sábado, 8 de fevereiro de 2014

A FCT SEM RUMO


A Fundação para a Ciência e a Tecnologia - FCT está hoje sem eira nem beira, tendo-se transformado uma pálida sombra da instituição que foi, entre outros, dirigida pelo saudoso Doutor Ramoa Ribeiro. Ele tinha, entre outras qualidades, a de ser uma pessoa de um fino trato, para além de saber bem o que é a ciência,  qual é a sua história e qual é a necessidade da sua ligação a sociedade.

Hoje a FCT está, infelizmente, entregue a gente sem educação, sem noção da história e da cultura científica. Cortou nas bolsas sem nenhuma explicação convincente. Desrespeita os investigadores, especialmente os mais jovens, tratando-os como inimigos, e não percebe que a ciência só pode avançar, não só em aliança com os cientistas, mas também em aliança com os cidadãos que pagam a ciência, que exigem por isso saber onde é gasto o seu dinheiro. Ao liquidar sumariamente as áreas de história da ciência e de promoção da ciência (à bela maneira do Faroeste que consiste em atirar primeiro e perguntar depois)  a direcção da FCT mostrou que despreza a história e a cultura científica. Certas bolsas não foram concedidas simplesmente porque a respectiva área foi extinta. Os candidatos não estavam enquadrados! Aliás nunca ninguém ouviu à actual direcção da FCT uma palavra de simpatia pela história da ciência e pela divulgação científica. Na sua visão tacanha do mundo, parece convencida de que atrás deles nada existiu (o Big Bang da ciência portuguesa terá sido há dois anos!) e que é inútil o esforço continuado de muitos cientistas portugueses ou estrangeiros em favor da compreensão pública da ciência (para quê divulgar a ciência a toda a gente se eles querem a ciência só para eles?). Não percebem que a ciência é uma forma de cultura. A FCT parece estar refém de interesses que não são os da ciência nacional e internacional. Fechada em si própria, convencida da verdade, numa posição anti-científica de quem não quer saber da crítica, não ouve ninguém.

E a tudo isto assiste, impávido e sereno, como se não fosse nada com ele, o ministro da Educação e Ciência que, em tempos, valorizou tanto a história da ciência como a divulgação da ciência. Eu confesso que não percebo o que se passou, não percebo o que se passa. Por que não decide dar ele um rumo à FCT, um rumo em que os jovens bolseiros sejam respeitados e a cultura científica apoiada?

1 comentário:

José Lopes da Silva disse...

Deviam vender os quadros de Miró e canalizá-los imediatamente para a FCT e os bolseiros.

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