terça-feira, 20 de maio de 2014

O REGRESSO DO PAPEL SELADO

Um amigo meu,colega universitário, foi ao Ministério da Educação e Ciência (MEC) fazer um serviço que lhe foi pedido, pelo que teve de preencher um "boletim itinerário" (só nome faz lembrar o tempo de Salazar!).

Pediu na Faculdade onde trabalha um impresso e mandou-o, com tudo bem preenchido, devidamente  assinado. Qual não foi o seu espanto quando o MEC lhe devolveu o boletim passado um tempo porque lhe disseram que tinha preenchido uma "fotocópia" do boletim itinerário e não um "original". Neste tempo das cópias digitais não sei como é que o olho ministerial descobriu.

Tinha de comprar um boletim "original"  na Casa da Moeda (este um nome mais antigo que o tempo de Salazar). E ele lá teve de ir à tal Casa da Moeda, na cidade mais próxima onde uma sucursal existia, perdendo cerca de duas horas do seu precioso tempo em filas de trânsito e de gente.

Isto é, para reaver umas dezenas de euros de uma viagem a Lisboa, teve de gastar ao Estado, que somos nós, uma boa centena  de euros correspondendo a uma viagem a outro sítio e ao seu tempo de trabalho. O MEC não se dignou mandar-lhe o tal boletim: ele tinha, como castigo de qualquer coisa, de o ir comprar. Já ter de ser em papel, nestes tempos de Internet e "simplex" (modernização administrativa) é de pasmar, mas, neste caso, não podia ser um papel qualquer igual ao original, tinha de ser um "original" da Casa da Moeda. Mas o que é um "original" para esses senhores, que enchem o MEC sem fazer nada de útil? Eles não percebem que a dita Casa da Moeda só tem cópias?

O país está como está porque, obviamente, continua mal governado. Estava mal governado e continua mal governado. Eu, se fosse ao meu amigo, nunca mais fazia trabalho nenhum para o Ministério.

4 comentários:

Anónimo disse...

Calma, o Estado não somos todos nós. No resto tem razão.

Agostinho disse...

Pelo que sei, não é só o MEC, todos os Serviços devem exigir o famoso original deste papelinho e de outros cuja venda é receita da famosa Casa da Moeda - Imprensa Nacional.
Bonito era fazer-se uma fiscalização a sério à utilização deste processo - ajudas de custo/boletim de itinerário (transportes) - para arredondamentos abusivos de honorários de certas pessoas ou de pessoas certas, não sei. É o que dizem as más línguas.
Quanto ao simplex ainda falta muito para se chegar lá.

Anónimo disse...

"só nome faz lembrar o tempo de Salazar!"- Tínhamos um pais um bocado mais governado do que hoje

Anónimo disse...

Errado, o estado somos todos nós (que pagamos impostos e por isso deveríamos ter algo a dizer à cerca de tudo o que é decidido, mas como isto não é uma democracia, só escolhemos o tipo menos medíocre dos 5 ou 6 que nos dão à escolha...).
Já o governo esse sim é uma minoria da população (ainda assim são umas centenas de incompetentes) que nunca teve jeito para nada e só sabe viver da mama do estado, com todas as mordomias, contraindo dívidas para a população produtiva pagar.
Portugal, com tantos ignorantes de peito cheio, não é país para "democracia". Isto só ia ao sítio com um ditador com bom senso. Digo isto porque, sempre que se quer fazer uma boa alteração ao programa de ensino da matemática vêm os professores e os sindicatos estragar tudo com a sua ignorância e burrice, e ,como acontece na educação, assim acontece com o resto dos domínios sob a alçada estatal. Num país com tantos interesseiros dedos têm que ser apontados e pessoas acusadas, o que não acontece com as leis que temos, só alguém que passasse por cima disso é que podia endireitar isto.

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