terça-feira, 20 de julho de 2010

De volta às escolas pequenas

Sobre a dimensão das escolas, vale a pena ler o artigo de Clara Viana publicado no jornal Público de ontem, dia 19 de Julho, onde se refere que, nesta matéria, Portugal tomou recentemente as decisões contrárias àquelas que os Estados Unidos e Inglaterra estão a tomar e que países como a Finlância já haviam tomado.

Enquanto em Portugal se fecham a eito as escolas pequenas, independentemente de funcionarem mal ou bem e sem se dar qualquer atenção ao conhecimento disponível sobre a cultura organizacional; outros países, apostados em melhorar os níveis de aprendizagem e de comportamento ou de manter os que conseguiram, socorrem-se de estudos credíveis que evidenciam o erro que é constituirem-se mega-agrupamentos, independentemente dos recursos tecnológicos ou outros que neles existam.

5 comentários:

António Daniel disse...

Desde a altura em David Justino comandava as operações, sempre ouvi falar do argumento da socialização para justificar as mega-escolas. Nessa altura ninguém protestou das certezas «pidescas» da Sociologia, como se a socialização se compadecesse com 600 crianças a correr e um lado para o outro (a minha filha frequenta uma escola destas). Agora as razões encontradas são outras: escola do século vinte e um. É daquelas explicações provincianas, pretendendo atribuir um certo grau de superioridade às decisões face à ignorância que prolifera no mundo. Para terminar está o prazer sexual das inaugurações, em que o símbolo fálico está presente e é directamente proporcional à grandeza da obra.

Anónimo disse...

No fim de contas, contas feitas pelos super gestores, porque isto tudo é uma questão de despesa, esses senhores só olham à despesa imediata e não à despesa a longo prazo.

Dizia eu, no fim de contas, ter mega agrupamentos com centenas de crianças acaba por dar prejuizo a todos, despesas de transporte que acabam no final por sair mais caro que ter uma ou duas professoras e um continuo na escola da aldeia próxima, mega escolas onde vão faltar professores e auxiliares porque não os vão contratar, aumento da despesa com almoços quando antes muitas das crianças poderiam almoçar com a família, aumento das turmas, da insegurança e indisciplina, baixa do rendimento escolar por desatenção e cansaço das crianças, no fim de contas pior ensino.

Porque não fazem ao contrário? enviarem as crianças para as escolas periféricas? aproveitando-se as estruturas construídas à décadas, muitas delas do tempo do estado novo ao invés de criar mais e mais betão, poluição e transito nas grandes cidades?

Porque não mini agrupamentos em vez de mega agrupamentos?

Anónimo disse...

Existem inúmeros estudos empíricos sobre a questão da dimensão do número de alunos e do impacto que exerce no comportamento, desenvolvimento e aprendizagem dos alunos, embora não conheça nenhum realizado em Portugal sobre esta matéria. Esta postura de desprezar a investigação educacional e, neste caso, o mero bom senso, é típica da postura do Ministério da Educação que, sistematicamente se coloca ao serviço da ideologia, neste caso de inspiração económica, ao invés de procurar fundamentar cientificamente as suas opções.

PJ

Carlos Pires disse...

Talvez a questão não se deva colocar de forma dicotómica.
Talvez haja regiões menos povoadas onde faça sentido agrupar, mesmo que isso implique uma deslocação maior para os alunos, pois a alternativa seria escolas com um número muito reduzido de alunos. Mas, muito provavelmente, em regiões mais povoadas talvez não faça sentido agrupar escolas ou criar escolas enormes. Talvez, provavelmente...

Mas, em termos pedagógicos, qual é o número mínimo de alunos? E o número máximo? Qual é o número ideal de alunos para uma educação bem sucedida? O tipo de cursos e a idade dos alunos terão influência na determinação desses números?
Gostaria de conhecer estudos sobre isso. Infelizmente, a maior parte das opiniões que se têm escutado - incluindo do governo - parece basear-se apenas em palpites pessoais.

Anónimo disse...

Sem qualquer sarcasmo, permitam-me uma pergunta (por ignorância, certamente):

"Mega-agrupamentos" significa "mega-escolas"? Ou trata-se de agrupar um maior número de escolas com uma coordenação (e gestão?) única?

Se a resposta à minha primeira questão for negativa e à segunda, positiva, parece-me que quer o post, quer os comentários centraram-se num objecto não contemplado nesta medida deste triste "nosso" Governo. Estou a referir-me à criação dos mega-agrupamentos e não ao lamentável fecho das escolas com menos de 20 alunos.

E já agora uma sugestão ao Governo: Façam mais auto-estradas; construam um hospital em Lisboa com 250 000 camas; construam uma escola básica+secundária para 300 000 alunos e depois - ou antes, como é usual nos nosso políticos actuais - encerrem todos os Centros de Saúde da província e todas as Escolas, porque facilmente de qualquer ponto do país se chegará a Lisboa.



De qualquer modo, um agradecimento especial pelos posts da Helena Damião.

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