terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Newton e a filosofia

A ideia de que é possível evitar a filosofia é uma ilusão comum. A única coisa que se pode fazer é pressupor teses filosóficas sem grande consciência disso. Isto não significa, contudo, que a filosofia tenha qualquer tipo de prioridade sobre a ciência; significa apenas que os pressupostos filosóficos são ubíquos e que cientistas e filósofos devem prestar atenção aos trabalhos que uns e outros desenvolvem, pois os dois domínios não são estanques. Os cientistas desenvolvem competências e conhecimentos próprios, tal como os filósofos, e é tão palerma fazer especulações científicas ingénuas quanto filosóficas (isto é, desconhecendo a bibliografia especializada).

Newton foi um dos responsáveis pela ciência tal como hoje a concebemos. Os seus pressupostos filosóficos, contudo, têm sido cuidadosamente estudados pelos especialistas em história da filosofia e da ciência. Andrew Janiak, em Newton as Philosopher (Cambridge University Press, 2008), discute as ideias filosóficas de Newton, e Richard Arthur recenseia o livro na NDPR.

6 comentários:

Nuno Calisto disse...

Mesmo conhecendo a bibliografia especializada faz-se muita especulação.
Veja-se o caso do alegado "Aquecimento Global".

Anónimo disse...

Bom post.

FJM disse...

Como será possível manter essa convivência entre Ciência e Filosofia, se a Filosofia dura (infelizmente) apenas 2 anos no actual curriculo de ciências e tecnologias? E regra geral é sempre vista pelos alunos (e alguns professores) como um passatempo inócuo, quase que um tempo morto entre português e matemática!
A maioria dos alunos médios repudiam pensamentos profundos, não se questionam. Quando fiz 6 anos perguntei o que era uma estrela, colegas meus (universitários) não sabem o que é uma estrela!
Não faltam teorias, mas a realidade, essa noção tão indelével, flui impiedosamente.

Anónimo disse...

Isaack Newton é justamente considerado um dos maiores cientistas de todos os tempos.

E, no entanto, era convictamente criacionista, acreditando que o conhecimento científico conduz a um maior e mais profundo conhecimento do Criador do Universo.

A sua tentativa de descobrir e formular leis naturais andava a par e passo com a sua crença num Legislador Sobrenatural.


Isaac Newton combinava uma grande capacidade e curiosidade intelectual com um vastíssimo conhecimento da Bíblia. Isso só deu profundidade ao seu pensamento.

Embora as filosofias científicas dominassem a epistemologia científica do seu tempo, Newton aproximou-se do conhecimento científico a partir de bases preponderantemente judaico-cristãs.

Não é que não existisse alternativa à crença em Deus na época de Newton.

Pelo contrário.

As correntes naturalistas e evolucionistas existem desde há muito.

Elas foram expostas e defendidas por muitos filósofos antes de Cristo, como Empédocles, Demócrito, Epicuro ou Lucrécio, que inspirou este blogue.

A noção grega da “grande cadeia do ser” já influenciava os intelectuais ingleses muito antes de Charles Darwin, como mostra o caso do avô de Darwin, Erasmus Darwin, que especulou sobre a origem naturalista da vida e a evolução das espécies. O ateísmo já existia muito antes de Newton ou Darwin.

A fé bíblica de Newton estava longe de constituir a única opção de Isaac Newton.

Com base no estudo da Bíblia, Isaac Newton previu o retorno dos judeus à Terra prometida (o que viria a consumar-se em 1948) e dedicou muita atenção ao estudo do Terceiro Templo.

Também avançou com uma data para o fim do mundo, em 2060, mas fê-lo não tanto por convicção da sua correcção, mas mais para pôr fim à especulação que se desenvolvia no seu tempo em torno de tal tema, como teve o cuidado de explicar.

O conhecimento da Bíblia de Isaac Newton não era o produto da sua ignorância do pensamento grego ou de qualquer apetência infantil para a crença em mitos ou lendas, mas sim da sua convicção profunda acerca da inspiração da Bíblia.

Nas suas palavras, ‘I have a fundamental belief in the Bible as the Word of God, written by men who were inspired. I study the Bible daily.’

Anónimo disse...

Olá Perspectiva.

juntastes-te aos anónimos?

Anónimo disse...

Newton podia ter sido criacionista mas também era alquimista e defendia uma teoria da refracção hoje em dia falsificada experimentalmente.

Mesmo "génios" (e Newton é do mais próximo que os humanos chegaram a isso) dizem e acreditam em coisas erradas.

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