sexta-feira, 23 de março de 2012

O SEGREDO DOS STRADIVARIUS





Minha crónica no semanário "Sol" de hoje (nno vídeo Eric Grossman toca Bach num Stradivarius):


O violino mais caro do mundo é um Stradivarius, que foi leiloado em Junho passado para ajudar as vítimas do grande tsunami do Japão ocorrido há um ano. O instrumento, conhecido por Lady Blunt, por ter pertencido a Anne Blunt, uma neta de Lord Byron, foi arrematado pela espantosa quantia de 11,2 milhões de euros. Os Stradivarius, do nome do seu construtor, o italiano Antonio Stradivari (1644-1737), com oficina em Cremona, no norte de Itália, são hoje violinos lendários. Só Giuseppe Guarneri, contemporâneo e conterrâneo de Stradivari, fabricou instrumentos assim tão caros. Porque são tão preciosos esses instrumentos? Que “não sei quê” os faz tão especiais? Não se tratará apenas da sua raridade (há apenas 600 Stradivarius em todo o mundo), mas sobretudo da magnífica qualidade do seu som. Nas mãos dos melhores intérpretes eles produzirão melodias que, segundo os entendidos, são incomparáveis.

Mas serão? De facto, podem-se comparar, e da comparação efectuada concluiu-se que, afinal, a superioridade dos Stradivarius pode ser um mito. O segredo dos Stradivarius parece inexistir. Um estudo publicado há pouco nos Proceedings of the National Academy of Sciences, cujo primeiro autor é Claudia Fritz, cientista francesa da Universidade Pierre e Marie Curie de Paris, revelou, que, ao contrário do que se esperava, excelentes músicos são incapazes de identificar instrumentos antigos no meio de instrumentos modernos. Num quarto escuro de um hotel, foi dado a músicos virtuosos que participavam no Concurso Internacional de Indianapolis, nos Estados Unidos, dois violinos, um moderno e outro antigo, muito mais caro, pedindo-lhes para tocar e dizer qual preferiam. Preferiram, em geral, o violino moderno. Numa segunda parte da experiência os investigadores pediram aos músicos para indicar o melhor instrumento num grupo de seis, dando-lhes vinte minutos para ensaios. Só oito dos 21 músicos participantes seleccionaram um violino antigo, apesar de haver dois Stradivarius e um Guarnerius. Esta experiência faz lembrar uma prova de vinhos, às cegas, na qual os provadores não conseguiram distinguir um vinho caro de um vinho barato...

Ficaram em causa algumas teorias sobre os instrumentos de cordas, pois havia quem dissesse que o que distingue os Stradivarius é o tipo da madeira, enquanto outros defendiam que é o seu tratamento e outros ainda os vernizes utilizados na cobertura. O debate continua pois são precisas mais experiências. Por exemplo, Earl Carlyss, violinista do famoso quarteto de cordas Juillard, não ficou impressionado com os testes de acústica. Respondeu que testar violinos num quarto de hotel numa experiência de olhos fechados era como escolher entre um Ford e um Ferrari sem sair do parque de estacionamento.

12 comentários:

Zurk disse...

O mesmo se passa com as aparelhagens audiófilas e principalmente os cabos que chegam a custar dezenas de milhares de euros por metro e que, em teste cego, duvido que sejam claramente distinguíveis.

Mudando de assunto, não comenta a descoberta anunciada esta semana da particula mais leve, E38, feita aí na sua Universidade. Parece algo de grande relevância e gostava de perceber algo mais sobre o assunto.

Cláudia S. Tomazi disse...

O arco vibra nas cordas do violino, o galope alado.

Anónimo disse...

STRADIVARIUS


Quando componho as minhas poesias
de tom, de forma e conteúdo exactas,
é como se escrevesse sinfonias
ou textos destinados... a sonatas.

Sem termos empregar extraordinários,
em linguagem simples e banal,
tomo por base o som dos stradivárius
de inconfundível timbre musical.

Conforme o tema, assim também varia
o respectivo trato, reservando
para o amor... a máxima harmonia.

De todos os poemas que escrevi
foi nesses que, compostos para ti,
me fui de verso em verso superando!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Anónimo disse...

Caro Anónimo
A presumível descoberta dessa partícula é encarada com cepticismo pelos responsáveis da experiência COMPASS,de onde foram retirados os resultados que apoiariam a referida descoberta.

A Rocha International disse...

Penso que eu seria capaz de escolher entre um Ford de um Ferrari, mesmo sem sair do parque de estacionamento, e como eu, a maioria das pessoas. Nem preciso ser piloto profissional: o manejo do carro, a aceleração e travagem, a segurança, os assentos, o próprio som do motor me diriam qual dos automóveis seria o melhor. Assim, a metáfora apresentada pelo opositor deste teste grosseiro acaba por reforçar a validade do mesmo! Quão irónico.

Agora, num teste os objetivos são importantes. Se me pedirem para dizer qual quero conduzir no meu dia-a-dia, Ford ou Ferrari, eu prefiro claramente o Ford. Pode ser menos potente, mas é mais económico nos consumos e manutenções. Pode até ser mais fácil de conduzir devido à sua potência inferior. Tocar dois instrumentos e dizer "qual preferiam" pode tornar o teste demasiado subjetivo, já que a resposta pode refletir coisas diferentes. Será que um violino moderno tem um som comparável mas é mais fácil de tocar, e por isso é preferido pelos violinistas?

Inclino-me no entanto para que o preço de um Stradivarius não corresponda ao seu valor, mas seja empolado por questões de status e especulação financeira. Um objeto musical transformado em objeto de desejo, ou em "bolha inflacionária". Não vale 11 milhões de euros.

Sarau do Samba disse...

Só quem não tem ciência da complexidade que é a música dá crédito a este tipo de pesquisa rasa.
É muito provável que um instrumentista moderno tenha mais vivência com instrumentos modernos. E aquilo que você esta mais habituado a manipular vai gerar sempre maior simpatia. Uma pesquisa dessa só teria uma razão de ser se cada um dos instrumentista utilizassem por um bom tempo, cada um dos instrumentos avaliados, podendo assim explorar o máximo que cada um pode oferecer. Precisaria ser considerado fatores como projeção e feedback. O que o músico executante ouve é diferente em relação ao que o espectador a uma certa distância ouve.

Alguns instrumentos responde melhor ao feedback outros a projeção...

O local também tem influencia decisiva. Tocar num quarto escuro de hotel é totalmente diferente do que tocar numa sala de concerto.

Enfim essa pesquisa não prova nada. Alias o método científico utilizado
é coisa de estudante de segunda grau, não de universidade conceituada.

Anónimo disse...

peço desculpa por esta intromissão mas não tenho de momento alternativa para obter um comentário a este texto:

Lem­bro as teo­rias da Rela­ti­vi­dade — ener­gia e massa como seme­lhan­tes na essên­cia, espaço e tempo inter­li­ga­dos. Apelo à Mecâ­nica Quân­tica – a maté­ria é em simul­tâ­neo onda e par­tí­cula. Os ele­trões e outras par­tí­cu­las suba­tó­mi­cas dan­çando em har­mo­nia com os átomos, estes com os ajun­ta­men­tos que cons­troem (as molé­cu­las) e com os pla­ne­tas que pul­sam ao ritmo do sol e, com ele, do cosmos.

Está cientificamente correcto?
Muito obrigado
*Bom Ano 2013*

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Nota




Abríga-nos oh' livre tempestade,
o breve risco escrevestes ao céu
a pureza é tesouro de saudade,
projectada a quem úctil, escarcéu?!

Que vil mansarda era d'este levante,
da sombra aterrizas feito corcel,
na insolente esfera de gigante,
feriste a fogo, a água o teu mel.

Acalma-te! Invista na invicta,
rutilante a tolerância é recta
e teu manho, presente a imensidão,

é ciência per disposta na canção,
o verniz do tempo é alento nem ré,
impávida e magnânima, luz de vossa fé.

Anónimo disse...

A frase de Earl Carlyss não passa de uma hipérbole para dizer que o teste cego não serve para comparar os violinos antigos aos modernos, para os comparar seriam necessários testes mais sérios e especializados. Quanto aos Stradivarius valerem ou não o valor a que estão cotados, é como em tudo na vida "É tudo relativo", para uns, o Ferrari pode valer uma fortuna devido à forma e aos cavalos que tem; para outros uma carroça de feno para alimentar os cavalos que tem, na estrebaria, vale cem vezes mais. É por isto que a vida faz sentido. Há um ditado popular que define tudo isto, "Se todos tivéssemos os mesmos gostos, o que haveria de ser do amarelo"!

Anónimo disse...

O ignorante discute, o letrado fala, o sabio escuta.

Anónimo disse...

O Violino Stradivarius é o melhor e mais caro devido a madeira da qual é feito . Esta madeira foi considerada a melhor do mundo em sua época , por esta razão Adolf Hitler mandou queimar o único bosque com esta madeira , por colocar em risco a superioridade da raça ariana. Sendo que não existe mais o material do qual este violino foi feito.

Anónimo disse...

O violino Stradivarius é o melhor e mais caro devido a madeira da qual é feito.Sendo considerada a melhor madeira do mundo em sua época Adolf Hitler mandou queimar o único bosque dela na Alemanha por colocar em risco a superioridade da raça ariana. Portanto o violino Stradivarius é feito de um material que não existe mais .

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