quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O FIM DAS REPROVAÇÕES

O Conselho Nacional da Educação apareceu a aconselhar o fim das reprovações dos alunos até aos 12 anos. Não me surpreenderia que o dito Conselho aparecesse qualquer dia a aconselhar o fim de todas reprovações. Ou mesmo a propor o fim de todas as notas escolares, invocando que os alunos com notas mais baixas podem ficar traumatizados. Só que há aqui um paradoxo. Porque é que o dito Conselho é a favor da avaliação das escolas (já nem falo da avaliação dos professores) se recusa a avaliação dos alunos?

13 comentários:

Jorge Oliveira disse...

A resposta é simples. Para os políticos em geral e para os actuais ainda mais, todas as leis, todas as regras, têm o formato do funil : vira-se para o lado que dá mais jeito.

Tino disse...

Neste momento um aluno que reprove em 3 disciplinas, fica retido e é obrigado a repetir todas as disciplinas, mesmo aquelas em que teve aprovação. Isto é um absurdo.
Imagine o que seria isto aplicado às universidades.

Concordo totalmente com o fim das retenções e na aposta em programas de recuperação de alunos, no ensino obrigatório.

Lembro que muitos alunos recorrem à ajuda de explicadores de modo a passarem as cadeiras ou simplesmente ter melhores resultados.
Um programa de recuperação não seria muito diferente, em que um professor está dedicado a alunos com problemas e que precisa de uma ajuda extra.

C. Alexandra disse...

Ou seja, iriamos ter alunos no 6.º ou 7.º ano de escolaridade com fortes probabilidades de nem sequer saberem escrever correctamente e fazer cáculos básico. E com a impossibilidade de nesse ano e nos seguintes recuperarem essa falta de conhecimentos.

A Finlândia é um exemplo, mas não para se seguir um ou ouro aspecto. Se é para se seguir o exemplo da Finlândia que se siga por inteiro.

O fim da reprovações é, na minha opinião, algo a considerar mas apenas depois de se ter mudado todas as outras falhas do sistema. Não é viável retirar a possibilidade de reprovações e daí resultarem benefícios se, o resto do sistema português se mantiver.

Ou seja, antes de pensarem em terminar com as reprovações deviam preocupar-se com os motivos que levam alunos a reprovar no 1.º ciclo, um nível que em Portugal é pouco exigente e acessível a alunos com o mínimo de capacidades, mas em que, ainda assim não apresenta resultados satisfatórios ao nível de aproveitamente. E assim sucessivamente.

Armando Quintas disse...

Ora mais uma machadada no ensino público, gratuito e universal, anda tudo a dormir ou quê? não perceberam ainda que o objectivo final de todas estas politicas e destes últimos governos é descredibilizarem o ensino público para acabarem com ele e implementarem de vez o ensino privado para todos? e depois como quem não tem dinheiro não estuda e assim só os filhos dos ricos saem doutores e engenheiros?
Qual fim das reprovações qual quê? então se não sabe não passa, era assim no meu tempo e assim deveria continuar a ser, esse aspecto do rigor e a exigência deve-se manter, o que deve existir e que sempre falhou é o acompanhamento aos alunos em dificuldades para perceber onde estão os problemas e em conjunto ajudarem a superar as dificuldades e assim poderem transitar.
Ora o fim dos chumbos, bela ideia, agora os putos começam a ir para a escola sabem que não chumbam e não fazem nenhum durante os 6 primeiros anos e passam sempre e depois lá para o 7º ano em vez de estarem a aprender as matérias respectivas estão os professores aflitos a ensinarem os alunos a fazerem reduções, a aprenderem a ler e a escrever, coisas da primária, assim abolimos o ensino nos 6 primeiros anos, começa no 7º ano e poupa-se tempo perdido e dinheiro dos contribuintes, porque com estas medidas, é a melhor solução, um retrocesso nacional é o que o governo quer fazer, e viva a Portugal campeões nas estatísticas, nos números de licenciados a trabalharem nos hiperes
mas desenvolvimento nem ve-lo!
E depois vêm para aqui gente a dizer sim senhor, concordamos com o fim das reporvações..
Mas em que mundo vivem? Não perceberam que assim que isso acontecer, as crianças que são astutas e percebem imediatamente, deixam de se esforçar porque sabem que passam na mesma, assim não se incentiva o esforço e o rigor e quando essas crianças chegarem ao mundo do trabalho, muitos deles serão gestores, educadores, funcionários do estado, etc, o que vai acontecer?
Como vão ser a " geração tudo fácil" então não vão exigir rigor nenhum das futuras crianças e assim se vai fazer portugal, um país às avessas.
Meus senhores e senhoras, abram os olhos e vejam a porcaria de país que estão a construir e a legar às futuras gerações, pelo que vejo eu não gostava nada de pertencer às futuras gerações, porque o que estamos a legar pode-se dizer que é uma autentica m****!

Armando Quintas disse...

onde se lê:
vejam a porcaria de país que estão a construir

deve-se ler:

vejam a porcaria de país que estamos a construir

João disse...

E porque até aos 12 anos? Porque não até à faculdade? E no ensino tecnico etc.

La esta, falta de visão.

Ana Cristina Leonardo disse...

boa pergunta, professor fiolhais. talvez a resposta esteja no comentário de armando quintais:
«Ora mais uma machadada no ensino público, gratuito e universal, anda tudo a dormir ou quê?»

Carlos Medina Ribeiro disse...

Num dos blogues onde escreve, Alfredo Barroso publica hoje uma crónica sobre este assunto - ver [aqui]

Fernando Martins disse...

Não é verdade que com 3 "negativas" se reprove - tem havido imensos casos em que alunos com 5, 6 ou 7 (e mais...) "negativas" passam de ano.

Por mim devia-se aplicar o mesmo no Ensino Superior (pelo menos no Privado e até à idade em que o nosso Primeiro Ministro conseguiu ser "engenheiro").

joão boaventura disse...

Canal Memória:

“Seu mandato [o de José Francisco de Mendonça, reitor da Un. Coimbra entre 1780-1785] foi conturbado e alvo de muitas críticas. Entre elas, a mais veemente tenha sido o poema intitulado ‘O Reino da Estupidez’, cuja autoria, suspeita-se, foi de um médico nascido no Brasil, Francisco de Mello Franco. / No poema ‘O Reino da Estupidez, três períodos distintos da história da Univbersidade de Coimbra estão articulados. O primeiro corresponderia ao reinado da ‘Estupidez´ no tempo em que os jesuítas estiveram à frente das instituições de ensino portuguezas. O segundo trata do destronamento da ‘Raínha Estúpida’ por ‘Minerva’, que simboliza as mudanças de cunho ilustrado implementadas durante o consulado pombalino, que renovaram o ambiente académico. E, por fim, o retorno da ‘Estupidez? Que se referia à queda de Pombal, após a coroação de d. Maria, e ao reitorado de Mendonça na universidade coimbrã. / De acordo com o poema de Melo Franco, Ribeiro [anterior reitor] teria estudado leis justamente quando a ‘raínha estúpida’ teria voltado a reinar. Todavia, se considerada sua vasta formação, o cultivo da arte poética e a presença marcante da Ilustração em sua variada livraria, inevitavelmente haveria de se questionar sobre o quanto Ribeiro fora servil à ‘Rainha Estúpida’. Ou, ainda, se realmente ocorreu, e em que consistiu esse retorno da ‘Estupidez’. Na busca por respostas, vale fazer uma rápida incursão pela história da universidade, tomando por guia o poema ‘O Reino da Estupidez’.”
In
“Espelho de cem faces. O Universo Relacional de um Advogado Setecentista”, de Álvaro de Araújo Antunes.,

sguna disse...

Ninguém concorda com este tipo de medidas, mas onde é que está a indignação dos alunos, associações de estudantes, pais, professores, oposição, etc? Se quisessem aumentar as propinas, já tinham mostrado o "traseiro" à ministra. Mas como isto até vai facilitar a vida aos meninos... porreiro!!!

Mas Portugal não é caso único na Europa, em que se baixam objectivos e expectativas para depois dizerem que tudo é perfeito.

Para o ano temos de novo a oportunidade de recompensar os esforços das nossas "elites"!!!

Luis Neves disse...

O que se pretende com este tipo de medidas fantasistas (o CNE deve ver muitos filmes da Disney), é transformar as escolas do 1º e 2º ciclo em instituições do género jardim de infância ou jardim jovenil ou será uma nova "Mocidade tecno-socialista" em que todos têm o direito ao sucesso. Onde todos entoam uns canticos muito divertidos aos tais portateis magalhães, os presentes natalicios que o PM ofereceu.

"Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração
Pela ponta das tuas lanças

Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto
De brincar com as tuas crianças "
Jorge Palma

Carlos Fiolhais disse...

Obrigado pelos comentários. Com estas e com outras o Conselho Nacional de Educação descredibiliza-se, o que é para ele e para nós todos um verdadeiro infortúnio. Esse órgão poderia ter o papel de enriquecer com doses de bom-senso o nosso tão depauperado sistema educativo.Mas assim...
Carlos Fiolhais

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