terça-feira, 9 de julho de 2013

Poesia Absorta




Dois poemas: o primeiro, do italiano Eugenio Montale, expondo todas as suas dúvidas e estranhezas sobre a origem do universo, não excluindo a mais inusitada, a humana; e o segundo, de Nuno Júdice, questionando o mistério dos ciclos perenes, em paralelo com o mutismo da mulher, que lhe enche o copo de acordo com a lei da gravidade.
Big Bang Ou Outra Coisa
Parece-me estranho que o universo
tenha nascido de uma explosão,
parece-me estranho que se trate afinal
do formigueiro de uma estagnação.
Ainda mais incrível que tenha saído
da varinha mágica
de um deus que tem caracteres
espantosamente antropomórficos.
Mas como se pode pensar que tal maquinação
esteja a cargo de quem seja vivente,
ladrão e assassino até que se queira mas
sempre inocente?
Em “Caderno De Quatro Anos”


POEMA 
Penso na repetição que
se verifica no movimento das marés
e das luas. Existem
ciclos, como círculos, que
são previsíveis e perfeitos. Mas,
apesar disso, têm
um mistério que nem os iniciados
resolvem. Por que terá tudo de ser
assim, desde a origem até ao
fim dos tempos? Não me respondes; nem
eu esperava que tivesses a resposta,
enquanto me enchias um copo,
de acordo com a lei da gravidade.
Em "Meditação sobre Ruínas"

4 comentários:

regina disse...

Gostei muito de ambos os poemas que não conhecia.
Obrigada pela partilha
Regina Gouveia

perhaps disse...

às vezes a poesia é a humana inquietação a empreender nos mistérios do mundo. Um olhar para fora.

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Poesia...poesia!

João de Castro Nunes disse...

Só me apetece dizer: c' um carago!UCN

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