quinta-feira, 31 de maio de 2007

CEM MIL VISITANTES

Muito rapidamente - mais rapidamente do que pensávamos- o blog "De Rerum Natura" atingiu o número impressionante de cem mil visitantes!

Um meio interactivo como este é não apenas da equipa dos seus autores mas também, e em larga medida, dos seus visitantes. Muito obrigado a todos. Prometemos continuar, procurando fazer mais e melhor. E esperamos merecer mais, muito mais visitas...

13 comentários:

Anónimo disse...

Sempre gostei imenso deste blog, mas há uma particularidade que me irrita um pouco, como utilizadora. Na verdade, uso um leitor de RSS para me colocar a par da informação que considero interessante.
É impensável visitar todos os sites, blogs etc que quero, sem este tipo de sistema. Acontece que as vossas feeds não deixam ver os posts inteiros, mas apenas uma parte.
Poder-se-ía supor que se o leitor não for ao blog, então não é contabilizado e assim vocês não teriam uma ideia do número de leitores, mas penso que hoje esse problema é resolvido pelo feedburner. Seria possível libertarem o post inteiro?

Anónimo disse...

E já agora, outro pedido, que só reparei agora porque é a primeira vez que comento (normalmente leio apenas os posts).
Seria mais fácil se colocassem um link no título do blog para tornar à home, ou colocar um link de lado para a home.
Para sair deste post e ver o blog inteiro, neste momento só se me afigura limpar o " /2007/05/cem-mil-visitantes.html" e fazer enter.

Anónimo disse...

Parabéns! O blog está muito fixe, já aprendi aqui umas coisas, com os autores e também com os comentadores! Só temos que vos agradecer, porque vê-se que vocês perdem umas horitas com isto, é um trabalho gratuito (A FCT não vos paga nada, pois não?!), e ainda têm que nos aturar, gramar com o maralhal a tentar picar qualquer coisa dos posts!
O Sr. Carlos Fiolhais passa-se um bocado com os anónimos, mas é normal, eu não esperaria outra coisa de um tipico aluno certinho de média 19 que nunca se meteu em grandes mocas e maluqueiras, mas prontos, é um catedrático certinho e com bom trabalho de divulgação, o que muito é fixe para nós!
O sr. Desidério às vezes desencanta umas perguntas malucas, como: o sentido da vida de um cérebro dentro de uma cuba, mas também está bem, fora isso!
O resto do pessoaltambém está fixe, incluindo os guest stars. A Dona Palmira também manda uma grande tola, além de dominar a química ainda dá festival de história, religionisidades, etc.
Como diria o Prof. Doutor Leitor Martelo: 17 em 20.
Boas continuações e obrigado pelo trabalho.
luis

Alef disse...

Também saúdo os autores deste blogue nas suas 100.000 visitas, pela grande qualidade da generalidade dos «posts» e por proporcionarem um necessário espaço de «interacção» entre distintas áreas do saber e sensibilidades, que a todos enriquece. De assinalar ainda a enorme qualidade de muitos dos comentários. Bem hajam.

E com este ritmo, e a acelerar, depressa se chegará ao milhão de visitantes. Parabéns a todos!

Faço minha a última proposta da Paula Simões: que o título do blogue «seja» um «link» para a «home». Tornará a navegação mais fácil.

Alef

Desidério Murcho disse...

Obrigado pelas vossas palavras. Sugestões atendidas: rss total (espero) e link para o blog no títalo. Cheers!

Anónimo disse...

Confirmo, lá recebi o post "Argumentos cogentes" inteirinho!
E já se torna mais fácil voltar à home.
Muito obrigada :-)
Bem-hajam!

João Vasco disse...

Muitos parabéns!

Continuação de bons textos e debates :)

Anónimo disse...

Junto também os meus parabéns.
Tenho aprendido muito e considero ter nos artigos deste blog uma boa fonte de informação e de discussão sobre os mais variados temas.
Admiro a capacidade de manterem o blog actualizado e a capacidade que apresentam de pensar e cruzar vários assuntos. Como professores, creio que são bons modelos para os vossos alunos, quer como cientistas e investigadores quer como cidadãos.
Também aprecio o blog pelas participações dos visitantes. Felicito o facto de, globalmente, o nível das participações ser bom, com discussão das ideias e sem o desnecessário ataque pessoal ou sem o desdém linguístico tão frequente. Por vezes acontece, mas também tem havido algum controlo que tem funcionado.
Parabéns e obrigado pelo trabalho que têm oferecido a todos.
Maria Rodrigues

Fernando Martins disse...

Os meus parabéns pelo número mágico e pela divulgação científica...!

Uma sugestão - regressa hoje a Portugal o espólio da Mina da Guimarota (um dos achados palentológicos mais importantes do mundo...). Não seria este um bom local para o divulgar...?

Anónimo disse...

Os meus parabéns aos autores. O trabalho que desenvolvem em favor da desmistificação da cultura e da exigência de educação de qualidade não tem comparação em Portugal. E é saudável poder partilhar este espaço com gente ligada à ciência ou filosofia, como é o caso dos autores. Este blog é uma referência!!
Abraço
Rolando Almeida

Anónimo disse...

E nem tudo são rosas, apesar disso. Confesso que antes de ler um post neste blog decido ver primeiro quem é o autor para chegar a uma pesada decisão: valerá a pena ler ? Tão cedo começou tão cedo os espinhos estão espinhos já tão cravados. Por muito muito bonita que seja a bela costuma ter sempre um senão.

Anónimo disse...

Talvez seja como Susan Neiman diz: ninguém devia atribuir-se a si próprio o pomposo título de filósofo . Quantos filósofos terão dado lições de modéstia ? Por outro lado, já Agostinho Silva tinha divergências com os colegas por considerar que todos eram filósofos. E, diz ainda Susan Neiman: na altura que estudava filosofia, os seus professores nem sequer consideravam Sartre um filósofo, quando a filosofia era para ele o próprio respirar.
E, dizia Pacheco Pereira que o actual papa Bento XVI é um entendido em filosofia e alguns leitores comentadores de blogues que Richard Dawkins não percebe nada de filosofia.

Quanta falta de modéstia!... Será isto a ponta de um iceberg?

Anónimo disse...

Não queria deixar de dar os parabéns aos autores do blog pelas cem mil e visitas e a todos os colegas das caixas de comentários pelos bons momentos de conversa.

Por manifestas insuficiências da minha parte e muita preguiça intelectual associada, permitam-me que utilize excertos de "A Biblioteca de Babel " de Jorge Luís Borges para demonstrar a minha satisfação. JLB porque, entre outros motivos, gosto especialmente, porque a metáfora das várias línguas da Torre de Babel frequentemente aparece no blog e, porque nos tempos actuais de bovinização e falta de integridade intelectual, o cinismo que me parece caracterizar a obra de JLB, é uma arma tão admissível como qualquer outra.

"By this art you may contemplate the variation of the 23 letters..
The Anatomy of Melancholy, part 2, sec II, mem. IV"

"O Universo (a que outros chamam A Biblioteca) compõe-se de um número indefinido e talvez infinito, de galerias hexagonais, com vastos poços de ventilação no meio, cercados por parapeitos baixíssimos. De qualquer hexágono vêem-se os pisos inferiores e superiores: interminavelmente. A distribuição das galerias é invariável. Vinte estantes, a cinco longas estantes por lado, cobrem todos os lados menos dois; a sua altura, que é a dos pisos, mal excede a de um bibliotecário normal. Uma das faces livres dá para um estreito saguão, que vai desembocar noutra galeria, idêntica `a primeira e a todas. à esquerda e à direita do saguão há dois gabinetes minúsculos. Um permite dormir de pé; o outro, satisfazer as necessidades finais. Por aí passa a escada em espiral, que se afunda e se eleva a perder de vista. No saguão há um espelho, que fielmente duplica as aparências. Os homens costumam inferir desse espelho que a Biblioteca não é infinita (se o fosse realmente, para que serviria esta duplicação ilusória?); eu prefiro sonhar que as superfícies polidas representam e prometem o infinito... A luz provém de umas frutas esféricas que têm o nome de lâmpadas. Há duas em cada hexágono: transversais. A luz que emitem é insuficiente, incessante.

Tal como todos os homens da Biblioteca, viajei na minha juventude; peregrinei em busca de um livro, se calhar do catálogo dos catálogos; agora que os meus olhos quase não conseguem decifrar o que escrevo, preparo-me para morrer a poucas léguas do hexágono em que nasci. Morto, não faltarão mãos piedosas que me atirem pela balaustrada; A minha sepultura será o ar insondável; o meu corpo precipitar-se-á longamente até se corromper e dissolver no vento gerado pela queda, que é infinita. Eu afirmo que a Biblioteca é interminável. Os idealistas argumentam que as salas hexagonais são uma forma necessária do espaço absoluto, ou pelo menos da nossa intuição do espaço. Consideram que é inconcebível uma sala triangular ou pentagonal. (os místicos pretendem que o êxtase se lhes revela uma câmara circular com um grande livro circular de lombada contínua, que dá toda a volta das paredes; mas o seu testemunho é suspeito; as suas palavras, obscuras. Esse livro cíclico é Deus.) Basta-me por agora repetir a clássica sentença: A Biblioteca é uma esfera cujo centro cabal é qualquer hexágono, e cuja circunferência é inacessível.
....
...Estes exemplos permitiram que um bibliotecário de génio descobrisse a lei fundamental da Biblioteca. Este pensador observou que todos os livros, por muito diferentes que sejam, constam de elementos iguais: o espaço, o ponto, a vírgula, as vinte e duas letras do alfabeto. Também acrescentou um facto que todos os viajantes têm comprovado: Não há na vasta Biblioteca dois livros idênticos. Destas premissas incontroversas deduziu que a Biblioteca é total e que as suas estantes registam todas as possíveis combinações dos vinte e tal símbolos ortográficos (número, embora vastíssimo, não infinito) ou seja tudo o que nos é dado exprimir: em todos os idiomas....
Quando se proclamou que a Biblioteca abrangia todos os livros, a primeira impressão foi de extravagante felicidade. Todos os homens se sentiram senhores de um tesouro intacto e secreto. Não havia problema pessoal ou mundial cuja eloquente solução não existisse nalgum hexágono. O universo estava justificado, o universo bruscamente usurpou as dimensões ilimitadas da esperança....
...
Afirmam os ímpios que o disparate é normal na Biblioteca e que o razoável (e até a humilde e pura coerência) é uma quase milagrosa excepção. Falam (eu sei-o) da "Biblioteca febril, cujos fortuitos volumes correm o incessante risco de se transformarem noutros e que tudo afirmam, negam e confundem como uma divindade que delira". Estas palavras, que não só denunciam a desordem mas também a exemplificam, provam de maneira notória o seu péssimo gosto e a sua desesperada ignorância. Com efeito, a Biblioteca inclui todas as estruturas verbais, todas as variações que permitem os vinte e cinco sinais ortográficos, mas não um único disparate absoluto. Não vale a pena observar que o melhor volume dos muitos hexágonos que administro se intitula Trono penteado, e outro A cãibra de gesso, e outro Axaxaxas mlö. Essas propostas, à primeira vista incoerentes, sem dúvida são susceptíveis de uma justificação criptográfica ou alegórica; essa justificação é verbal e, ex hypothesi, já figura na Biblioteca. Não posso combinar uns caracteres
dhcmrlchtdj
que a divina Biblioteca não haja previsto e que nalguma das suas línguas secretas não contenham um terrível sentido. Ninguém pode articular uma sílaba que não esteja plena de ternuras e de temores; que não seja nalguma dessas linguagens o nome poderoso de um deus. Falar é incorrer em tautologias. Esta epístola inútil e palavrosa já existe num dos trinta volumes das cinco prateleiras de um dos incontáveis hexágonos e também a sua refutação. (Um número n de linguagens possíveis usa o mesmo vocabulário; numas, o símbolo biblioteca admite a correcta definição ubíquo e duradouro sistema de galerias hexagonais, mas biblioteca é pão ou pirâmide ou outra coisa qualquer, e as sete palavras que a definem tê outro valor. Tu que me lês, tens a certeza de que compreendes a minha linguagem?)
A escrita metódica distrai-me da presente condição dos homens. A certeza de que está tudo escrito anula-nos ou envaidece-nos. Conheço distritos onde os jovens se ajoelham diante dos livros e barbaramente lhes beijam as páginas, mas não sabem decifrar uma única letra. As epidemias, as discórdias heréticas, as peregrinações que inevitavelmente degeneram em banditismo, têm dizimado a população. Creio já ter mencionado os suicídios, de ano para ano cada vez mais frequentes. Talvez me enganem a velhice e o temor, mas tenho a suspeita de que a espécie humana -a única - está prestes a extinguir-se e que a Biblioteca perdurará: iluminada, solitária, infinita, perfeitamente imóvel, armada de volumes preciosos, inútil, incorruptível, secreta.
Acabo de escrever infinita. Não intercalei este adjectivo por um hábito retórico; digo que não é ilógico pensar que o mundo é infinito. Quem o julga limitado, postula que em lugares longínquos os corredores e escadas e hexágonos podem inconcebivelmente cessar - o que é absurdo. Quem o imagina sem limites, esquece que os tem o número de livros. Atrevo-me a insinuar esta solução do antigo problema: A biblioteca é ilimitada e periódica. Se um eterno viajante a atravessasse em qualquer direcção, verificaria ao cabo dos séculos que os mesmos volumes se repetem na mesma desordem (que repetida, seria uma ordem: a Ordem). A minha solidão alegra-se com esta elegante esperança.

Mar del Plata, 1941 "

de Jorge Luis Borges, em "A Biblioteca de Babel"

Obrigado a todos e uma vida longa para o DRN.
Artur Figueiredo

NOVA ATLÂNTIDA

 A “Atlantís” disponibilizou o seu número mais recente (em acesso aberto). Convidamos a navegar pelo sumário da revista para aceder à info...