sábado, 10 de maio de 2008

O MOTOR A ÁGUA


Está em cena no Teatro Nacional D. Maria a peça "Um Conto Americano - The Water Engine" de David Mamet (encenação de Maria Emília Correia) que, partindo de um suposto motor a água apresentado na Exposição Mundial de Chicago de 1933, mostra as relações por vezes tensas entre ciência, tecnologia e sociedade. Pediram-me um depoimento sobre a história, que transcrevo aqui:

O dramaturgo David Mamet, no seu "Conto Americano" conta a história da invenção de um motor a água nos anos 30. A realidade por vezes imita a ficção. Nos anos 90 um inventor americano, Stanley Meyer, reclamou a invenção de um motor a água. Começava por separar a água em hidrogénio e oxigénio e depois combinava esse hidrogénio e oxigénio para dar de novo água. O primeiro processo exige energia e o segundo fornece energia, que poria a funcionar o veículo. Mas não pode funcionar por muito tempo, porque há perdas, de acordo com as leis da física. O projecto "meteu água". O inventor foi condenado em 1996 por um tribunal do Ohio por fraude tendo morrido por doença súbita passados dois anos. Segundo uma "teoria da conspiração" teriam sido as indústrias do petróleo que o teriam assassinado...

De facto, a segunda parte do esquema de Meyer está correcta. Chama-se pilha de combustível ao processo de juntar hidrogénio e oxigénio de modo a originar uma corrente eléctrica. A invenção remonta aos anos 30 do século XIX. E hoje já há carros movidos a essas pilhas. Por exemplo a Carris de Lisboa planeia usar autocarros movidos a pilhas de combustíveis. São "amigos do ambiente": não poluem, nem contribuem para o efeito de estufa, pois o único produto da reacção é a água. Não são carros a água mas sim carros que fornecem água... O combustível é o hidrogénio. Problema: o hidrogénio, apesar de abundante na Terra, é difícil de separar e de armazenar. Se a ciência e a tecnologia se desenvolverem o suficiente o problema poderá ser resolvido. E as indústrias do petróleo nao se oporão a isso? Não, pelo contrário, elas adoptarão a nova tecnologia. Hoje essas companhias já têm parques eólicas, centrais solares e fábricas de biocombustíveis. E já têm também pilhas de combustível. Se não lhes puderes ganhar junta-te a eles... Podemos ver-nos livres do peróleo, mas não nos veremos nunca livres das petrolíferas!

3 comentários:

Oscar Maximo disse...

Este post é demasiado não-instrutivo e enganador para ser escrito por um cientista(?).
1-Será que a ciência e tecnologia vão resolver o problema? Só se a solução não contrariar os fundamentos teóricos desse ciência - ver o que dizia aqui a Palmira sobre a separação da molécula de àgua.
2-Só a ideia de usar o hidrógenio como transportador, é muito pobre,
e os defeitos são tantos que não dá para mencionar aqui.
3-O facto de não ter emissões onde é consumido não impede as emissões onde é produzido.
4-O tal amigo do ambiente, a pilha de combustivel, cujo maior defeito é usar H, tem outros pecados: uma das razões de ser cara é porque exige muita energia no fabrico - por ex., os metais raros que possui são obtidos através mineração intensiva.

G disse...

Os STCP do Porto já usaram essa tecnologia com bons resultados.
Quanto às empresas petrolíferas, cada vez mais se identificam como fornecedores de energia, mas energia de que forma? Da forma que o cliente quiser...

artur santos disse...

Tive notícias, que quando se efectuou a mudança da ditadura salazarista, para a democracia, em Portugal, foi publicado um livro "O ministro" - em que se relata uma história semelhante - acontecida com um engenheiro português, mas muito mais bem sucedido; e que também foi interrompido nas suas investigações sobre a aplicação do motor a água pela "CUF": a mais importante representante das empresas petrolíferas em Portugal.

Incluso foi noticiado que um português tinha exposto num salão de invenções em Bruxelas, um motor de combustão interna utilizando a electrólise da água no seu motor.

O mais interessante nessa história, era que esse patriota, utilizava um motor convencional com pequenas modificações. As suficientes para obter a electrólise da água.

Afinal quantos engenheiros no mundo, inventaram em "simultâneo", esse extraordinário motor a água, isto é: queimando hidrogénio e fabricando água? E porque razões, passados trinta e tal anos ou mais, não houve praticamente introdução no mercado automóvel, dessa maravilha técnica...?

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