sábado, 23 de fevereiro de 2013

Karl Popper

If I thought of a future, I dreamt of one day founding a school in which young people could learn without boredom, and would be stimulated to pose problems and discuss them; a school in which no unwanted answers to unasked questions would have to be listened to; in which one did not study for the sake of passing examinations.

19 comentários:

Anónimo disse...

Give me your minds, give me your guns
http://www.infowars.com/communist-propaganda-poster-comrades-turn-in-your-weapons/

fernando caria disse...

Parece-me evidente que muitos de nós desejam e anseiam por tal escola...
Todavia, assalta-me uma dúvida. Se todas as escolas fossem assim, seríamos todos cientistas e teríamos uma sociedade mais igualitária (nos direitos e obrigações) e seríamos mais felizes?
Estou em crer, que ainda assim, continuaria a haver corrupção, inveja, más decisões, crimes e muitas coisas mais que igualmente, não desejamos e portanto, talvez não fossemos mesmo mais felizes.

Ocorre-me um principio filosófico fundamental : 90% de tudo o que há é uma "merda"! Parece-me que teremos de descobrir uma forma eficaz de conviver com esta realidade, que me parece empiricamente muito comprovada.

Anónimo disse...

Discordo do senhor Caria. Eu acho que 90% do que existe é bom e 10% (nem tanto) é merda. A frase do senhor Popper integra-se nestes 10%.

Dúvida Metódica disse...

Desidério

Vamos supor que a essa escola, idealizada por Popper, era realizável: como deveria funcionar, em tua opinião, uma escola onde a maioria dos alunos aprendessem sem enfado e sem ser apenas para passar nos exames? Como deveriam ensinar os professores? O que deveriam ensinar os professores?

A mim parece-me que tal escola nunca existiu nem poderá existir. É uma utopia pensar que os alunos, em geral, tenham de se interessar genuinamente pelo conhecimento, sempre foi uma minoria a fazê-lo. Mas creio que se nós não dermos aos alunos ferramentas para aceder ao conhecimento básico (e por isso o ensino até a um certo nível tem de ser obrigatório) estaremos a pôr em causa a igualdade de oportunidades e a tirar a alguns (aos mais desfavorecidos) a possibilidade de ir mais além. Por isso, é que, a meu ver, têm de existir currículos obrigatórios e deve haver uma tentativa de uniformização dos processos de avaliação (Sara).

José Batista disse...

Se a Sara não se importar associo-me inteiramente ao comentário que, tão pertinente quanto simples e claramente, produziu.

Desidério Murcho disse...

A mentira histórica é essa: que se não obrigarmos as pessoas a aprender física, ninguém se interessa por física. Que isto é uma mentira histórica é evidente, pois ao longo de milénios nunca obrigámos as pessoas a aprender física, mas sempre houve quem se interessasse por física.

Não se obriga pessoa alguma a estudar teatro, pintura, natação ou ovnilogia; mas há actores e pintores, atletas e ovnilogistas mais do que alguma vez houve na história da humanidade.

A única razão para defender o sistema que temos é corporativo: sem este sistema, a maior parte dos professores teria de procurar outra profissão, pois o que têm para ensinar não interessa à maior parte das pessoas. O sistema que temos é uma forma de exploração: não apenas da riqueza das pessoas, que são obrigadas a financiar o que não lhes interessa nem as beneficia minimamente, como ainda por cima são obrigadas a aturar aulas intermináveis e aborrecidas sobre assuntos que irão esquecer depois de algumas semanas. É um pouco como se obrigássemos toda a gente a comprar sapatos de uma certa marca para dar emprego a quem faz esses sapatos.

Desidério Murcho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Desidério Murcho disse...

Assim, para responder à tua pergunta, Sara, à qual se juntou o José Batista, e talvez outros leitores, basta pensar no que acontece no ensino das tantas coisas importantes que ensinamos e aprendemos fora da escola única, oficial, burocratizada, estupidificada, inutilizada, mentirosa e incompetente.

E já agora, não foi na escola que Carlos Fiolhais, como tantas outras pessoas de valor, descobriu a sua paixão pela ciência. Com toda a distância que me separa dele, pois não tenho um currículo académico comparável, também no meu caso não foi na escola (nem na universidade, no meu caso) que descobri a paixão pela filosofia. E aposto que o mesmo diria Saramago, Eça, Fernando Pessoa, e, na verdade, qualquer pessoa que seja criativa e tenha paixão genuína pelo que faz. Na escola estão quase exclusivamente as pessoas que não têm paixão alguma seja pelo que for, e foram parar ao sistema por acaso. Depois, os professores de excelência, como sei que é o caso da Sara pelo trabalho que dela conheço, têm de lutar a vida toda contra os colegas, a burocracia, o Ministério da (des)Educação, a sociedade, os pais e os próprios estudantes.

Tenhamos coragem para fazer a única reforma escolar de que precisamos: acabemos com a escola única. Só assim teremos Escolas. Livres. Com paixão. Com verdade. Com competência.

José Batista disse...

Creio, caro Desidério, que não faltarão exemplos de pessoas realizadas e muito úteis à sociedade que foi na escola que se entusiasmaram pelo muito que viriam a aprender e pelas vias profissionais e/ou académicas que seguiram.

Agora, que a escola adoeceu e enlouqueceu até à criminalidade, sem aspas, a meu ver, é um facto inquestionável.

E numa coisa concordo inteiramente: qualquer ideia de escola única é, apenas e só, uma ideia totalitária, aberrante, abjecta e impraticável. Quem o demonstra? - a realidade.

A escola precisa de ser livre, verdadeira e competente. Se o não for... não é escola.
Mas a escola pública pode, e deve, ser livre, verdadeira e competente. E essa escola não é uma utopia. Além de que me parece ser a única escola possível para os (mais) pobres.

Outra coisa: ando na escola, como profissional, há cerca de trinta anos, e não, não acho que nela estão quase exclusivamente pessoas que não têm paixão alguma seja pelo que for. Julgo, ao invés, que há nela muitas pessoas que a tudo são sujeitas para lhes matar a paixão com que se dedicam à sua profissão. Isto sem esconder, nem camuflar as carradas de esterco, de base firme, que ninguém, dos que podem, parece interessado em varrer.

Anónimo disse...

Os meus pais tiveram a felicidade de travar conhecimento com a Pedagogia Waldorf de autoria de Rudolf Steiner e desde aí ficaram grandes adeptos dela. Do pouco que sei dela e vi também é milhões de vezes melhor do que nosso ensino oficial que é uma seca, digo por experiência própria. Na Pedagogia Waldorf nós ainda podemos ser nós mesmo e utilizar todo nosso potencial, já no ensino oficial a criança que faz muitas perguntas é rejeitada e logo a querem moldar de forma a ficar quieta e calada.
Um grupo de amigos de nossos pais, contaram na Rússia existe uma escola feita pelos alunos e alunas, toda ela de raiz!!! Pelas imagens que nos mostraram tudo parecia feliz e único.

Desidério Murcho disse...

A escola para os mais pobres não tem de ser pública; pode ser privada. E pode ser de grande qualidade. Veja-se a universidade dos pés descalços:

http://www.barefootcollege.org/

Na verdade, pôr nas mãos do estado a educação das pessoas mais desprotegidas é uma receita segura para o desastre, pois todo o idiota pensa que o mundo seria melhor se todos fossem iguais a ele, e os governos estão cheios de idiotas.

José Batista disse...

Caro Desidério

Percebo e aceito que estados como o nosso correspondem mais ou menos ao que descreve. Com imensa tristeza. Mas eu acredito num Estado diferente e melhor. Não vejo alternativa.

Escolas privadas para os mais pobres, ao nível do ensino primário e secundário, entre nós? Onde? Quando?...

Olhe, eu, que não tenho onde cair morto, gastei tudo o que podia para mandar os meus filhos para escolas privadas de línguas, de música e de artes marciais, consoante os gostos deles. Paguei com língua de palmo. Mas suponho que nunca gastei dinheiro mais bem gasto.
Quanto ao ensino "normal" frequentaram escolas "semi-particulares", como o Jardim Escola Joao de Deus, e, a seguir, a escola pública, num caso, e um colégio particular, servido (apenas) por professores do ensino público, no outro caso. Garanto-lhe que nunca, em circunstância alguma, movi qualquer influência, que aliás não tinha nem tenho, para os incluir em quaisquer turmas assim ou assado, o que levou a que, em certos anos, os grupos turma não fossem propriamente fáceis de ensinar e de aturar. Pois lhe digo, de um modo quase quase geral, os meus filhos foram muito bem ensinados, e ainda hoje visitam as escolas que frequentaram para encontrarem professores que foram deles.
Professores que, na maior parte, não conheço, mas a quem guardo a mais profunda gratidão.

Professores que foram uns "mestres". E que muito dignificaram a "escola pública".

Desidério Murcho disse...

As escolas com mestres é precisamente o que nunca, jamais devemos ter. Porque em vez de formarem pessoas autónomas, formam discípulos dos mestres, incapazes de pensar por si próprios, e que de cada vez que precisam de pensar algo têm de pedir licença aos mestres.

As escolas públicas boas são as dos centros das cidades, porque é nos centros das cidades que vivem os ricos ou os descendentes dos ricos. Para quem vive nos subúrbios, ir para uma escola dessas é mais difícil do que ir para uma escola privada.

O estado português pode e deve ser melhor. Mas o círculo é vicioso. Sem melhor ensino, não teremos melhores elites e sem melhores elites não teremos melhores políticos, e sem melhores políticos não teremos melhor estado. A melhor maneira de melhorar o estado é acabar-lhe com o poder que tem sobre o pensamento dos jovens, fazendo-os todos iguais e a adorar mestres sebenteiros.

José Batista disse...

Caro Desidério

O meu e o seu conceito de "mestre" não são coincidentes. Para mim, além do meu pai foram mestres um dos meus avôs, alguns professores que me marcaram (ainda há dias tive o "desplante" de chamar "mestre" ao Professor Galopim de Carvalho...) e umas quantas pessoas que tive o privilégio de conhecer. A eles me sinto eternamente devedor pelo estímulo que me deram para desenvolver a capacidade de pensar, seja pelo ensino, seja pelo exemplo, seja pelo encorajamento.
Mas respeito o seu desagrado pelo conceito que faz da palavra...

E depois há a realidade das escolas, que conheço de cada dia, de todos os dias. Não, caro Desidério, o estado não faz os jovens todos iguais, nem tem qualquer poder sobre o pensamento dos jovens. O estado é um paquiderme obscenamente parasita, para quem os alunos não contam nada. O que o estado quer é o dinheiro dos pais deles. E é tão estúpido e tão ineficiente que eu nem o julgo capaz da perfídia de intencionalmente querer fazer os jovens ignorantes e estúpidos. Eles apenas ficam ignorantes e estúpidos porque os pais deles e o conjunto da sociedade, onde nos inserimos quase todos, é estúpido e mesquinho e interesseiro e batoteiro. Ou seja o estado somos nós. E os meninos, que não são nenhuns anjos (e ainda bem), pagam(-nos) na mesma moeda. Agora adorarem sebentas e respectivos mestres, quando foi isso? Sebento está o estado, e mais os que dele se servem.
Ou não será assim?

Ora, eu penso que uma boa escola pública pode minimizar este estado de coisas. É, aliás, essa a sua função. Pena que a formatem para que não a possa cumprir... Agora, nada de ilusões, entreguem o mundo à vontade dos meninos e nem precisam de ler o "Deus das Moscas", nem perdem por não o fazer...

José Batista disse...

Este texto não me saiu escorreito: ali, onde escrevi ..."porque os pais deles e o conjunto da sociedade, onde nos inserimos quase todos, é estúpido e mesquinho e interesseiro e batoteiro" devia ter escrito qualquer coisa como: ..."porque, tal como pais deles, o conjunto da sociedade, onde nos inserimos quase todos, funciona de modo estúpido e mesquinho e interesseiro e batoteiro"...

A Desidério, e a outros eventuais leitores, as minhas desculpas.

José Batista disse...

Bolas, aquela corrigenda era para ter ficado assim:

«Este texto não me saiu escorreito: ali, onde escrevi ..."porque os pais deles e o conjunto da sociedade, onde nos inserimos quase todos, é estúpido e mesquinho e interesseiro e batoteiro" devia ter escrito qualquer coisa como: ..."porque, tal como os pais deles, o conjunto da sociedade, onde nos inserimos quase todos, funciona de modo estúpido e mesquinho e interesseiro e batoteiro"...

A Desidério, e a outros eventuais leitores, as minhas desculpas.»

Esperando não ter acrescentado outras calinadas. De qualquer modo não volto a esta caixa, para não me irritar (mais) comigo. Apre!

Anónimo disse...

E aqui o que começa a ser cada vez mais habitual nas escolas russas desde o século passado, crianças que vão para a escola aos 10 anos, aprendem 11 anos de escola em 1 ano apenas e a seguir dão eles aulas na Universidade (foi o que entendi...), matemática, física aprendem isso com uma perna às costas, ou até as 2 pernas, pois chegam a aprender matemática de 11 anos em apenas 10 dias!
2+2=? (nunca será o 4).

Crianças que ensinam os bem mais velhos nas ciências, que falam com as árvores e plantas. E muito mais....

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=dpHB8kH3yVg

MS disse...

Uma escola dessas também eu queria...Será que ainda vai demorar muitos séculos para se ter uma escola dessas a sério ou vamos continuar no sistema sem pés nem cabeça do "ensino" oficial da cepa torta?
Quem souber responda.

Nan disse...

Para isso, teremos que, primeiro, mudar a sociedade toda. E não seja tão drástico: nem toda a escola é «burocratizada, estupidificada, inutilizada, mentirosa e incompetente». Aliás, comprada com o que vai fora dela, a escola é talvez ainda dos sítios menos burocratizados, estupidificados, inutilizados, mentirosos e incompetentes, embora se tenha trabalhado bastante para a reduzir a isso...

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