distinguir alguns. Mas não fujo ao desafio. Na Escola Primária dos Olivais, lembro a exigência do Prof. Nobre. Fazia-se exame da quarta classe e de admissão aos liceus e pude passar nos dois com facilidade, porque sabia na ponta da língua o que ele me ensinou. Era o tempo em que se ensinavam as serras (o monte Ramelau, em Timor, era o pico maior) e os reis portugueses das várias dinastias (com os cognomes, claro).

No liceu lembro-me com saudade do Padre Urbano Duarte, professor de Moral. Aos quinze anos atribuiu-me a mim, e a um colega (o António Pedro Pita, hoje professor de Filosofia), a responsabilidade de uma página no Correio de Coimbra, o jornal que ele dirigia. A página, intitulada Início, foi o meu início na imprensa. O Padre deu-nos total liberdade de escrever o que entendêssemos, mas já o mesmo não se passou com a censura…

Por último na Universidade, quero homenagear o Doutor Joaquim Domingos, falecido há pouco tempo. Muito sábio, atento ao mundo e dono de um humor extraordinário ensinou-me a mecânica quântica e a física nuclear nos atribulados tempos da Revolução. Lembro-me tanto da Física que ele fez por transmitir como das suas histórias de vida, que tinham por cenário Oxford ou Lourenço Marques.


O que são bons professores? Aqueles que jamais esquecemos.

4 comentários:

Anónimo disse...

Teve mais sorte do que eu. Tive avós analfabetas e pais quase. Professores, quase só nabos. Mesmo assim consegui qualquer coisa na carreira académica embora muito abaixo oo Professor Fiolhais. Não admira, inteligente eu era mas com os pais e professores que tive...fiz mais que o Professor e acho que até merecia um prémio. Não me identifico pois receio que algum maluco mo dê. Nem ponho o NIB senão ainda me põem lá dinheiro.

Anónimo disse...

"Não admira, inteligente eu era mas com os pais e professores que tive...fiz mais que o Professor e acho que até merecia um prémio" O que é que o senhor fez que merecesse algum prémio e que o coloque acima do Professor Carlos Fiolhais?

Anónimo disse...

Que é que eu fiz? Nada e estou muito abaixo, como disse, do Professor Fiolhais. O mérito que me atribuo deriva de ter partido de um nível muito inferior ao dele. Não posso dar detalhes porque receio que alguém que os conheça pretenda dar-me algum prémio o que rejeito. Há malucos para tudo e já uma vez tentaram homenagear-me.

Anónimo disse...

Essa conversa não faz sentido nenhum, mas pronto... Fiquemos assim.

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