terça-feira, 27 de abril de 2010

GRANDES ERROS: PAULI E JUNG


Que um diploma em Física não é uma garantia contra grandes erros é mostrado pelo caso do físico austríaco Wolfgang Pauli, um dos pioneiros da teoria quântica que é conhecido como o autor do princípio de Pauli sobre a ocupação de níveis de energia por partículas e também da ideia de neutrino. Ora acontece que Pauli consultou, em Zurique, numa dada fase da sua vida o famoso psicanalista suíço Carl Jung. Ele próprio explica porquê:

"[Contactei] o Sr. Jung por causa de certos fenómenos neuróticos que se relacionam com o facto de ser mais fácil para mim obter sucesso académico do que sucesso com mulheres. Uma vez que com o Sr. Jung sucedia exactamente o contrário, pareceu-me que era o homem mais indicado para me tratar medicamente."

Não só os dois ficaram amigos como Pauli depressa se tornou um estudioso das estranhas teorias psicológicas de Jung. Durante essa aproximação, Pauli tornou-se obcecado com o poder explicativo de certos números, como o 137 que descrevia a chamada "constante de estrutura fina", uma constante da física para a qual ele encontrou significados cabalísticos. Por seu lado, Jung queria obter de Pauli uma explicação física, quiçá quântica, para as suas delirantes teorias.

O seu trabalho conjunto conduziu, pegando na expressão de Jung, na exploração da "terra de ninguém entre a Física e a Psicologia do Inconsciente... o mais fascinante e o terreno mais escuro dos nossos tempos".

Tudo isto e muito mais está contado no livro "Deciphering the Cosmic Number. The strange friendship of Wolfgang Pauli and Carl Jung", do historiador de ciência inglês Arthur Miller (sem nenhuma relação com o escriror americano que foi casado com Marilyn Monroe), Norton, 2009.

19 comentários:

Leonardo disse...

O "cosmic number" é o 137? Sua soma é igual a 11, um número que na numerologia védica não se soma, e muito especial. Fiquei interessado em saber mais sobre este "constante de estrutura fina"...

Anónimo disse...

Caro professor,

Vejo que gosta de apontar os Grandes Erros.

Mas gostaria de o ouvir pronunciar-se sobre o comentário que lhe fiz ontem ao post da Oprah.

Porque apontar o dedo é feio a não ser que o apontemos com justiça..

O que escrevi foi o seguinte:

Também tinha as minhas dúvidas em relação à acupunctura.

Contudo peço que atente ao seguinte:
http://apps.who.int/medicinedocs/en/d/Js4926e/

Isto é da OMS! Não será esta uma organização credível em termos de saúde?

Veja por exemplo o ponto 3. Diseases and disorders that can be treated with acupuncture.

Cumprimentos,
João Filipe

Anónimo disse...

ah essa pseudo ciência chamada psicologia..

Luís Silva disse...

O único grande erro que se encontra aqui à vista é o facto de o Carlos Fiolhais chamar de "diplomado" a um Prémio Nobel da Física. E chama-lhe diplomado apenas porque Pauli procurou uma relação que o Fiolhais entende não ter nada haver com a Física. Um tipo de relação que encontramos em, por exemplo, Kepler, Newton, Galileu, Dirac, entre outros grandes físicos. No fundo, o grande erro é o diplomado Carlos Fiolhais querer ser juiz numa causa que desconhece e acabar por encarnar, em todos os seus males, as teses de Kuhn. Dantas ontem, Fiolhais hoje.

Ana disse...

E pensava eu que aqui, no seio do conhecimento e dos académicos, não haveria trolling...

Anónimo disse...

Epá,

(i) a constante de estrutura fina não é uma constante;
(ii) vale aproximadamente 1/137 "vista de longe", mas aumenta "vista de mais perto".


Não fazia ideia que um físico tão bom se pudesse enamorar por teorias intelectualmente anémicas.

Ribas disse...

O Pauli nunca deve ter sabido sequer o que era a renormalizacao (foi "inventada" depois de morrer) como tal o comentario do anterior anonimo e um bocado parvo.

Anónimo disse...

Ribas, eu posso ser parvo mas tu és idiota. Ao contrário de ti, explico porque razão és idiota, e até explico por pontos, assim como quem dá de comer a meninos:

1) Porque intuíste, MAL, que as asserações acerca da constante de estrutura fina não ser uma constante se reportavam a um handicap intelectual do Pauli;

2) Porque é espantoso, pelo menos modernamente, que um físico não saiba que, exceptuando quantidades puramente abstractas (relacionadas com princípios de simetria), não há quantidades exactas. Nunca na cabeça de um experimentalista o aproximadamente 1/137 podia ser sequer sonhado como um exacto 1/137;

3) Com numerologia, qualquer aproximadamente se pode transformar num número racional. Se os numerólogos pegarem numa tabela do PDG, de certeza que conseguem construir um sistema intrincado que se baseie apenas em contas elementares e que permite construir relações entre as várias constantes, em especial se mandarem fora o erro experimental e aproximarem tudo a racionais.


Quanto às regras dos comentários. Eu creio que a regra 1) se pode perfeitamente dispensar, agora se olharmos para a regra 2), não percebo como é que o comentário do amiguinho Ribas pôde ser aprovado. Bocas rudes e ofensivas ainda vai, agora o pendantismo ofensivo devia ser tomado no próprio rabinho.

Anónimo disse...

Ah ah ah: o Luis Silva tem TODA a razão. Este texto é patético.
Pauli, "diplomado em Física": É fantástico!
Proponho outras: "Mourinho, um rapaz que gosta de futebol", "Picasso, um espanhol com jeito para o desenho", "Leonardo da Vinci, um moço cheio de ideias"....

Ana disse...

Se Pauli não era diplomado em Física, era o quê?... Estão mesmo a gastar o teclado do computador só para discutir semântica?...

Ana disse...

Diplomado: adj. e s.m. Que ou quem tem diploma.

Luís Silva disse...

Vani: Vou explicar devagarinho. O Pauli foi prémio Nobel da Física e um dos maiores nomes da Física do século XX. Logo, embora seja um diplomado em Física, não é um diplomado qualquer. Não se trata de um diplomado ao nível académico do Carlos Fiolhais. É mais, do ponto vista académico e científico, que o Fiolhais e este apresenta-se a si mesmo como Físico e não como diplomado em Física. Percebe agora como é velhaca a referência do Fiolhais?

Ribas disse...

Em resposta ao sofista anónimo de 27 DE ABRIL DE 2010 23:24

1) Portanto dizer que alguém se enamora por "teorias intelectualmente anémicas" não implica insinuar um "handicap intelectual" sobre essa pessoa? Não. Implica mesmo isso. Eu não intui mal, tu é que estas a aldrabar.

2) "exceptuando quantidades puramente abstractas (relacionadas com princípios de simetria), não há quantidades exactas." Isto é tão parvo que eu como não tenho paciência para dar a papinha a meninos (ou meninas) nem vou dignar com uma refutação. Por aqui se vê o que percebes de Física.

3) Sem conteúdo.

Resumo:

* \alpha^{-1} é aproximadamente igual a 137.

* Depende da escala de energia mas isto implica renormalização e o Pauli não poderia conhecer isto a não ser que a tivesse inventado.

* O anónimo realmente disse que esta atitude do Pauli não o abonava intelectualmente.

Ana disse...

Luís Silva, infelizmente quem precisa de explicações "devagarinhas" não sou eu. E cada um vê o que quer ver.
Quando quiser trocar ideias de forma aberta, cordial, assertiva e saudável, estou ao dispôr. De outra forma, a meu ver não será mais do que mais um pseudo-intelectual.

Antonio Villeroy disse...

sobre o número 137 que descrevia a chamada "constante de estrutura fina", há de fato muitos significados cabalísticos para esse número.

segundo a teosofia
Deus é uno em essência, trino em manifestação e sétuplo em evolução.

Uno em essência, ainda em potência, vontade. O verbo presente antes do começo do mundo, a estrutura primordial antes do big bang.

Trino em manifestação: tudo o que se manifesta o faz através de duas forças opostas e uma terceira equilibrante, como na estrutura do átomo, nas três cores básicas, cuja soma de duas gera uma terceira complementar (ex. o vermelho e o amarelo geram o laranja, complementar ao azul. Se uma pessoa olha um certo tempo para uma superfície laranja e logo depois para o branco, enchergará por segundos uma mancha azul nesse lugar).
Nas religiões encontramos as trindades: Brahma, Vishnu e Shiva, Pai Filho e Espírito Santo, etc

Sétuplo em evolução> são inúmras as ocorrências do número sete: segundo a teosofia o homem possui sete corpos, sete vestes: vital, física, emocional e mental, que formam um quadrado sobre o qual repousa um triângulo formado pelo emocional superior, mental abstrato e espiritual. A evolução se dá à medida em que desenvolvemos os corpos superiores (pertencentes ao triângulo).

Sete são as notas musicais e os dias da semana.
São coisas para se pensar, meditar sem pre-conceito.

Pauli, um dos maiores gênios do sec XX, desenvolveu um trabalho essencial para a física quântica e em consequência para a expansão da consciiencia, rumo ao mental abstrato (pois sem ele não se é possível lidar com os modelos da nova física). O fato de preocupar-se com a conquista de mulheres não depõe contra sua seriedade e seu rigor científico.

E é natural sua colaboração com Jung, cujas teorias de inconsciente coletivo e de libido como expressão de toda energia psíquica e impulso vital e não somente de impulso sexual, são um passo à frente às descobertas de Freud e motivos do rompimento entre os dois.

Com todo respeito, além do teor preconceituoso, acho pretenciosa a forma como CARLOS FIOLHAIS refere-se aos trabalhos desenvolvidos em conjunto por Pauli e Jung.

Há que se ter mais respeito por cientistas e pensadores com obras tão vastas e tão bem fundamentadas.

As perguntas formuladas e as inquietações pertinentes muitas vezes são mais importantes que as próprias respostas.

Toda idéia que não contenha em si contradições é como um cenário artificial, a voz de um mau ator, um arremedo insustentável de perfeição,

Pense nisso, senhor físico.

Atenciosamente
Antonio Villeroy
compositor

Antonio Villeroy disse...

Lendo agora publicado o meu comentário, levei um choque ao ver o verbo enxergar escrito com ch. É a pressa da escrita na internet. Perdoem-me leitores e mediadores pelo erro crasso, além dos deslizes de estilo.

Unknown disse...

texto vil, com a mesma qualidade do autor. Explique os erros dentro da física quântica? Assim como nos conceitos explorados por Jung! Seu erro já começa no Português e segue junto com tanta bobagem em tão poucas linhas.

Unknown disse...

Disse tudo!

R-evolução disse...

perfeito

A panaceia da educação ou uma jornada em loop?

Novo texto de Cátia Delgado, na continuação de dois anteriores ( aqui e aqui ), O grafismo e os tons da imagem ao lado, a que facilmente at...