domingo, 18 de setembro de 2011

JÁ CHEGÁMOS À GRÉCIA


O desfalque nas contas públicas Madeira de João Jardim que acaba de ser revelado é um caso de polícia que, se não for rapidamente resolvido e exemplarmente punido, mostrará que afinal não há mesmo nenhuma diferença entre Portugal e a Grécia. Ou se há, é para pior aqui, pois a ilha de Creta não tem a irresponsável autonomia de que goza a Madeira. Nem nenhuma das outras numerosas ilhas gregas.

O culpado tem um rosto, pois disse logo que era ele e, parece que com muito orgulho (alegou, pasme-se, em linguagem criminal, ter actuado em "legítima defesa"). Mas são cúmplices todos aqueles que sabiam e não disseram nada, muitos companheiros do mesmo partido de João Jardim, e aqueles que fazem agora grande alarido mas que estiveram no governo da nação sem terem tido a capacidade de ver algo que tinham obrigação de ver.

Ilibo o actual ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira. Ele analisou com argúcia os irresponsáveis gastos de João Jardim no seu livro "Os Mitos da Economia Portuguesa" (Guerra e Paz, 2007) e perguntou: "Porque é que João Jardim é João Jardim?" Respondeu: ele joga o "trunfo independentista". E destrunfou, embora sem tomar partido por essa opção: "Se a Madeira quiser, um dia poderá tornar-se independente".

Há eleições em breve na Madeira, se João Jardim voltar a ganhar e se, não actuando entretanto ou pouco depois a polícia, o país todo tiver de lhe continuar a pagar os desmandos em vez de ser ele a pagar pelos seus crimes económicos será caso para considerar seriamente essa até agora remota possibilidade.

12 comentários:

Anónimo disse...

Acho que devemos tratar a Madeira como a Alemanha nos trata a nós: se não és capaz de te controlar, nós não pagamos.

Anónimo disse...

Mas ele independência mesmo não deve querer. Quem é que lhe pagava os desmandos? Ele quer é este circo, agitando esse fantoche da independência. Anda sempre na crista da onda e leva a melhor, porque todos se acobardam perante o figurão. Pode lá ser tamanha palhaçada...

José Batista da Ascenção disse...

Escrito não original:

(...) se isto é publicável (à atenção dos administradores), exijo a independência da Madeira.
E ao povo da Madeira suplico: livrem-se de nós, governem-se sem nós, e com Alberto João Jardim, se gostam dele.
Esclarecendo, porém, que gosto muito muito da Madeira (que, em termos sentimentais é e será sempre portuguesíssima) e de vários madeirenses com quem tive e tenho o gosto e o privilégio de conviver.

Anónimo disse...

Ao não identificado autor deste post (e não me venham dizer que é a equipa do De Rerum Natura) digo:

Certamente não posso concordar com a falta de controlo nas finanças regionais. Agora, bater forte e feio na Madeira só porque estão à porta eleições é safadeza. Buraco escondido? Os orçamentos regionais são publicados todos os anos no Diário da República, as obras estão à vista (escolas, estradas, centros de saúde em todas as freguesias, serviço de urgência em todos os concelhos, ...). O que é que têm feito as entidades fiscalizadoras, nomeadamente o Banco de Portugal? Ah, já me esquecia... o BdP é cego, surdo e mudo.

Se o estado central em vez de ter intervido no BPN (só para ajudar uns quantos amigos), tivesse intervido na Madeira, hoje seria diferente, e bem mais barato. É que o problema orçamental da Madeira já não é de hoje. Lembram-se quanto foi qeueimado no BPN?
E o Euro 2004, o CCB, A ponte Vasco da Gama, a CP, a TAP, ..., quem vai tapar esses buracos? Ou devo dizer burações?

Era bom que esquecessem o ódio que sentem pelo AJJ (que não é melhor nem pior que os que existem no Continente) e se preocupassem em dar soluções para resolver o problema. Por mim gosto da democracia, mas se for preciso uma mão de ferro para por este país na linha, então que venha.

Emanuel Mendonça

Anónimo disse...

Relativamente ao meu comentário anterior, tenho de me redimir: agora reparo que o autor do post foi o Dr. Carlos Fiolhais. As minhas desculpas pela falta de atenção.

Emanuel Mendonça

Anónimo disse...

Além de dever dar mais atenção ao autor do post deveria também aprender a conjugar o verbo intervir.
E claro que é safadeza bater no Alberto João, acho preferível bater na Merkel (com o vocabulário dele). Se o Passos Coelho lhe chamasse uns nomes a ela, estaríamos muito melhor e, por tabela, até a Grécia beneficiava. E claro que bater no Alberto em tempo de eleições é mau: é preferível bater-lhe em épocas que tornem os batimentos inócuos. Você é um cómico, Emanuel, mesmo mais cómico que o Alberto.

Rui Baptista disse...

Caro Emanuel Mendonça: Só o dignifica o pedido de desculpas ao Professor Carlos Fiolhais. Um engano qualquer pessoa tem, aliás errar é humano.

Para além disso, tenho o post referenciado como corajoso e sem papas na língua. Quando nos dói o estômago fazemos uma radiografia (ou exames mais sofisticados, se necessários) a esse órgão e não ao corpo todo. Todos os buracos orçamentais que levanta no seu comentário são pertinentes, como justo é a não atribuição de culpas ao povo madeirense.

Mas o mais doloroso disto tudo é o facto de sermos todos nós, os da nossa geração, os nossos filhos e os nossos netos, a pagar o carnaval madeirense que dura o ano inteiro e sempre com o mesmo Rei Momo.

Transcrevo a parte final do seu comentário: “Por mim gosto da democracia, mas se for preciso uma mão de ferro para pôr este país na linha, então que venha”. Embora o povo diga que isto nem com dois Salazares (que nasceu, viveu e morreu pobre) lá ia, o certo é que, a exemplo do final da 1.ª República, o desejo de uma democracia musculada que sirva o povo, e acabe com os desmandos dos políticos, existe.

O povo não vive da política, vive a suspirar por pão para a boca dos filhos, "et pour cause", e de quem possa pôr as finanças públicas em ordem sem lhe irem muito ao bolso das calças rotas.

Anónimo disse...

"como justo é a não atribuição de culpas ao povo madeirense." Não é politicamente correcto atribuir culpas a um povo inteiro. Mas pergunto: quem elege sucessivamente o Alberto João?

Antónia Santos

Agostinho disse...

O nosso país é de facto uma grande anedota.
Acabe-se com a palhaçada!
É tão palhaço o AJJ como os que se riem das suas façanhas e também são palhaços aqueles que depois de insultados lá vão bajulá-lo com sorrisos, cumprimentos e abraços.
Com gente desta não vamos lá.
O povo é de facto muito pacífico mas será que continuará a ser assim para sempre?

AJ

Rui Baptista disse...

Prezada Antónia: "Mutatis mutandi", acha que deve ser responsabilizado o povo português por eleger os políticos que tem elegido ou não (por desejar viver em democracia que, segundo Churchill (cito de memória), é a pior forma de governo, mas ainda não se descobriu outra melhor, e que nos fizeram chegar à desgraça a que chegámos?

Aliás, a palavra democracia tem as costas largas: até serviu para denominar a antiga Alemanha de Leste de República Democrática Alemã (a tal que construiu o Muro de Berlim para evitar que os alemães da Alemanha Federal emigrassem para o” paraíso em vida”…)!

Anónimo disse...

Para o anónimo das 16:09 (porque esconde o nome?) digo: tem toda a razão. Conjugar o verbo intervir é mesmo o cerne da questão. Não me lembro de o ter insultado, mas lá saberá.

Os madeirenses têm elegido sucessivamente AJJ. E quem foi que elegeu sucessivamente Avelino Ferreira Torres, Valentim Loureiro e outros que por aí andam? E já agora, quem elegeu Fátima Felgueiras, mesmo depois de julgada e condenada? Se se pretende insinuar uma inferior capacidade de discernimento, é melhor usar outro exemplo.

Emanuel Mendonça

Mónica disse...

O AJJ é como a licenciatura do Sócrates e tantos outros fenómenos (paz à Grécia!), todos sabem falam e criticam mas fica tudo na mesma e inconsequente. a minha aposta é que nada vai acontecer ao AJJ :-D é tudo um castelo de cartas e ai de quem deitar abaixo a primeira.

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