domingo, 28 de outubro de 2007

Robótica, Golfe e Vitória de Guimarães

Novo post convidado do Norberto Pires, professor de Engenharia Mecânica na Universidade de Coimbra e director do Parque Inovação de Coimbra:

Jogar golfe não é nada fácil.
Na passada sexta-feira, dia 26 de Outubro, fui à grande cidade de Guimarães (bela terra) a um congresso de Engenharia e Gestão Industrial (EGI). Tinha de participar numa Mesa Redonda sobre EGI, por acaso muito interessante, sobre o futuro da EGI em Portugal. Gostei especialmente das curtas conversas com o Eng. Mário Pais de Sousa, empresário e gestor experiente que estava a meu lado na mesa.

No intervalo das sessões fui visitar o Fernando Ribeiro, nosso colega da SPR. Já não o via há muito tempo, e sei que anda sempre a engendrar coisas novas. É um tipo que não sabe estar quieto, e tem uma visão muito prática da engenharia, e uma forma muito correcta de encarar a cooperação universidade – indústria.

Cheguei ao laboratório de robótica do Departamento de Engenharia Electrónica Industrial da Universidade do Minho e perguntei por ele. Disseram-me que ele que estava a jogar golfe.

- “A jogar golfe? O Fernando?”, perguntei eu algo invejoso e ainda muito admirado.
- “Sim, está ali no campo de golfe a testar o robô que recolhe bolas de golfe”, disse-me um aluno enquanto apertava uma roda de um futebolista robótico.

Segui as indicações do aluno e fui lá ter. Lá estavam três pessoas de volta de uns portáteis e via-se um robô a mexer no green de golfe. Aproximei-me, e lá estava o Fernando com dois alunos de fim de curso. Estavam a dar os últimos retoques num robô que ia ser apresentado no dia seguinte à imprensa.

Fizeram questão de me mostrar tudo, com um entusiasmo que é verdadeiramente admirável. Especialmente os alunos. Mostraram os detalhes, a parte de visão, o controlador do robô, o software de bordo (“que corre em Linux...”, diziam não fosse eu imaginar outra coisa), o software remoto, a forma como usavam GPS para obter a posição do robô, e todos os detalhes de como funcionava aquele robô. É natural, aquele era o projecto deles de fim de curso.

- “Ok, desculpem lá mas tenho de ver isso a funcionar. O problema é que não sei jogar golfe!”, disse eu querendo testar como seria num dia normal com um jogador e o robô.

- “No problem. Fazemos uma aula de golfe e apanha já o jeito”, disseram.

E lá apareceram os tacos (recomendaram o taco nº 7) as bolas e as lições. Foi interessante. Uma hora depois já atirava a 100 metros, o que nem é nada mau, apesar de ter um estilo algo tosco e nada elegante. Adiante.



Figura 1: GOLFmINHO, o robô do Golfe.

A Robótica é mesmo muito divertida. Durante uma hora tive uma aula de golfe, e pude ter um robô a trazer-me as bolas que eu enviava para o “green”. Que grande pinta.
Vale a pena ver as fotos e vídeos sobre o robô do golfe (GOLFmINHO) nos links abaixo.


Figura 2: talvez o início de uma nova carreira? Quem sabe!

É mesmo divertido quando as coisas funcionam.

O que é que aprendi, para além de rever amigos? Que isto da engenharia tem a ver com boas ideias, capacidade de realização, entusiasmo e paixão pela nossa actividade. Vi isso nos alunos que orgulhosamente me mostravam o robô do golfe. Vi isso no docente. Vi isso nos funcionários do green que achavam a ideia fabulosa e preparavam tudo com afinco para a apresentação à imprensa do dia seguinte.

Boas ideias, capacidade para as colocar em prática e engenho para desenvolver produtos, e com isso, criar riqueza. É esse o espírito empreendedor, aquele que queremos e devemos desenvolver para que os nossos alunos vejam desenvolvida a sua capacidade empresarial, isto é, a capacidade de transformar ideias em actos.

No final do dia, assisti ao jogo Vitória de Guimarães - União de Leiria: ganhámos 2-1, num jogo cheio de emoção e bom futebol.

Que grande dia. Robótica, golfe e uma grande vitória do Vitória.

J. Norberto Pires

Links:
Reportagem da Sic: vídeo aqui
Reportagem da RTP: vídeo aqui
Resumo do Jogo Guimarães-Leiria: vídeo aqui

11 comentários:

Carlos Medina Ribeiro disse...

Um professor que eu tive no IST (de 1968 a 70) dizia que os portugueses são muito bons a inventar coisas mas péssimos a comercializá-las; a "acarinhá-las", digo eu.

Veja-se o que sucedeu com o Porta-Moedas Multibanco, com o cartão e os quiosques NetPost, com os inúmeros quiosques Infocid, com as máquinas de venda de selos com cartões...

ALGUÉM CONHECE UMA COISA DESSAS QUE FUNCIONE?
Se sim, avise, pois há - a sério! - um prémio pecuniário para essa verdadeira "anomalia".

J. Norberto Pires disse...

Existem vários produtos "made in Portugal" que funcionam. Este que mostrei aqui funciona, e tem já mercado. Mas cito-lhes mais alguns que são realmente sucessos internacionais:
1. EdgeBox da Critical. A Critical formou a Critical-links para este mercado: http://www.edgebox.net/
(está no mercado da Cisco e dos grandes players dos equipamentos de rede). A Critical é uma empresa Portuguesa (de Coimbra).
2. Vários produtos da Ydreams, Wit-Software, Cnotinfor, ISA.
3. Por exemplo, a ISA é lider mundial em equipamentos de medida para petrolíferas: http://www.isa.pt
(a ISA é Portuguesa, e uma grande esperança da nossa nova vaga de empresas)

Mencionei alguns exemplos assim de repente. Há muitos mais, felizmente.

Fico a aguardar o prémio.

:-)

J. Norberto Pires

Anónimo disse...

Eheh. Mas que mania é esta (ver Reportagem da RTP) que dizer "gólfe"?!? Agora virou moda?

Carlos Medina Ribeiro disse...

«Existem vários produtos "made in Portugal" que funcionam» - também era melhor!!...

--

O prémio refere-se aos equipamentos indicados, é no valor de 50 euros, e será ganho pela 1.ª pessoa que, até 31 Dez. 2007, provar que funcionam as seguintes maquinetas:

A) - Quiosque Infocid existente na Av. Roma, n.º 1, em Lisboa (edifício ministerial).

B) - Máquinas (quaisquer que elas sejam)que funcionem com o PMB.

C) - Quiosques NetPost, para navegação na Internet, existentes em estações dos CTT.

D) - Máquinas de venda de selos dos CTT que aceitem os cartões nelas indicados.

--

O prémio é oferecido pelo blogue SORUMBÁTICO (http://sorumbatico.blogspot.com), e pode ser reivindicado escrevendo para sorumbatico@iol.pt

Alguém irá ao local para confirmar e entregar o prémio - "cash".

Carlos Medina Ribeiro disse...

O tapete-rolante de Alcântara também pode entrar para a extensa lista das boas ideias que, depois, não são acarinhadas e se deixam cair.

Mas só por ter custado 6 milhões (!) é que aqui se refere...

Carlos Medina Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos Medina Ribeiro disse...

Um leitor do SORUMBÁTICO resolveu tentar ganhar os prémios anunciados (que são cumulativos).

Escreveu para os organismos responsáveis pelas maquinetas, e veio a saber que:

1-O PMB deixou de se fazer.

2-Quanto aos quiosques NetPost, (patrocinados pelo FEDER e pelo Plano Operacional para a Sociedade do Conhecimento!!) vão ser (ou estão a ser agora) todos retirados das estações dos CTT.

3- Quanto às máquinas de vendas de selos com cartões: não funciona uma única- nem vai funcionar, embora se mantenham as fendas para inserir cartões que não se fazem.

4 - Quanto aos quiosques Infocid:

À pergunta "Onde é que, em Portugal, há um que funcione?", o MCT (ainda) não respondeu.

--

Ah! Quanto à passagem aérea de Alcântara: vai ser desmantelada...
.

Anónimo disse...

Excelente post.
Muito bem.

Sara

Anónimo disse...

:))

joana

Fátima André disse...

Perfeito!
Boas tacadas :)

Anónimo disse...

Legal, mas, tenho um projeto para encoordoamento de raquetes de tênis, em 20 segundos tira e coloca cordão novo. Se alguém se interessar, vamos por em prática, será a primeira máquina mundial. Eng. Paulo L. Pastore, experiências em projetar mecanismos bancários, médicos, espaciais, aeronaúticos, educacionais, e-mail: stingwheels@gmail.com

NOVA ATLÂNTIDA

 A “Atlantís” disponibilizou o seu número mais recente (em acesso aberto). Convidamos a navegar pelo sumário da revista para aceder à info...