quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Tenhamos a coragem de reconhecer o plágio, a cópia e toda outra qualquer forma de enganar

Plagiar, copiar, enganar são comportamentos académicos reprováveis.
E isto independentemente de os seus autores serem alunos, professores ou investigadores.
Todos os códigos, regulamentos e normas o referem, prevendo as correspondentes sanções.

Agora a realidade: plagiar, copiar, enganar são comportamentos académicos generalizados de que toda a gente tem conhecimento e que a maioria, por múltiplas razões, tolera. Pior, muitas pessoas, alunos e também professores, nem sequer terão consciência clara da ilicitude desses comportamentos e da sua gravidade.

A razão desta discrepância entre "o que deve ser" e "o que é"?

Muito simples: é assim!

O problema está nas escolas e nas universidades, mas é mais geral, está instalado na sociedade. Tenho sabido de várias empresas que fazem trabalhos para qualquer ano de escolaridade incluindo relatórios e teses (por exemplo, aquiaqui), apresentam contactos de correio electrónico, de telemóvel... Fazem isso porque podem fazer isso, porque sabem que nada lhes acontece. Permitido não será, mas proibido também não.

E avança-se...

Soube hoje de uma inovação, ao que li recente e com muita procura: uma aplicação gratuita (ainda para mais, gratuita!) para, num clique mágico, se ficar com os trabalhos de casa de matemática feitos (e logo os trabalhos de matemática!): o aluno fotografa o problema e o resultado aparece imediatamente (imediatamente, como se quer que tudo aconteça).

Só há um pequeno senão: problemas escritos à mão (ainda) não são decifráveis... Mas isso, verdade seja dita, não é bem um obstáculo, pois muito em breve, com o projecto de escola digital, recomendadíssimo (ou obrigado) pela União Europeia, todo o aluno terá o seu laptop, tablet ou algo assim... e nem professores nem alunos precisarão de se esforçar na caligrafia.

Tudo pacífico, como se pode ler aqui, aqui ou aqui. Logo, talvez fosse mais honesto reconhecermos o plágio, a cópia e outra qualquer forma de enganar (se é que alguém engana e anda enganado) como comportamentos académicos aceitáveis. Ao menos seríamos mais coerentes!

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