sábado, 19 de maio de 2007

Vale a pena ler

Título: O Mistério de Todos os Mistérios
Autor: Michael Ruse
Tradução: Ana Paula Tanque e Maria Helena Serrano
Editor: Quasi, 2002, 320 pp.

Este livro apresenta-se como um “case study”. Usando a história da teoria da evolução pela selecção natural, o autor procura determinar até que ponto é a evolução biológica uma mera construção humana, como defendem alguns sociólogos e filósofos, ou se é uma realidade, como defendem outros filósofos e praticamente todos os cientistas. Para isso, percorre a história das ideias biológicas, dedicando dez capítulos a outros tantos autores: Erasmus Darwin, Charles Darwin, Julian Huxley, Theodosius Dobzhansky, Richard Dawkins, Stephen JayGould, Richard Lewontin, Edward O. Wilson, Geoffrey Parker, e Jack Sepkowski. O objectivo de Ruse é determinar até que ponto a actividade científica destes autores, que fundaram e desenvolveram a biologia evolucionista, responde a preocupações ideológicas subjectivas, ou antes a valores epistémicos objectivos. O capítulo 1 é dedicado a Karl Popper e a Thomas Kuhn, e é provavelmente a melhor exposição das ideias destes filósofos (no que respeita à filosofia da ciência) disponível em português. E só por isso valeria a pena comprar o livro.

5 comentários:

Anónimo disse...

É claro que a teoria da evolução é essencialmente ideologia. Alguém já assistiu à criação de uma espécie inteiramente nova, com novas e mais complexas estruturas e funções, a partir de mutações e selecção natural?

Anónimo disse...

Caro Desidério:
Quanto a uma exposição rigorosa das ideias de Popper e Kuhn e ainda das de Lakatos,sem excessivos tecnicismos e mantendo-se relativamente equidistante das várias posições, ainda prefiro os primeiros capítulos do meu livrinho "A Filosofia da Ciência de Paul Feyerabend". Neste caso, além de estar em português é também de autor português. Sem falsas modéstias, não acho que seja pior do que a obra que mencionas. E até toca aspectos que são importantes e não constam da obra que mencionas. Mas, claro, santos da casa não fazem milagres, apesar de tu até conheceres a obra em causa, porque tive a oportunidade e o prazer de ta oferecer, nos idos de 1998/99. Isso também é uma questão de atitude, não te parece? Por isso é que nem me preocupo em inserir o clássico "passe a publicidade"...
Um abraço.
Porfírio Silva

Desidério Murcho disse...

Olá, Porfírio

Não vejo nenhum mal num autor divulgar os seus livros, e acho que fazes muito bem em divulgar o teu aqui!

Não concordo que os santos da casa não fazem milagres. Os santos fazem milagres ou não independentemente de serem ou não da casa: o que conta é a qualidade intrínseca do trabalho, e não a casa a que pertencem.

É uma pena que o trabalho introdutório humilde não seja visto com bons olhos, pois sem um bom trabalho a este nível os estudantes (e o grande público) ganham deficiências formativas que a nível do doutoramento será impossível corrigir, sendo que o resultado será investigadores sofríveis.

Anónimo disse...

Belissímo ensaio este do Michael Ruse. refiro-me concretamente à exposição de Kuhn e Popper.
Conheço o último livro, publicado na Quasi de Porfírio Silva, mas não o li. Não conhecia este outro que aqui refere, mas vou aproveitar a sugestão. Os leitores são ainda a melhor prova da qualidade dos livros de divulgação.
Abraço
Rolando Almeida

Anónimo disse...

Michael Ruse é honesto. Para ele o darwinismo é essencialmente uma religião.

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