segunda-feira, 23 de março de 2015

Água ultra-pura

Sobre o tema da homeopatia texto recebido de Carlos Corrêa, professor de Química da Universidade do Porto:

A água utilizada na preparação dos medicamentos de alta diluição é agua ultra-pura.

A água ultra-pura do Tipo I, a mais pura disponível no mercado, por exemplo da Millipor, tem uma condutividade de 0,054-0,056 mS/cm tendo carbono orgânico total inferior a 50 mg/L, sódio inferior a 1 mg/L, cloretos inferiores mg/L e sílica inferior a 3 mg/L. Vamos supor que se usava uma água mil vezes mais pura (impraticável).

Se usarmos uma solução inicial de 1 mg de substância ativa por litro, se diluirmos 10 vezes, repetindo a operação 100 vezes (e não 200 como por vezes se refere), qual é a massa de produto ativo final:

1 mg/L -> 1/10 x 1/10 x 1/10 x ….x 1/10 (cem vezes!) = 10-100 mg/L  (10 elevado a menos 100 !)

A quantidade de carbono orgânico na água purríssima é

0,001 x 50 mg/L = 50 x 10-9 mg/L, que é 5 x 1091 vezes maior do que a massa de substância ativa!

O mesmo se passa com o sódio, cloretos e outros vestígios.

Em conclusão: uma água mil vezes mais pura do que a água ultrapura disponível no mercado contém mais sódio, cloretos, sílica, carbono orgânico e outras substâncias em quantidade astronomicamente mais alta (1091 vezes…) do que o princípio ativo!


Ainda há gente que acredita nestes medicamentos homeopáticos?

Carlos Corrêa

8 comentários:

Anónimo disse...

Também é giro como há gente que ainda acredita na eficácia dos medicamentos utilizados na medicina convencional. Uma boa rábula dedicada a esses espíritos simples:
http://www.portadosfundos.com.br/colateral/

Hipócrates Manuel

Anónimo disse...

Não é honesto pôr ao mesmo nível estudos clínicos rigorosos que comprovam a eficácia de um medicamento e um vídeo de comediantes a falar do assunto... Não quero desrespeitar o pessoal da "Porta dos Fundos", mas não devem ser eles os ouvidos em assuntos de Saúde, mas sim profissionais do ofício.

Se quer criar uma discussão legítima sobre eficácia de medicamentos, tem de adoptar uma estratégia melhor que essa.

Anónimo disse...

Caro anónimo,
Como decerto sabe, os medicamentos (sim, esses, os "comprovadamente eficazes") são hoje em dia considerados, estatatísticamente, como uma das principais causas de problemas de saúde. Todos os dias, milhares de pessoas morrem ou ficam terrivelmente afectadas, em consequência directa ou indirecta de terapêuticas químicas convencionais. Perante isto, os riscos colocados pela opção por tratamentos homeopáticos, sejam ou não eficazes, é ridiculamente baixo, o que torna igualmente ridicula toda esta campanha que meia dúzia de figuras ligadas ao mundo da química (e que, precisamente, se recusam a ouvir aquilo que os especialistas em assuntos de saúde têm a dizer sobre o assunto) têm viindo a alimentar. Perante isto, só mesmo rirmo-nos um bocado da patetice que alguns cientistas,infelizmente, patenteiam.
Hopócrates Manuel

Anónimo disse...

Caro 3º Anónimo, como com certeza percebe, não posso levar a sério a frase "os riscos colocados pela opção por tratamentos homeopáticos, sejam ou não eficazes, é ridiculamente baixo". Uma pessoa que ache que está a ser tratada não o está e pode perfeitamente morrer por causa disso. É muitíssimo mais provável morrer por tratamentos homeopáticos do que por medicamentos que você demoniza, mas dos quais não apresenta um único exemplo. E a razão é bem simples: medicamentos homeopáticos não fazem rigorosamente nada para tratar uma doença, e a pessoa deixa de tomar outros medicamentos que poderiam de facto ajudar. Há uma diferença bastante óbvia entre haver efeitos nefastos pelo uso de um medicamento e pelo uso excessivo desse mesmo medicamento, e aí a culpa é mais do paciente do que do médico. Seja de que maneira for, nenhum medicamento que tenha passado testes clínicos acarreta mais riscos que os homeopáticos, cuja única função é não fazerem nada. Mais vale beber água, que tem o mesmo efeito, e sempre custa menos.
Já agora, essa "meia dúzia de figuras" são apenas as pessoas que percebem do assunto. O texto aqui descrito é perfeitamente compreensível e usa os conceitos dos próprios homeopatas. E mostra o quão absurdos estes mesmos conceitos são. Se não compreende isso, sugiro umas quantas aulas da mesma estatística que está a utilizar tão vagamente no seu discurso.

Anónimo disse...

«Estatística que estou a utilizar "vagamente" no meu discurso? Apresente lá então o Caro 4.º anónimo algum exemplo concreto de alguèm que tenha morrido "comprovadamente" por se ter sujeitado a algum tratamento homeopático. Quanto a efeitos absolutamente devastadores, não só dos efeitos secundários, mas mesmo dos efeitos PRIMÁRIOS dos medicamentos na saúde dos pacientes, esses estão amplamente documentados, e existem inúmeros estudos científicos que o comprovam , não preciso sequer de pormenorizar, não tem nada que ver com nenhuma interpretação minha.
E essa de dizer que a água é mais perigosa que qualquer medicamento que tenha passado testes clínicos raia a imbecilidade, desculpar-me-á, não quero ofender, mas não conheço outra forma de definir uma afirmação tão falha de lógica como essa. E claro, um pouco de presunção (também presunção e água benta cada um toma a que quer...), para completar o ramalhete, tinha que completar o discurso: nós,os iluminados da química, somos "os únicos que percebemos do assunto". Espero que não se engasguem quando tiverem que engolir muitos dos preconceitos com que actualmente lidam com a verdade científica.
Hipócrates Manuel

Anónimo disse...

O comentário deste segundo anónimo verdadeiramente anónimo é muito fraquinho, quando não se tem mais nada para dizer do que repetir chavões propagandísticos e lugares comuns, o melhor às vezes é mesmo ficar calado. Não sou adepto da homeopatia e até percebo algumas das inquietações metafísicas que o Prof. Carlos Fiolhais sente em relação à coisa. Trata-se duma prática médica secular, que, diga-se o que se disser, consegue ter resultados reais, seja qual for a explicação que se venha a dar a caso, e que por esse motivo desafia as expectativas simplistas que algumas pessoas tem sobre as relações de causa e efeito (Por favor, a lógica evoluiu muito depois de Aristóteles, estamos na época da lógica dos sistemas!) Já agora, a resposta do anónimo anónimo, que tem a desfaçatez de dizer que o anterior comentarista utiliza vagamente a estatística no seu discurso, faz exactamente isso, mas de forma muito mais ostensiva: "...é muitissimo mais provável morrer por tratamentos homeopáticos..." Por favor, acho que é preciso ter um bocadinho a noção das proporções. " "Há uma diferença óbvia entre haver efeitos nefastos pelo uso dum medicamento e pelo uso excessivo desse medicamento..." Há? Gostava que o ilustre me esclarecesse por onde é que passa a linha que diferencia essas duas coisas. Há iluminados que conseguem ver coisas extraordinárias... E com que então o paciente é que tem a culpa? Pois, quem o manda adoecer. Os médicos e os farmacêuticos só lá estão para fazer o bem, o doente é que é um malandro que não só adoece, como nem sequer se quer deixar envenenar para se tratar....
Finalmente, voltando a dizer que não sou particularmente adepto da homeopatia, mas conheço algumas situações de pessoas que se trataram dessa forma e que resultados tiveram, o que me obriga a ter algum respeito pela coisa e algum cuidado com aquilo que digo, para não me armar em esperto. Já agora, não posso deixar de chamar a atenção para a afirmação, totalmente falsa, que os medicamentos homeopáticos são caros: a verdade é que são extraordinariamente baratos: um medicamento homeopático genuíno raramente custa mais que três ou quatro euros, e um tratamento homeopático clássico, ao contrário daquilo que para aí se tem dito, faz-se com um ÚNICO medicamento, e é isso que causa tanto nervosismo a quem se move dentro ou nas proximidades da indústria farmacêutica, que perde milhões em vendas de medicamentos inúteis, com a generalização do consumo dos homeopáticos. Seria importante, dentro do melhor espírito científico que as pessoas se informassem convenientemente antes de falar e que tivessem um pouco mais de apreço pela verdade.
J. M.C.

Anónimo disse...

Estou farto desta discussão estéril, onde as pessoas vão falar sem dar a mínima atenção ao que os outros dizem. Continuam a demonizar medicamentos, fazendo com que eles pareçam a desgraça deste mundo, continuando sem apresentar um exemplo (nem um único!). E depois metem frases na minha boca como "a água mata mais que qualquer medicamento", como se eu alguma vez tivesse dito isso, e não outra coisa bastante fácil de compreender, e que eu até expliquei. Fiquem com os vossos comprimidos de açúcar. É a vossa degraça, não a minha. Fiquem com a vossa impressão de que percebem mais de Química e Medicina do que os químicos e os médicos. É a vossa ignorância, não a minha. Continuem a deitar abaixo tudo aquilo que a Medicina construiu, dizendo que é o Diabo em comprimidos, enquanto apoiam a estupidez diluída que é a homeopatia. É a vossa demência, não a minha. Fiquem com a vossa pseudo-ciência, que eu fico com a ciência de facto, visto que os cientistas desprezam essa actividade de que vocês tanto gostam. Se não percebem o alcance de um artigo destes, bem como tantos outros, que mostram a falência da homeopatia usando as definições que os próprios homeopatas atribuem, são vocês que não querem aprender, e não os outros que não conseguem explicar. Fiquem vocês com a vossa pseudo-ciência comprovadamente falhada. Sim, que ao menos, ao contrário das pessoas anti-vacinas, vocês só se prejudicam a vocês mesmos por apoiarem essas ideias absurdas. Enfim, só espero que não morram um dia por causa dessas decisões que têm tanto de errado como de incompreensível.

Anónimo disse...

Amen e
«Salvé, ó Todo Poderoso, Muito Sagaz e Muito Sapiente doutor Anónimo Anonimus!
As larvas miseráveis que nós somos ousaram, no seu incomensurável orgulho e na sua insondável ignorância, injuriar, escarnecer, insultar e ultrajar o teu Resplandecente Génio. Mas vivíamos nas trevas e não sabíamos... Por isso, profundamente arrependidos, vimos suplicar-te, Ó Mestre Magnânimo, a nossa absolvição.»
(Jacobs, E. P. , A Marca Amarela)

H. Manuel

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