sábado, 21 de março de 2009

poesia poesia

“Falar de poesia a crianças. Mas como? Dizer o que é a poesia? Dar uma definição rigorosa ou sugestiva?
Há algum tempo assisti a um colóquio em que o tema central era precisamente a poesia.
Era um colóquio para jovens e eu sentava-me junto de alguns, ouvindo alguém que se esforçava por demonstrar que não era possível dizer o que era a poesia.
Ao meu lado, baixinho, para não interromper, o Fernando indignou-se:
- Ora esta!, Mas eu sei o que é…
Eu – Então diz lá.
Fernando – A poesia é a beleza da vida.
Eu – Parece-me que tens razão.
Logo o João se meteu na conversa:
- Então as coisas feias não têm poesia?!
Eu – Parece-me que tens razão: as coisas feias também têm poesia.
Salta o André:
- Nesse caso, a poesia pode ser o sentido das coisas.”

Assim, começa o livro de Maria Alberta Meneres O poeta faz-se aos 10 anos (página 7). Trata-se do resumo duma acção educativa que a autora, quando professora de Língua Portuguesa, numa escola preparatória, entre 1969 e 1973, levou a cabo com os seus alunos, que tinham entre 10 a 12 anos. A proposta era simples: falar-lhes de poesia, envolvê-los na poesia e levá-los a escrever poesia.
Constam no livro, intercalados com o relato do que foi acontecendo, feito pela professora, vários poemas que sairam da pena das crianças. Para rematar a obra, que revela a essência do ensino, a autora retoma palavras escritas por elas, palavras que dizem o que é a poesia. Eis algumas delas (página 39):

- é a beleza das coisas
- é o sentido das coisas
- uma forma de dar atenção a tudo
- o amor pelas letras e pelo que elas podem
- o amor pelas palavras e pelo jogo que as lança na aventura
- poesia espanto
- poesia texto
- poesia poesia.

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