domingo, 15 de fevereiro de 2015

A canibalização da educação escolar

"Ter educação financeira é importante porque com ela eu vou poder ter um maior controlo sobre a minha vida financeira; com um maior controlo sobre a minha vida financeira eu vou poder escolher, consumir, adquirir, sonhar, realizar tudo aquilo que é importante para mim e para a minha família."
À medida que a autarquização - esta é a designação que tem, de momento, em Portugal, noutros países tem outras - é propagandeada e legitimada, dando a entender às comunidades que têm poder para decidir o currículo escolar dos seus educandos, ou, uma parte substancial dele, bem como os meios de o operacionalizar, crescem, subtil mas eficazmente, as imposições de quem tem o poder efectivo para tal.

E, perguntará o leitor, quem tem este poder?

A resposta é fácil: naturalmente, quem tem o poder económico. O poder que não se limita a um país mas que ultrapassa e submete qualquer país, estendendo-se a grandes regiões do globo.

Conheço, com alguma precisão, o que se passa, em termos de educação escolar, na Europa e na América - do Norte e de alguns países do Sul - e posso afirmar que esse poder ganha força e terreno a cada dia que passa. Afasta e/ou minimiza disciplinas fundamentais, manipula as vertentes dessas disciplinas que se desviam dos seus propósitos. Mas isso não lhe basta, tem reclamado uma parte substancial do currículo e tem-na conseguido; parte que, estando alicerçada, não pára de crescer.

Mistificado que se apresenta, toda a gente, ou quase, se submete a esse poder, considera-o positivo, o dever máximo da escola. Dispensemos a Filosofia, a Literatura, a História, até a Física e a Matemática, mas, em circunstância alguma podemos dispensar a educação para a saúde, a educação sexual, a educação para o empreendedorismo, a educação financeira...

A educação financeira é um dos últimos e mais refinados exemplos. Comparo o discurso usado em Portugal e no Brasil... igual, não surpreendentemente igual, mas assustadoramente igual.

Se ao leitor interessar conhecer esse discurso poderá ver este filme, de onde tirei a passagem que acima reproduzi.

1 comentário:

Nuno Henrique Franco disse...

Presumo que quisesse dizer "canibalização"...por momentos pensei que era uma qualquer alusão a Cannabis, que também poderia ser interessantes, já que lá na tutela devem andar a fumar umas cenas esquisitas. Só pode...

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