sexta-feira, 22 de junho de 2007

O PÓS-MODERNISMO EXPLICADO ÀS CRIANÇAS

A propósito da linguagem pós-moderna que o eduquês usa, permito-me recuperar e publicar aqui uma minha crónica antiga que saiu no "Primeiro de Janeiro". Editei-a por necessidade de actualização, mas infelizmente não parece ter perdido actualidade no essencial.

O título de cima coincide com o de um livro de Jean François Lyotard publicado na Dom Quixote. Lyotard é um filósofo pós-moderno que faz nessa obra um esforço para expor de uma maneira simples as principais ideias da corrente de pensamento que professa. Mas trata-se de uma tarefa difícil, quase impossível. Porque o pós-modernismo caracteriza-se, na maioria das vezes, por um discurso de frases tão pedantes como ocas que nenhuma criança entende (e muito menos um adulto).

O problema é que anda por aí uma horda de gente a explicar o pós-modernismo às crianças. O pós-modernismo é uma verdadeira praga intelectual que aflige a pedagogia no nosso país (como em outros, mas nós temos piores defesas: não desenvolvemos anticorpos em tempo útil) e que tem consequências terríveis sobre a qualidade de ensino que se pratica.

Não há nada como um exemplo concreto para se perceber do que se está a falar. A revista "Visão" há anos, pela pena de Pedro Norton, um teste da disciplina de Educação e Valores da Escola Superior de Educação Almeida Garrett. Vamos acreditar na veracidade do inacreditável documento (a escola essa existe mesmo!), que a "Visão" divulgou e que tem por título "Ver para crer" (eu, se não visse, confesso que não acreditava). Eis uma das perguntas do teste – as outras são de semelhante jaez - para que o leitor, qualquer que seja a sua idade, possa avaliar por si próprio:

"ESEAG – Escola Superior de Educação Almeida Garrett

Disciplina de Educação e Valores

Questionário

— Numa época de canhestros, sistemáticos e fragmentários dogmatismos, labilismos, labialismos, «turismos» culturais, pragmatismos, cepticismos, determinismos, fatalismos, autismos, narcisismos, parolismos... – mais ou menos camuflados por dinâmicas endógenas e exógenas – um relance, embora perfunctório, sobre a ossatura programática da Disciplina, permite afigurar-se razoável, liminarmente, a susceptibilidade de desfibrá-la, entre outras, nas seguintes dicotomias axiológicas mediáticas multifacetáveis, confinantes, congruentes, sinalagmáticas..., a entrecruzaram-se, transumirem-se, transubstanciarem-se, transversalizarem-se, etc. v.g. Cultura-Civilização; Valores-Referências.

Sem irrelevar o subjacente, atipico e ágrafo património – genético, material e espiritual – a montante e a jusante do aluno, teça um comentário sinóptico (corroborante ou repudiante), ancorado em dimensão axiológica e argumentos, empíricos ou especulativos, minimamente válidos."


Educação? Valores? Não brinquem connosco!

Com a formação de professores que está à vista pela amostra, seria muito de admirar que o nosso sistema de ensino pudesse estar diferente da situação de quase-catástrofe que lhe tem sido diagnosticada. O problema adicional é que a confusão não se fica pelo discurso. Quando o discurso tem algum conteúdo (o que não é obviamente o caso da questão apresentada, esteja o leitor tranquilo), trata-se em geral de um discurso anti-científico e, por isso, perigoso para a sanidade mental dos professores e, por extensão, das crianças e jovens. É um discurso que não apenas recusa a clareza, que é a maior virtude do raciocínio, como nega a realidade, que é o grande termo de referência com o qual qualquer discurso tem de se confrontar. Vale a pena dar a palavra ao Prémio Nobel da Física de 1979, Steven Weinberg, que tem sido um dos grandes defensores modernos não só da ciência como, mais em geral, da honestidade intelectual. Escreve ele no seu mais recente livro, ainda não traduzido em português: "Facing up. Science and its Cultural Adversaries":

"Os pós modernos não apenas duvidam da objectividade da ciência mas não gostam da objectividade. Eles gostariam de algo mais quente e esquisito do que a ciência moderna. Estes pós-modernos são os descendentes intelectuais do herético que Tomás de Aquino mais detestava – Siger de Brabante. Siger argumentava que apesar da imortalidade da alma individual não ser filosoficamente permitida e portanto ser, de um ponto de vista filosófico, não verdadeira, estava teologicamente correcta. Assim, é ao mesmo tempo verdadeira e não verdadeira, dependendo do modo de pensar. Este parece ser o modo de pensar preferido dos pós-modernos."

Para eles uma coisa é e não é, está certa e está errada ao mesmo tempo. E Weinberg, em tom evidentemente jocoso, acrescenta mais adiante:

"Tal como qualquer agricultor sabe reconhecer uma vaca quando a vê, nós cientistas sabemos usualmente o que é a verdade quando a vemos."

Pois a formação de professores, com as honrosas excepções das pessoas que não se reconhecem no teste da Escola Almeida Garrett (pobre Garrett que, apesar de não ser muito prosélito da ciência, escrevia muito melhor do que o autor do teste!) está entregue a quem não sabe o que é uma vaca. E as pobres crianças, se não souberem antes de entrar para a escola a diferença entre uma vaca e um boi, estão simplesmente perdidas.

O discurso pós-moderno foi desmascarado há alguns anos por um físico-matemático norte-americano que enviou um texto de brincadeira (um bem preparado embuste) repleto de frases sem sentido umas e outras redondamente erradas à revista "Social Text". A revista aceitou pensando que o obscuro texto irradiava luz... A polémica está explicada no livro "Imposturas Intelectuais" do mesmo Sokal e do seu colega belga Brimont, que a Gradiva publicou.

Temos de o dizer sem rodeios: Uma vaca é uma vaca, por muito que se lhe queira chamar um boi... E as nossas crianças, para crescerem saudáveis, têm o direito inalienável a que não as confundam!

38 comentários:

Alef disse...

Uma vaca é uma vaca, mas tem muitos lados a considerar. Seis, no dizer do já famoso rapaz francês, na sua redacção «pós-moderna» sobre o mocho:

«O pássaro de que vou falar é o mocho. O mocho não vê nada de dia, e à noite é mais cego que uma toupeira.

Não sei grande coisa do mocho, por isso vou continuar com outro animal que vou escolher: a vaca.

A vaca é um mamífero. A vaca tem 6 lados: o da direita; o da esquerda; o de cima; o de baixo; o de trás, que tem um rabo, o qual tem um pincel pendurado (com este pincel espantam-se as moscas para que não caiam no leite); a cabeça serve para que lhe saiam cornos e também porque a boca tem de estar nalgum lado (os cornos são para a vaca combater com eles).

Pela parte de baixo tem leite. Está equipada para que se possa ordenhar. Quando se ordenha, o leite vem e não pára nunca. Como é que se desenrasca a vaca, nunca compreendi, mas o leite cada vez sai com mais abundância.

O marido da vaca é o boi. O boi não é mamífero.

A vaca não come muito, mas o que come, come duas vezes, portanto já tem bastante. Quando tem fome, muge. Quando não diz nada é porque está cheia de erva por dentro. As suas patas chegam ao chão.

A vaca tem o olfacto muito desenvolvido, pelo que se pode cheirá-la desde muito longe. É por isso que o ar do campo é tão puro.»


Cfr. Nuno Markl, O Homem que Mordeu o Cão, no blogue «A Vaca Tem Seis Lados».

Alef

Anónimo disse...

Este género de discurso oco é tipico de gente pouco dada à avaliação do seu trabalho. Quando se está imune a essas "pragas", pode-se pavonear linguagem desta, sem medo de ser desmascarado, pois as vitimas (alunos) não podem abrir a boca para desmascarar estas situações porque, ou não sabem como, ou não querem comprometer a sua avaliação futura.
Para esta gente, uma vaca pode até ser um derivado do leite.

Anónimo disse...

Durante a minha contínua formação de professora de Biologia e Geologia tenho tido a felicidade de contactar com professores universitários que me têm alertado para esta, julgo infeliz, tendência do chamado pós-modernismo.
O que infelizmente se verifica é que os próprios currículos de ciências tendem a atribuir igual estatuto a todo o tipo de conhecimento, dando-lhe o nome de relação CTS. É claro que o processo de construção da ciência tem um papel fundamental no ensino das ciências, mas não podemos cair no extremo oposto de direccionar todo o ensino das ciências para esta vertente metacientífica.

Anónimo disse...

Caro Carlos Fiolhais, o texto é magnífico.

É preocupante. Parlapatões sempre houve. Mas não moldavam o mundo.

Cumprimentos.

Unknown disse...

Caro Carlos Fiolhais,
O texto é autênctico. A Visão chegou a publicar um fac-simile no site.
Um abraço,
Pedro Norton

Anónimo disse...

Não curto pós-hiper-modernos e discursos sofisticos de eduquês e cientês, mas não há vacas hermafroditas? Ou bois?

E, já agora, o Fiolhais quer explicar a natureza da realidade só com o Tertium Non Datur? E que tal *reduzir* a explicação da estrutura e funcionamento do universo ao Modus Ponens, ou à teoria dos conjuntos de Z-F, ou ao conceito iterativo de número natural. Era bacano. Resolvia-se tudo em três tempos.

Por último, o Fiolhais esqueceu-se de dizer que o Sokal e o Brick... eram (e são?) cientistas da 3ª divisão, e só o bota-abaixo os trouxe para a ribalta. Enfim, esquecimentos de conveniência. É como alguns casamentos: alguns cientistas casam com a sua "verdade", porque, dizem, não há mais nenhuma. Mas depois vêm afirmar que a marca da ciência é a crítica e blá blá e o catano.

Fiolhais no seu melhor...haja paciência para estes divulgadores do "saber".

Musicologo disse...

Este texto desta prova longe de ser comunicativo é poético. Ficava bem declamado ao som de piano, pela sonoridade intrínseca das palavras.

Mas como na realidade é uma expressão que vale por si e não pelo seu conteúdo, mais que poético eu acho que atrevo a chamar-lhe estético.

Pessoalmente só o consigo apreciar como fórmula estética e nunca como comunicação.

Conclusão: os pós-modernos transformaram o discurso comunicativo em arte abstracta...

Anónimo disse...

Viva,
Duas notas:
1º se o texto é poético, é má poesia.
2º e se os cientistas são de 3ª divisão, qual o problema? Acaso isso desculpa a reacção da social text? Somente agrava a reacção da social text e dá razão ao que o Carlos Fiolhais aqui diz: é que, da parte da Social Text, nem sequer conseguiram perceber que se tratava de um embuste de cientistas de 3ª divisão.
Rolando Almeida

Anónimo disse...

Escusam de me vir dizer que não. Isto pode ser de um teste da Escola Superior de Educação Almeida Garrett. Mas só pode ser da cadeira de Cruzadex Neandertal. Nós às vezes gostamos tanto de andar à frente, nem nos apercebermos que damos a volta e então, nada melhor que voltar ao princípio.

Possas! Ainda bem que eu não dou muita confiança a pessoas que utilizam o Léxico contextualizador-formaldadesmaterialização-cientificóó-pedagógico como livrinho de mesa-de-cabeceira!

Eu já me tenho perguntado algumas vezes porque é que tanto professor parece pretender, sobretudo perante os pais, usufruir de um estatuto superior ao que a profissão tinha há 30 anos. Só que há 30 anos as taxas de difusão do ensino eram as que se sabe, e infelizmente a maior parte da população era analfabeta. Portanto o estatuto era merecido e os professores eram justificadamente referências culturais e científicas.

De acordo com o texto da prova, continuamos todos estúpidos e portanto justifica-se ampliar o estatuto do professor. Aos poucos lá vou conseguindo ter algumas respostas para a eloquência de tantos egos que andam no ensino.

Calculo, uma pessoa passa uns anos a levar umas ensaboadelas destas, sai do duche que nem pode! Qual Jumbo Voador (e ás vezes até lá está o trevo no nariz) só pode andar por aí a dizer: -Me lyon! Me lyon! -Youcaca! Youcaca!

Artur Figueiredo

Anónimo disse...

Tive no secundário uma professora de biologia, excelente devo dizer, que me deu a conhecer a editora Gradiva como complemento aos manuais escolares (também há professores assim). De entre os livros que fui lendo encontra-se um do Steven Weinberg, "Os Três Primeiros Minutos do Universo", cuja leitura, na altura, me pareceu um pouco difícil, talvez por não ter aprendido física na escola. Depois de ter lido este questionário, tenho a certeza que posso voltar a lê-lo, à confiança, que a sua leitura me irá parecer bastante acessível.

guida martins

Anónimo disse...

O problema do pós-modernismo talvez seja não ter percebido que há momentos irrepetíveis na história da cultura, ou que pelo menos não faz sendito imitar. Ninguém obteria sucesso, certamente, escrevendo à maneira de Joyce ou de Kafka, pintando como Rothko, Pollock ou Mondrian, esculpindo como Giacometti ou "tocando" piano como Jonh Cage no seu famoso 4' 33''.

Anónimo disse...

Ó ronaldinho da filosofia: o facto de os social-não-sei-quê não terem percebido o embuste não faz dos embusteiros melhores cientistas. tás a ver? ó queres que te faça o desenho? eu não disse que os social-não-sei-quê eram uns tipos espertos. disse é que os embusteiros eram uns coxos que subiram de divisão não á custa do seu futebol mas sim à custa de jogadas fora de jogo. topas a metáfora?

Anónimo disse...

Gostaria apenas de clarificar para todos os presentes que um boi e um bovino do sexo masculino capado antes de atingir a maturidade sexual.

Anónimo disse...

"O espaço e o tempo são formas de pensamento, não condições sob as quais vivamos"
Albert Einstein


Peguemos nesta frase de Einstein citada no post «As sombras do tempo». Antes dele, já Kant tinha afirmado que o espaço e o tempo são intuições à priori da sensibilidade, condições de possibilidade do conhecimento. Ora, se o espaço e o tempo são estruturas do sujeito gnoseológico, isso quer dizer que tudo aquilo que conhecemos tem a marca da nossa forma de percepcionar. Assim, não se pode afirmar que conhecemos a realidade em si mesma, mas apenas fenómenos. A objectividade de que os pós-modernos não gostam, foi, na Idade Moderna, já posta em causa por Kant. Kant acordou assim de um sono dogmático (para usar as suas próprias palavras); o Wienberg e o Fiolhais ainda dormem, e pelos vistos têm pesadelos com os pós-modernos. Mas convinha terem presente que foram os modernos como Kant, e antes dele Hume, que rejeitaram a objectividade que Weinberg e o Fiolhais reclamam para as ciências.
Os sonhos são sempre mais ou menos esquisitos, pois estabelecem associações entre imagens e coisas que parecem não ter qualquer relação entre eles. No sonho weinbergeniano passa-se isso mesmo: os físicos, servindo-se apenas do método cientifico, conseguem saber e ver o que é a verdade! Será então a verdade o mesmo que energia, massa, ou uma força? Ou será antes um gene, ou uma célula? Os cientistas deixaram de estudar os fenómenos naturais para se dedicarem ao estudo do que é a verdade? Sr. Fiolhais, não confunda as crianças!
Mas os sonhos deixam de ser confusos quando se percebe o que eles escondem: um desejo. E o desejo do Fiolhais e do Weinberg é o mesmo do Tomás de Aquino: ter a certeza de que Deus existe.
Claro que o deus do Fiolhais se distingue do de São Tomás, como o deus dos filósofos se distingue do deus da religião. Mas andam todos à procura do mesmo: de algo que dê um sentido às suas crenças e aspirações. O que os aterrorriza é o mesmo: o nada.

Anónimo disse...

Ainda bem que o Luís Pedro já se deu ao trabalho de fazer tocar o alarme Humeano. Contudo, dúvido que o Fiolhais acorde do seu profundo sono dogmático. Como igualmente dúvido que alguma vez compreenda o que é isso do pós-modernismo. Contudo, talvez alguma vez compreenda as seguintes palavras de Niels Bohr, acerca do princípio de complementariedade: Existe na Física Quântica um núcleo irracional irredutível. Isto é, não há objectividade na definição de fenómeno quântico. Quem sabe um dia o Fiolhais saiba suficiente filosofia para perceber as profundidades da física Quântica. Exista esperança. Mas até agora, limita-se a ver vacas.

Anónimo disse...

Olá a todos,

O meu comentário não é sobre o pós-modernismo. Centra-se apenas no estilo da escrita usada por um professor para testar os conhecimentos dos seus alunos. Esta linguagem recheada de palavras extremamente “sofisticadas”, densas, “bonitas”, não apelativas, não contribuirá certamente para o raciocínio dos estudantes, a quem se pede contas. Dificilmente eles poderão resolver/responder de forma inteligível à questão posta pelo seu professor, ela própria “complexada”. Não é novidade que muitas vezes não sabemos o significado de algumas palavras, mas conseguimos descobrir o seu sentido no contexto em que se inserem. Porém, neste exemplo do post, os termos utilizados são tão “não familiares” que dificilmente o professor conseguirá ter a alegria de assistir a um bom desempenho dos seus alunos, perante a dificuldade que possivelmente terão em traduzir tal prosa. Este é um assunto/problema de escrita que seguramente não mereceu a melhor atenção do professor em causa. Cada vez nos apercebemos mais, que é importante que todos nos responsabilizemos pela promoção de uma boa comunicação, quer oral quer escrita. Embora as duas linguagens (oral e escrita) tenham as suas características particulares, ambas devem ser claras, simples, consistentes, directas e livres de estilos rebuscados e palavras desnecessárias. Assim, esta amostra escrita parece-me que, no fundo, evidencia alguma descortesia para com os alunos e está longe das boas técnicas de ensino.
M Elvira Callapez

Unknown disse...

Caro sr. Fiolhais, tem todo o direito de nao gostar do pos-modernismo - eu nao gosto do eng. da treta Jose Socrates, por exemplo.
No entanto, dizer que o pos-modernismo e absurdo, tendo sido desmascarado por um tal de Sokal - um obscuro professor que se tornou ligeiramente mais conhecido por causa do pos-modernismo (ironia) - ou que aquele texto e um exemplo do que e o pos-modernismo, nao e uma questao de manifestacao de preferencia pessoal!
E uma questao de ignorancia!

O pos-modernismo nao surgiu por acaso da mente dum qualquer lunatico, como o sr. implicitamente quer demonstrar!

E um movimento filosofico com varias correntes que olha para as coisas tendo em conta quer os diversos contextos - sociais, historicos, culturais, economicos, psicologicos, etc - do fenomeno observado, quer o observador.

E ja que gosta de ir a Fisica entao pense no Principio da Incerteza de Heisenberg.
Sabia que ele esta na base de muito do pensamento pos-moderno?

Estou decepcionado que Weinberg nao entenda as consequencias nao fisicas daquele principio - bem, se entendesse nao teria escrito “Os 3 primeiros minutos” pois acredita naquilo que escreveu.
Se calhar deveria ler o livro de Gribbin "A procura do gato de Shrodinger" - afinal a alegoria do gato e pos-moderna!
Mas tratando-se dum Sionista Ateu amigo de Dawkins - que combinacao extraordinaria: um ateu que defende a limpeza etnica da Palestina em nome de nada (aos menos os Sionistas crentes ainda dizem que Deus lhes deu aquilo!) - nao se pode esperar grande coisa!
De facto, aquela combinacao, positiva e racionalmente impossivel, mostra que Weiberg e um pos-moderno em negacao!

A diferenca entre um positivista, como o sr. Fiolhais, e um pos-modernista e que o sr. - tal como S. Tomas de Aquino - acredita na existencia duma realidade fisica, objectiva, que subsiste por si propria, independentemente de ser observada ou nao, ou seja o sr. acredita numa verdade absoluta - fico sempre muito divertido pelos positivistas terem exactamente a mesma atitude que um fundamentalista religioso, afinal eles acham-se sempre superiores a quem acredita (veja-se Richard Dawkins).

Ja um pos-modernista nao acredita nessa suposta realidade objectiva.
A realidade e uma construcao do nosso cerebro - aconselho Damasio, para comecar. Essa construcao e feita das sensacoes, geradas por fenomenos externos ou internos, transmitidas pelas terminacoes nervosas ao cerebro, a que os neuronios deram uma determinada interpretacao.

Caro sr. Fiolhais, quer goste quer nao, o observador faz sempre parte do observado!
O Positivismo nao percebe esta realidade - ironia!

A neuropsicologia e a antropologia mostram, constantemente, que nada e fora do observador e do seu contexto.

Um exemplo:
Plutao e um planeta de 1a, 2a ou nem isso?
O sr. ja pensou quantas pessoas morreram a acreditar que Plutao era de 1a?
E ou nao?
Depende da definicao dos observadores!

E as constelacoes?
As pessoas julgam que as veem mas elas nao existem!

E ainda andam por aqui positivistas a dizerem que a realidade nao depende do observador?!
Como e que perante os conhecimentos actuais ainda ha Positivistas e um misterio para mim!
Mas tambem ha quem acredite em amuletos e cartomantes - a conta bancaria da Maya agradece...

Nem de proposito!
Sr. Fiolhais, ja leu o ultimo numero da New Scientist?
Tema principal: The second quantum revolution

“Recent experiments led by a group at the University of Vienna, Austria, provide the most compelling evidence yet that THERE IS NO OBJECTIVE REALITY BEYOND WHAT WE OBSERVE. This idea, that OUR MEASUREMENTS CREATE REALITY, is controversial and scarcely new, but the mounting evidence for it could have major implications in the search for a theory of everything. Indeed, we are at the "conceptual beginnings of a second quantum revolution", according to Alain Aspect of the Institute of Optics at Palaiseau in France.”

Markus Aspelmeyer and Anton Zeilinger's team at the University of Vienna, Austria, take this to mean we have to abandon the idea of an objective reality. "Maybe Bohr and Heisenberg were right after all," Aspelmeyer says. "Physics doesn't tell us how nature is, it only tells us what we can say about nature."

Note-se:
“We have to abandon the idea of an objective reality.”
"Physics doesn't tell us how nature is, it only tells us what we can say about nature."
Eu nao diria melhor!
Foucault e Derrida devem estar aos pulos nos tumulos!
Quanto a Sokal....
Talvez seja desta que se reforme...

Cumprimentos pos-modernos.
Pedro Alves

Anónimo disse...

É curiosa a forma como alguns dos comentadores tentam desvalorizar Alan Sokal e Jean Bricmont. Cientistas de terceira !? É de esperar que uma classificação como esta tenha origem em comentadores de primeira.
Jorge Oliveira

Anónimo disse...

ó oliveirinha

Então se não são cientistas de 3ª, diga lá que importante investigação ou feito científico desenvolveram. É que eu só encontro referências ao pós-modernismo, pseudociência, imposturas intelectuais e coisas do género. Até podem ter bom trabalho cientifico, não digo o contrário, mas sem dúvida que o que os trouxe para a ribalta foi o embuste e a bíblia da desmistificação, onde vem estampada TODA a verdade sobre abusos de linguagem científica.

ou bai ou racha

Anónimo disse...

Simplesmente não acredito que alguém possa defender o enunciado apresentado no post como expressão de qualquer tipo de proposta estética, teórica, filosófica de corrente ou metacorrente ideológica, ou o que quiserem. Aquilo é um amontoado de conceitos lançados em enxame sobre uma folha de papel branca.

Quem trouxe o PósM para a ribalta, quem começou por lhe dar visibilidade pública, foram as artes, nomeadamente a Arquitectura.

As rupturas com a racionalidade e a ordem estabelecida são frequentes na História da Arte. Mesmo a desconstrução dos princípios e a destruturação dos conceitos não são nenhuma novidade e até têm suscitado muita simpatia.

Um dos períodos, para mim, dos mais importantes dos últimos anos, o Maneirismo, não pretendeu fazer mais do que o PósM, e pasme-se, queria fazê-lo em relação ao Renascimento que, parece-me, dispunha de princípios mais sólidos e consistentes vindos da cultura grega do que quaisquer modernismos. Mas o Maneirismo teve a sorte de poder contar com o contributo de alguns génios, nomeadamente o Miguel Ângelo. Penso não ser necessário acrescentar mais nada.

A subjectividade e a abstracção também não são novidade, mas convém estarmos atentos: o tourinho da Guernica e outros da obra do Picasso têm quilómetros e quilómetros de gado vacum desenhado à proporção.

Não existe nem linguagem estética sem linguagem, quanto mais filosófica. Mas nesta matéria não me alongo, já que aqui tenho visto gente muito mais interessante a falar do assunto, do que tudo o que eu possa dizer sobre filosofia.

O contraditório, assumido como essência do ser é uma aberração, e para os outros, no mínimo, passamos a ser uns palhaços.

O Weinberg está a ver bem a coisa. Se os pós modernistas se identificam com desenhos como alguns que se têm visto nestas caixas, então, os pós modernistas não são só quentes. São só térmica. E, pelos vistos, implodem! A adoração do nada só pode ser um processo de autofagia intelectual.

O Maneirismo foi um período curto, numa época lenta. Numa época de modas e fasttudo como hoje, cá estaremos para ver a durabilidade, consistência e importância de muitas ideologias.

Artur Figueiredo

PS. O post acerta no essencial: As nossas crianças. E o tal questionário numa coisa é bastante clara: pode ser exímio a analisar o jusante e o montante, mas é nulo em relação ao próprio local: o aluno. O meu anterior comentário era obviamente um cartoon, como tal, exagera a realidade, mas a moldura existe. Defendo um estatuto elevado para os professores, mas que seja merecido. Subscrevo por inteiro o comentário da professora Elvira Callapez.

Anónimo disse...

Oliveirinha !? Que familiaridade, meu caro Baixinho Rachinha...
Mas olhe : estou convencido de que a partida que o cientista de terceira, que é o Sokal, pregou aos pretenciosos do pós-modernismo, de certeza que fez rebolar de gozo todos os cientistas de primeira e de segunda.
JO

Anónimo disse...

É abominável esta tendência para desvalorizar os argumentos com base em preconceitos de status como «cientistas de terceira». E fazem-no com irritação e desconsideração pelos outros demonstrando incapacidade para debater ideias. É ou não válido o desmascaramento feito por Sokal? Só um adepto irredutível do pós-modernismo não consegue aceitá-lo porque é difícil reconhecer a fragilidade dos 'argumentos' da sua corrente de 'pensamento'.

Convido estes azedos comentadores a explicarem a frase do teste que o post denuncia. É de digestão impossível.

Anónimo disse...

ò azeitoninha :) não estás a ver a coisinha. estou-me marimbando para o roque e a amiga e os pós-ótários criticados pelo roque e a amiga. perguntei foi que trabalho de relevo têm o roque e a maiga em ciência pura e dura, uma vez que o que aparece na net é só parvoice sobre o embuste. respondeste? não? então cala-te, pá!

ou bai ou bai, e bai mesmo.

Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) disse...

Concordo que a objectividade da ciência é problemática e que um número representativo dos seus levitas dormitam num grande sonho dogmático. O maniqueísmo e o proselitismo tendem a convertê-lo num pesadelo (para os outros). Mas não é isso que quero comentar.

De pós-modernismo sei pouco; limito-me a registar a arrogância e o pedantismo de um número representativo dos seus corifeus. Mas não é isso que quero comentar.

O meu interesse neste post concentra-se na inteligibilidade do item do teste aqui apresentado. Realmente, ele há cada uma!

Depois de o ler e reler, verifiquei que está repleto de falhas tipográficas, resultantes quase todas de palavras colocadas fora de ordem. Após algum tempo de aturada desconstrução, e através de uma abordagem reconstrutiva (inspirada nas técnicas da medicina dentária) a que chamei de pós-pós-modernista, obtive o texto que originariamente o autor pretendera escrever:

“ Numa cultura de multifacetáveis, perfunctórios e congruentes dogmatismos, valores, labialismos, «referências» culturais, pragmatismos, cepticismos, determinismos, fatalismos, autismos, narcisismos, relances... – mais ou menos camuflados por dinâmicas sinalagmáticas e confinantes – um parolismo, embora sistemático, sobre a dicotomia programática da Civilização, permite transumir-se liminar, razoavelmente, a susceptibilidade de desfibrá-la, entre outras, nas seguintes ossaturas axiológicas mediáticas canhestras, fragmentárias, exógenas, endógenas..., a entrecruzaram-se, afigurarem-se, transubstanciarem-se, transversalizarem-se, etc. v.g. Época-Disciplina; Labilismos-Turismos. “

Por favor, se estiver enganado, corrijam-me.

Rui leprechaun disse...

Muito interessante... ó se é!

Mas lá de modernismos, mais prés e pós nada digo. Simples rótulos e palavras têm pouco interesse, interessa mais discutir a substância do que a forma!

Ora essa defesa da famosa "objectividade" da ciência que aí surge na citação de Weinberg soa-me deveras antiquada... e cada vez mais e mais e mais!!!

Aliás, já vi que há alguns excelentes comentários que focam justamente a incongruência de um tal pensamento passadista, perante a desconstrução da realidade que cada vez é menos objectiva e mais subjectiva, algo que a sapiente filosofia do Oriente conhece há já muitos milhares de anos! Enfim, ainda que muito atrasados lá vamos aprendendo o mesmo, e não era sem tempo...

Anyway... é compreensível que se defenda a objectividade ao nível macroscópico e no dia a dia - a tal vaca que é uma vaca - e daí... Nem mesmo ao nível dos sentidos essa mítica objectividade existe, mas façamos de conta, só para simplificar. Porém, ao falarmos de ciência, estamos por certo a ir um pouco mais além do empirismo dos fenómenos facilmente observáveis, não é verdade? Ora, por muitas voltas que se dêem ou por mais que se torçam e retorçam as fórmulas matemáticas, já não há mesmo forma de escapar àquilo que a física das partículas nos vem dizendo cada vez mais alto e claramente: o realismo materialista está morto... dead... kaput e enterrado!!!

O ultra-excelente comentário que refere o artigo "The second quantum revolution" retoma algo que eu já tinha dito aqui, quando a "New Scientist" publicou a experiência dos físicos da Universidade de Viena. Na altura, chamei-lhe mais um prego no caixão do realismo que teima numa objectividade que simplesmente não existe, como a própria ciência se vem encarregando de demonstrar mais e mais.

E, muito obviamente, uma coisa é e não é... that's it!!! Se não no macrocosmos, no microcosmos uma tal afirmação é verdadeira... e há já 8 décadas que o sabemos!!!

Ou seja, e repetindo de novo e uma vez mais as palavras que insistentemente verto em ouvidos surdos:

A Ciência não desvenda nenhuma realidade objectiva e imutável, quer ela exista ou não exista, simplesmente faz a melhor descrição possível acerca do que conseguimos observar... and that's all!

Não ter a humildade e coragem para reconhecer algo tão simples e indesmentível é de facto negar o próprio espírito científico! É que já não estamos no séc. XIX, este é 21º século e a ciência avança, mesmo que tenha de deixar para trás os saudosistas que se agarram a dogmas que julgavam imutáveis, mas que nunca o são e nunca serão!!!


Rui Vaz da Fonseca

Anónimo disse...

Ainda me lembro do dia em que pela primeira vez tomei conhecimento do Princípio da Complementaridade. Já lá vão uns bons 40 anos. Era estudante do IST e fiquei desanimado. Uma coisa que umas vezes é partícula e outras vezes é onda não podia constituir uma correcta descrição da realidade. Tomei aquele princípio como uma prova de que ainda havia muito por descobrir no domínio do mundo microscópico e fiquei na expectativa de que mais tarde ou mais cedo a Ciência conseguisse desfazer a ambiguidade. Tanto quanto se sabe, a tarefa está difícil. No ano seguinte tomei conhecimento do Princípio da Incerteza e de outras formulações da Mecânica Quântica (naquele tempo ainda não havia a cadeira de Inglês Técnico e os estudantes de engenharia tinham de estudar coisas mais complicadas). Foi nessa altura que tive um mau pressentimento. Com tantas incertezas e complementaridades, dei comigo a recear que os cientistas tivessem dado uma oportunidade de ouro aos charlatães. É que antes os charlatães contumavam entrar pela porta dos fundos. Com as incertezas e complementaridades da Mecânica Quântica, os cientistas tinham-lhes aberto a porta da frente.
Jorge Oliveira

Anónimo disse...

é bom ver que os cientistas não são nada dogmáticos. este tem as mesmas ideias à mais de 40 anos, e insiste...

Anónimo disse...

"há" e não "à", claro...

Unknown disse...

Caros comentadores, mas afinal o que fez Sokal para alem de aldrabar um artigo?!
E so ir a pagina virtual dele e verificar que ali so se da importancia ao seu ataque ao pos-modernismo!
Onde esta a Fisica?
Ele nao e suposto ser fisico?!
Quer os seus defensores - nao sei porque os tem - queiram quer nao ele so se tornou conhecido - em circulos restritos saliente-se - por causa da sua aldrabice que visava promover as suas posicoes ideologicas!
Fazer ciencia e isto ?!
O que fez ele pela Fisica?
Ainda por cima ele dedica-se a Estatistica!
Ora, para um estatistico nao perceber o minimo de Pos-Modernismo, isso quer dizer que ele e do pior tipo de Positivista possivel: alguem que acredita que os modelos estatistico-matematicos correspondem a uma realidade objectiva!
Isto nao e filiacao ao Realismo!
E fundamentalismo Ateu!

Alias Dawkins segue o mesmo caminho pois ele nao e conhecido por ser palentologo mas pelos seus ataques a Religiao - como o seu novo livro "The God delusion" mostra.

A Matematica e a Fisica sao construcoes abstractas do cerebro humano que visam criar a ilusao que conseguimos tornar o Universo que nos rodeia mais tangivel e compreensivel!

Como sao construcoes intelectuais sao faliveis e mutaveis. A Fisica do seculo 21 nao e a mesma do seculos 17 e muito menos do tempo de Aristoteles.
Por isso nao se deve usar o termo Lei mas POSTULADO.

A partir do momento em que as pessoas deixam de perceber o anterior, deixa-se de estar a fazer ciencia para estar a construir uma crenca!

Sokal e Dawkins sao sumo-sacerdotes duma crenca fundamentalista que mina a verdadeira atitude cientifica da duvida constante mas metodica.
Do eterno debate e refutacao.
A Ciencia e a aceitacao do eterno devir heraclitiano!

A ironia disto e que so o Pos-Modernismo explica porque razao Sokal e Dawkins fazem o que fazem!
Tentai usar o Positivismo ou o Realismo!
Nao conseguirao!

Quanto ao texto apresentado:
nada tem que ver com o Pos-Modernismo!

Nao escrevo mais nada sobre o texto apresentado, pois nao vi o teste nem sei mais nada sobre ele.
So temos uma informacao tendenciosa e parcial, de alguem que - faltando-lhe argumentos - quer usar um qualquer texto absurdo para infantilmente atacar o Pos-Modernismo.

Sera que o professor Fiolhais quer subir de escalao a custa do Pos-Modernismo - em vez de descobrir algo de verdadeiramente util ou revolucionario na Fisica?
E isto ser cientista?
Para mim e ser sacerdote!
Mas quem sou eu...

Anónimo disse...

Amen.

Anónimo disse...

Esta caracterização do pós modernismo é caricatural. O exemplo da vaca! Eis um exemplo relevante para ilustrar a rigor metodológico que rege os filósofos da ciência. Existem bons e maus filósofos no chamado pós modernismo, como em tudo. Esta do "nós cientistas" tem muita piada. Pois bem. Então o Sr cientista que me explique como é que transpõe a objectividade material ou causal da vaca para uma interpretação de processos sociais. Depressa perceberá que a complexidade do social é muito mais difícil de compreender do que a sua mísera vaca. Propõem mundos e fundos e acabamos sempre com vacas, morcegos, qualidades materiais de objectos, estados neuronais etc etc...

Aqui a vaca é o animalzinho ruminante. Não pode ser sagrada.

Anónimo disse...

Ainda há aqui quem pergunte : afinal o que fez Sokal pela Física? Livra ! Desmascarar parlapatões anti-Física é uma obra inestimável. Quem preza a Física e outras ciências só pode estar agradecido a Sokal e a Bricmont pelo fantástico livro Imposturas Intelectuais. E, já agora, também ao nosso Prof. António Manuel Baptista que se esforçou por desmascarar o parlapatão-mor cá da terra, o Boaventura Sousa Santos.

Paulo Gama Mota disse...

O pós-modernismo foi o maior flop intelectual do Séc. XX. Produziu algumas das maiores insanidades apresentadas com grande convicção, que seriam hilariantes se não fossem tão tristes.

Uma amiga minha psicóloga explicava-me há muitos anos o que era ser Lacaniano: se você conseguir dizer uma série de coisas que ninguém entenda, nem mesmo você, então deve ser muito bom.

Sokal, que está noutra divisão, fez o que qualquer mente racional lúcida faria: expôs o rei. E o rei ia nu.

E continua.

Cito o filósofo Michael Ruse, na obra "Mistery of misteries", quando se refere ao cavalo de tróia de Sokal:
"Nonsense in polysyllables, pretending to be a serious contribution to knowledge.
However, the editors of a major journal, 'Social Text', in the trendy new academic discipline of "cultural studies", did not read it that way. They took the paper seriously and published it. At once, the author, a reputable physicist from New York University, revealed it for the hoax - the pseudo-article - that it is. Whereupon, failing to realize that there are times when the only sensible course of action is to maintain silence, as dignified as you can make it, one of the gurus of cultural studies penned a long and windy and essencially irrelevant opinion piece in The New York Times, defending the editors in their silly and (to be frank) slipshod actions."

O livro está traduzido na Relógio de Água e mostra que, sendo a ciência uma construção social, é talvez a melhor construção social de que fomos capazes como humanos.

PGM

Azul Neblina disse...

Para que conste: "My research centers on topics at the interface between mathematical physics (notably statistical mechanics and quantum field theory) and combinatorics, together with a strong dose of probability and complex analysis. In particular, I am interested in the real and complex zeros of combinatorially defined polynomials such as the Tutte polynomial (and its specializations such as the chromatic polynomial and the flow polynomial), and their relation to phase transitions in statistical mechanics. Some of this work leads to the investigation of "classical" problems in complex analysis.

I am also interested in developing, analyzing and applying Markov-chain Monte Carlo algorithms for problems in statistical physics. This involves methods of probability theory along with large-scale computation."

Aparentemente é o que o Sokal faz actualmente na área da Física (http://www.ucl.ac.uk/Mathematics/staff/ASokal.html).

Mas não me parece ser isso que está em questão. O Sokal até podia ser um físico medíocre, como muitos que enchem as cátedras universitárias portuguesas, mas ele foi o primeiro a colocar o dedo na ferida de uma forma clara e com algum mediatismo que permitiu levar a questão aos mais distraídos. É caso para dizer: depois de Sokal & Bricmont já não há desculpas para escrever coisas como a "o pénis tem a raíz quadrada de menos um" (ou algo parecido, Lacan). Ora, para além da hipótese do meu sexo ser um número imaginário ser algo com que não convivo nada bem, o certo é que não vou nada à bola com desonestidades intelectuais nem com leituras apressadas das coisas. É nesse sentido que acho o embuste do Sokal uma delícia; certamente o Borges (se fosse vivo) iria rir-se a bandeiras despregadas peor esta pequena infâmia.

Em Portugal temos vários exemplos desses dislates relativistas. Basta ler algumas coisas que o Boaventura Sousa Santos ou mesmo o Francisco Louçã escreveu. Não é, contudo apanágio da esquerda. Exemplos não faltarão da direita.

Anónimo disse...

De acordo com a base de dados
"Web of Science"
o curriculum cientifico de AD Sokal pode ser "quantificado" assim:

artigos: 103
citações: 2979
index h: 27 (i.e. tem 27 artigos com mais de 27 citacoes).

Anónimo disse...

O inconsciente de Freud também foi nonsense.

Hoje a sua existência é demonstrada pela ciência cognitiva.

Freud também afirmou que a funcionalidade da mente é fundamentalmente plástica.

Hoje a ciência cognitiva demonstra que isto é verdade.

Descobriu a fase oedipal...

Hoje...

Lacan afirmou que o inconsciente é um processo essencialmente linguistico.

Hoje...

Unknown disse...

Quereis defender Sokal?
Estais no vosso direito.
Eu li as informacoes que ele quis por no mundo virtual e quer queiram quer nao ele foca-se na sua grande impostura!
Nao nos seus eventuais trabalhos cientificos!
No fui eu que construi o sitio dele!
Se para ele a Fisica e assim tao importante porque razao releva a sua aldrabice em vez das suas investigacoes?!
Eu teria gostado bastante de ler os seus contributos para a Fisica!
Mas onde estao?
Um comentador tve de ir ate a Web of Knowledge para saber quantos artigos Sokal publicou!
Entao nao e estranho ele nao os referir no seu sitio?

Em relacao ao Pos-Modernismo, mas sera que quem o critica sabe o que esta a fazer?

Um "flop" (seja la o que isso for)?!

O Pos-Modernismo e a atitude filosofica que defende que e o nosso cerebro que constroi a realidade, tal como a neuropsicologia tem vindo a confirmar.

Negar o Pos-Modernismo e negar os avancos da neuropsicologia!

Sera que acreditais em Descartes?
Existe um intelecto algures na hipofise?

Mostro ja como e o cerebro que constroi a realidade:
pensai nas diversas anomalias visuais como o Daltonismo.

Se a maioria de nos fosse Daltonica qual era a definicao da verdade das cores?
Que cores teria a realidade?
Os que hoje sao considerados normais seriam os anormais!

Ja agora, conparai-vos com uma abelha!
Nos vemo as flores duma maneira e elas doutra.
Ate termos tecnologia para isso, nem sonhavamos que a aparencia das flores poderia ser diferente daquilo que nos viamos, dependendo do comprimento de onda.

A realidade e construida culturalmente no nosso cerebro!
Nao gostais disto?
Se calhar precisais de certezas!
Por isso escrevi que ha uma mentalidade de crenca por detras dos ataques ao Pos-Modernismo!

A necessidade de certezas e que mata a Ciencia...

Pedro Alves

Anónimo disse...

Não será possível um meio termo entre positivistas e o pós-modernismo com consequências relativistas? Não haverá a hipótese da construção intersubjectiva do conhecimento? Não será esta a única solução, se não para a Física, pelo menos para as humanidades. A não ser que este campo não seja ciência. É fasificável? Não é!? Então que seja argumentável. É o que aqui se faz.

A panaceia da educação ou uma jornada em loop?

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