domingo, 8 de abril de 2007

CÁTEDRA OU PÚLPITO?


A ciência consiste na correcção de erros. E eu, como cientista, sinto-me na obrigação de apontar os erros de teor científico de que tenho conhecimento. Mesmo quando vêm de dentro. Tenho pena quando vêm de dentro da minha universidade, mas teria mais pena ainda se um grande erro fosse propalado perto de mim sem qualquer reacção.

Eu não sabia, mas um leitor do blogue informou-me que o criacionismo já anda a ser ensinado na Universidade de Coimbra há algum tempo. No manual "Direito Internacional, Do paradigma clássico ao Pós-11 de Setembro" (Coimbra Editora, 2003, 3ª edição, 2006), da autoria do Doutor Jónatas Machado, que é usado obrigatoriamente na cadeira de Direito Internacional Público e Europeu do segundo ano da licenciatura em Direito (e que é referência bibliográfica noutros cursos de outras universidades), encontra-se logo à entrada uma apologia do criacionismo contendo comentários como (vão "ipsis verbis"):

"Mas o elevado preço imposto pela pretendida libertação do Homem de limitações metafísicas manifesta-se ainda, no pensamento naturalista, na consideração do ser humano como mera máquina espiritual (Ray Kurzweil), apenas quantitativamente diferente de um computador dotado de inteligência artificial, bem como na estafada afirmação da homologia entre os seres humanos e alguns primatas." (pg. 12)

"Outros autores entendem que as intuições valorativas e principiais da consciência humana fazem parte da respectiva estrutura moral básica, constituindo manifestações da existência de um design inteligente no universo, na vida e na subjectividade individual. Para esta orientação, já considerada como o mais importante movimento intelectual dos últimos duzentos anos (...)" (pg. 14)

O autor, activista religioso de verbo fácil, devota largas páginas da introdução à defesa do "intelligent design" (que os leitores deste blogue entretanto já sabem o que é!), com um estilo doutoral que poderá impressionar os leitores menos prevenidos. Será que ensina isso aos seus alunos e que essa matéria faz parte dos exames? E o que é que isso tem a ver com o Direito Internacional Público e Europeu?

E a Faculdade de Direito, que tem uma longa tradição de seriedade intelectual e que é bem conhecida pelo seu rigor científico-pedagógico, não diz nada? Está o seu Conselho Científico suficientemente atento ao que se passa no curso? Como consegue esse caso passar despercebido em avaliações internas ou externas? Será que a universidade permite que do alto de uma cátedra alguém faça proselitismo religioso? Podem os alunos de uma universidade laica ser evangelizados em vez de ensinados?

47 comentários:

João Soares disse...

Sem dúvida um blogue único!!!
Parabéns e desde já vos convido a visitar o meu blogue também!
Já têm um link do vosso blogue na lista de amigos do BioTerra.
Um abraço

acilina disse...

Inconcebível! Que se (ab)use da posição de professor para catequizar sobre convicções religiosas totalmente estranhas à matéria de Direito Internacional Público e Europeu.
E ninguém na Universidade de Coimbra se insurge contra isto?
Será possível que isso não seja conhecido?

Anónimo disse...

Já sabia há bastante tempo que o Doutor Jónatas Machado defende o "intelligent design" e que o refere e defende nas suas aulas. Pelo menos na data em que tomei conhecimento do facto, não creio que tivesse o estatuto de matéria da disciplina avaliada em exame. Na altura também me interroguei sobre a liberdade que, aparentemente, um professor tem de introduzir, nas aulas, os assuntos mais distantes da sua disciplina. No entanto, e como se pode ver por algumas das participações do blogue, nem sempre são discutidas claramente algumas questões importantes como a qualidade do ensino ministrado nas universidades portuguesas. No caso específico dos professores universitários, como acilina refere, há um problema específico que é a questão do uso e do abuso do poder. Este poder é-lhes conferido não só pela função pedagógica que desempenham (que é comum à dos restantes professores), mas também pelo facto de serem, em muitos casos, produtores de conhecimento, o que lhes confere não só a autoridade do saber, mas também a de produzir saber. Sei por experiência próxima que para alguns alunos a questão é apreendida como uma teoria curiosa a ser discutida. Mas não sei se todos os alunos a encaram com esse espírito crítico. Confesso, que só mais recentemente é que me dei conta do total absurdo dos argumentos dos creacionistas e da pseudo cientificação da sua posição. Até aí estava convicta que se tratava de uma oposição entre a crença e a religião.
Maria Rodrigues

Eu não sabia, mas um leitor do blogue informou-me que o criacionismo já anda a ser ensinado na Universidade de Coimbra há algum tempo. No manual "Direito Internacional, Do paradigma clássico ao Pós-11 de Setembro" (Coimbra Editora, 2003, 3ª edição, 2006), da autoria do Doutor Jónatas Machado, que é usado obrigatoriamente na cadeira de Direito Internacional Público e Europeu do segundo ano da licenciatura em Direito (e que é referência bibliográfica noutros cursos de outras universidades), encontra-se logo à entrada uma apologia do criacionismo contendo comentários como:

"(...) estou farto desta homobiologia homem-macaco (...)"

e

"(...) a teoria do intelligent design é a maior conquista intelectual dos últimos 200 anos (...)"

O autor, activista religioso de verbo fácil, devota largas páginas da introdução à defesa do "intelligent design

António Parente disse...

Não conheço o Doutor Jónatas Machado nem pertenço nem sou aderente de nenhum movimento religioso evangélico, por isso sinto-me à vontade para mostrar o meu desacordo com o teor deste post.

Dei-me ao trabalho de ir à página da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e verifiquei que no programa da cadeira de Direito Internacional não se faz qualquer menção ao criacionismo nem ao design inteligente. Mais: uma consulta no site da Livraria Almedina mostra-me que o livro tem 891 páginas e a matéria para exame no ano lectivo cobre apenas a matéria da página 17 até à 385. Será que inclui referências ao criacionismo a matéria para exame? Eu não sei. O Prof. Carlos Fiolhais sabe. E uma pergunta inocente: um aluno que tem um livro de 800 páginas, lê as 800 quando lhe dizem que é suficiente ler 400? Penso que as respostas serão "não". Se fossem "sim" não fazia perguntas, fazia afirmações.

Antes de publicar um post sobre este tema o Prof. Carlos Fiolhais devia ter tido o cuidado de ler o livro do Doutor Jónatas Machado, ver em que contexto é que se cita o criacionismo e o a teoria do ID e verificar se essa matéria é de leitura obrigatória e objecto de avaliação em exames. Fez isso? Mais: deveria assistir às aulas do Prof. Jónatas Machado ou recolher testemunhos de alunos antes de perguntar se há proselitismo religioso. Fez isso?

Num assunto deste tipo, não me parece bem que se levantem suspeitas. Ou se fazem afirmações com bases e/ou fundamentos sólidos ou então não se fazem insinuações contidas em perguntas que, do meu ponto de vista e com as citações apontadas (duas frases em mais de 800 páginas), me parecem com fraca base de sustentação.

Além disso, se eu fosse estudante da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra sentia-me insultado por este post porque parte do princípio (quanto a mim errado) que os alunos do Prof. Jónatas Machado deixam-se evangelizar pelo docente e são completamente acríticos em relação ao que lêem.

Quando andei na Universidade "apanhei" com uma disciplina anual sobre Karl Marx e não me tornei marxista por causa disso. Não acredito que 25 anos depois de ter deixado a Universidade os jovens actuais sejam completamente acríticos. Mal irá este país se isso for verdade.

E para terminar: se consultar o Google verá que o livro do Prof. Jónatas Machado é citado em acórdãos do Tribunal da Relação de Lisboa. Vai acusar esse Tribunal de não ser "laico" e de basear-se num livro "religioso" para fundamentar decisões jurídicas?

António Parente disse...

Faltou um ponto de interrogação: onde se lê "O Prof. Carlos Fiolhais sabe." deve ler-se "O Prof. Carlos Fiolhais sabe?"

Anónimo disse...

António Parente,
Laico seria tirar um tipo da aliança evangélica dos assuntos que dizem respeito a todos. E tem uma prova boa de que o tribunal não parece ser laico. é alguma heresia pensar isto?
Rolando Almeida

Anónimo disse...

Tenho aqui uma série de livros, e nenhum deles defende o ateísmo, nem um!

Pior, e ainda mais incrível, nenhum deles se auto-elogia a dizer que esta é que foi a melhor conceptualização/teoria dos últimos dois séculos.

Questão, faz sentido a bibliografia de uma cadeira técnica (direito é técnico no sentido estrito da sua prática e execução) - "Direito Internacional" - andar com disparates e, ainda por cima, IDiotas?

Não, não faz, diga-se o que se disser, não faz.

Um professor que recomende um livro de sua autoria como referência base (não sei se é referência exclusiva, mas não me admiraria) para uma cadeira por si leccionada deve ter cuidados redobrados antes de se pavonear em asneiras.

"Quando andei na Universidade "apanhei" com uma disciplina anual sobre Karl Marx e não me tornei marxista por causa disso. Não acredito que 25 anos depois de ter deixado a Universidade os jovens actuais sejam completamente acríticos. Mal irá este país se isso for verdade."

A disciplina era sobre o Karl Marx, não era? Ou melhor, era sobre teoria económica. Estarão aqueles alunos inscritos numa cadeira de catequese sem terem dado por isso?

Aqui não interessa o que os jovens fazem com a informação que lhes chega aos ouvidos, aqui interessa é perceber como é que lhes chegam coisas quando se suporia chegar algo completamente diferente.
O professor é livre de ir à missa, e cantá-la se for preciso. Os alunos são livres de fazer o mesmo e de acompanhá-lo.
No entanto, o professor não é livre de fazer a missa durante as aulas que não são aulas de missa por definição. Que parte é que não é óbvia aqui?

devoured elysium disse...

Caro António:

E uma pergunta inocente: um aluno que tem um livro de 800 páginas, lê as 800 quando lhe dizem que é suficiente ler 400?

Por essa ordem de ideias, para quê por então essas 800 páginas num livro que serve de biografia para exame, se 400 bastariam para fazer este?
Seguindo o seu raciocinio, o próprio acto de incluir mais 400 páginas no livro, além das 400 necessárias para o exame seria desprovido de qualquer sentido. Melhor ainda, seria no mínimo esquisito. Pôr 400 páginas a mais, tendo ainda por cima comentários à mistura do género "a teoria do intelligent design é a maior conquista intelectual dos últimos 200 anos". Passada a matéria de exame entramos em modo divagação?
Isto, claro, partindo do principio que o estudante só iria ler as 400 páginas iniciais. Ambos sabemos que este género de raciocinios, tanto o meu referido acima, como o seu, são no mínimo falaciosos.

Além disso, se eu fosse estudante da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra sentia-me insultado por este post porque parte do princípio (quanto a mim errado) que os alunos do Prof. Jónatas Machado deixam-se evangelizar pelo docente e são completamente acríticos em relação ao que lêem.

Pergunto-me(lhe) ainda, como se sentiria um estudante dessa mesma faculdade, se ao ler comentários deste mesmo blog, visse alguém comentar que estes apenas lêem o essencial para passar? Não é o mesmo que lhes chamar mediocres, por natureza? Ou será que o livro é tão secante, que ler as primeiras 400 páginas já terá sido um sacrificio suficientemente grande? Como poder reparar, o argumento, é mais uma vez falacioso.

Jorge Branco

acilina disse...

Eu também fiz um livro de matemática que recomendo aos meus alunos e é usado em algumas faculdades, mas NUNCA me passou pela cabeça colocar nesse livro referências a qualquer outro dos meus interesses pessoais!!!
Que tal se eu colocasse nas páginas iniciais desse livro (de matemática) a minha melhor receita de bacalhau à Brás??? Ou se colocasse a afirmação "a fotografia digital é a maior conquista tecnológica dos últimos 200 anos".
Mesmo que estes assuntos (culinária e fotografia) não venham para exame, nem constem do programa na página oficial da cadeira, alguém tem dúvidas de que é totalmente descabido colocar estas matérias num livro de matemática???
Só mentes muito perversas poderão pensar o contrário.
Mesmo que os alunos tenham maturidade e sejam críticos em relação ao que ouvem, os professores NÃO têm o direito de ocupar o tempo das aulas com totices totalmente irrelevantes para a matéria que têm obrigação de ensinar! É um abuso de poder!

David Cameira disse...

Só uma questão o vosso ódio ao prof jónatas é movido por razões minimamente científicas ou é mais por espírito de seita ??'

A mim parece-me que INFELIZMENTE é mais a segunda hipótese
Há e seobre o EXCELENTE livro do prof Jónatas, eu não tive como manual pq na altura em q fiz a cadeira nao estava escrito e nós usamos o manual do Prof Azevedo Soares ( pergunto-me o pq de a soberana ordem de Malta aparecer nesse manual, afinal estamos a prender direito ou religião....)mas assim q saio a 1ª ed eu fu logo compra-lo para reciclar os meus conhecimentos e devo dizer q dei o dinheiro por muito bem empregeue pq o prof Jónatas me alargou os horizontes e me abriu pistas para novos raciocínios

PARA ALEM DE, COMO É SEU APANÁGIO, quebrar cadeiasa e gaiolas mentais que entorpecem o saudavel exercitar da razao

Fico muito contente por já ir na 3 edição e que tenha vida lomga q tem mérito para isso e muito mais

Alias a direito constitucional julgo que nao seria de todo descabido analizar o " monkey trial " da " supreme court " of USA, até pq o deirito tb é um saber científico/racional

Desidério Murcho disse...

O que está em causa não é saber se os estudantes se vão deixar convencer acriticamente pelo proselitismo do Professor Jónatas. O que está em causa é que a sua atitude é condenável porque não respeita a ética básica do professor e do autor de materiais didácticos. Essa ética básica exige imparcialidade, objectividade e distanciamento. O que está em causa é precisamente isto: abuso de poder. Seria como escrever um manual universitário de lógica e desatar a atacar o criacionismo ou o CDS.

Como autor de manuais escolares, considero que esta atitude do Professor Jónatas Machado é aviltante para todos os seus colegas que, como ele, também escrevem materiais didácticos. Ensinar não é doutrinar. Um professor, intelectual e autor que tem mais amor às suas convicções do que à verdade é necessariamente um mau professor, mau intelectual e mau autor.

Parece-me também que a atitude do Professor Jónatas envergonha qualquer crente sério e honesto, que não usa a sala de aula como púlpito nem desata a doutrinar sobre a ressurreição de Cristo ou o mistério da Santíssima Trindade nos seus manuais de geometria. Parece-me que tal ardor no proselitismo é inversamente proporcional ao ardor da sua fé.

David Cameira disse...

" Ensinar não é doutrinar. "

Pois ...mas então todos os prof e livros escolares estão errados desde a minha 4 classe por exemplo

Só um ex , a profª Teresa Beleza faz campanha feminista em todas as suas aula e em vastas paginas dos 2 volemes do seu manual e , pelo menos até agora, ninguem se insurgiu.

" Um professor, intelectual e autor que tem mais amor às suas convicções DO QUE Á VERDADE ( maiusculas postas por mim propositadamente )é necessariamente um mau professor, mau intelectual e mau autor. "
Corectíssimo mas é preciso ver que aqui as ideias do autor são A VERDADE, comprovada cientificamente , e isso é q doi á escola naturalista e racionalista é q tenham encontrado alguem q lhes expoe as falácias publicamente

David Cameira disse...

Julgo que só por fobia sectaria qq coisa q o prof Jónatas faça é criticada e condenada..

Enfim longe de ser um carraco o prof Jónatas até já foi vítima de censura " pidesca " e mal disfarçada qd uma revista on-line de divulgação cientifica retirou do ar um artigo seu pq desagradava á " ciencia " oficial...

Sinto cada vez mais simpatia pela exortação do primeiro ministro Tony Blair aos cientistas do Reino Unido qd os aconselhoa aprecuparem-se mas é com o aquecimento global e não com o criacionismo

Dise JESUS CRISTO nas bem -aventuranças " felizes os que tem fome e sede de justiça porque eles serão fartos " !

Anónimo disse...

«mas é preciso ver que aqui as ideias do autor são A VERDADE, comprovada cientificamente»

Este Cameira é completamente passado, onde é que as palermices da terra com 6 ooo anos e quejandos foram comprovadas cientificamente? A ciência mostra claramente que as palermices criacionistas não passam de palermices.

Esta gente que acredita em transes de analfabetas que "viram" a criação está para além da minha capacidade de compreensão...

Anónimo disse...

Os erros ortográficos e a dificuldade em exprimir-se traduzem bem a confusão mental que vai na cabeça deste Sr. Cameira. Não admira, portanto, que tenha como verdadeiras tantas asneiras, burrices, crendices balofas e macacadas. Coitado!
"Bem aventurados os pobres de espírito, pois deles será o reino dos céus"

David Cameira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
David Cameira disse...

Para não atirar perolas...
Não me rebaixo ao nível do anterior comentador

Carlos Fiolhais disse...

Coloquei citações mais extensas
para que não se diga que estão fora
do contexto.

Luís Pires disse...

É pouco ético propor um livro escrito pelo próprio em que para além de um determinado assunto, é também efectuada propaganda ideológica.

O autor deste texto leva-nos a crer que o referido professor ensina desenho inteligente nas suas aulas, o que não me parece de todo ser o que aquilo que acontece.

Parece-me sim que numa das referências bibliográficas que tratam um determinado assunto também é tratado o desenho inteligente.

Eu não sabia, mas um leitor do blogue informou-me que o criacionismo já anda a ser ensinado na Universidade de Coimbra há algum tempo.

Sim, pode ser pouco ético, mas esta frase parece-me algo exagerada, não ajudando muito ao debate claro e imparcial de ideias a que se propõe o autor deste post.

Pior é ter um professor (e eu sou dos infelizes contemplados que tem) que faz propaganda política nas suas aulas.

Luís Pires

Luís Pires disse...

O senhor David Cameira também não me parece contribuir para um bom debate de ideias.
Em primeiro lugar a sua escrita desprovida de pontuação torna-se extremamente incómoda a uma leitura agradável.
O uso de maísculas também deixa transparecer um certo tom de irritação e de alguma insegurança nas suas posições.
Há ainda que dizer que o referido senhor defende o professor como se de um dogma se tratasse.

Anónimo disse...

Covenhamos: um professor que professa idolatria de modo tão explícito, nunca trabalharia numa universidade séria. Porque não admiti-lo frontalmente? Como é possível, por exemplo, deixar que astrólogos ensinem filosofia ou ciência? E isto é uma realidade. Eles andam por aí... Ainda por cima armam uma guerra tramada contra gente séria e que trabalha. Se querem ser astrólogos ou fazer astrologia, que o façam nos lugares próprios, não nas escolas e universidades. Isto faz-me lembrar quando defendi o meu ateísmo, com argumentos, quando tinha uns 15 anitos e tinha de levar com comentários intolerantes como: "ha, isso vai passar com o tempo"; "coitadinho, é uma alma perdida". Este é um fenómeno psicológico muito curioso. Dá matéria de investigação longa à psicologia. Mas por que raio de ideia aquela gente não me ajudou a compreender a questão de deus e da ciência? A Gradiva fez (e faz!) mais por mim do que essa gente toda que não soube respeitar as minhas inquietações de adolescente que acabariam por me conduzir a uma licenciatura de filosofia onde, curiosamente, também tive muitos jónatas a pregar a palavra da salvação. Paciência! Tive de aprender filosofia por mim mesmo. E há aqui um prolongamento do fenómeno igualmente interessante: é que os jónatas podem dizer o que lhes apetece, pregar o que lhes dá na gana. Mas se alguém os desafia racionalemente, é porque padecem de consistência da alma. Haja paciência! Quem me dera ser psicólogo. Tinha muita matéria para estudo!
Rolando Almeida

Anónimo disse...

O Sr. David Cameira é ou era, um comentador assíduo do Diário Ateísta e, preparem-se os incautos, agora que descobriu este blogue vai dissertar sobre tudo e todos, e sempre sem qualquer tipo de contributo à discussão. A Palmira conhece bem os seus dislates.

António Parente disse...

Caro Rolando Almeida

A palavra "laico" provoca-me "urticária". Nunca sei do que se trata quando falam disso. Também eu me considero laico mas se for debater o laicismo consigo chegaremos a conclusões muito diferentes.

Não considero justo que se discrimine alguém por causa das suas posições religiosas, filosóficas ou políticas. O meu laicismo inclui todos e não exclui nada nem ninguém.

Hoje estou a defender Jónatas Machado versus Carlos Fiolhais mas se amanhã a situação for inversa estarei ao lado de Carlos Fiolhais contra Jónatas Machado.

António Parente disse...

Caro Jorge Branco

1) Um livro de Direito pode não ser simplesmente um manual escolar. Quando um livro de Jónatas Machado é citado em acórdãos do Tribunal da Relação de Lisboa, em tribunais de outros países ou está na biblioteca da Procuradoria-Geral da República deixa de ser um simples manual escolar para ser uma obra de referência jurídica, goste-se, ou não, do seu autor.

2) Não me causa qualquer tipo de confusão, como parece causar-lhe a si, que o programa de uma disciplina universitária seja apenas parte de um livro. Consulte as páginas online das universidades e verá exemplos idênticos (em termos de extensão do programa e da sua relação com os manuais adoptados) aos do Jónatas Machado.

2) Eu nunca disse que os alunos liam o essencial para passar ou que eram medíocres. Não é racional um estudante de Direito (quem diz de Direito, diz de outro curso qualquer...) mostrar igual interesse por todas as disciplinas do curso. Sendo o tempo um recurso escasso e existindo a necessidade de optimizar o trinómio tempo disponível/resultados finais/interesses na matéria é natural que alguns leiam todo o livro do Prof. Jónatas Machado e outros optem por aprofundar outros ramos do Direito. Se algum estudante ler o que eu escrevi, sabe que não estou afastado da realidade. No seu caso, perceberá que utiliza um argumento falacioso para desvalorizar o meu.

António Parente disse...

Caro Prof. Carlos Fiolhais

Agradeço que tenha contextualizado as citações e identificados as páginas de onde as retirou. Com isso não altero uma linha do que escrevi. As páginas 12 e 14 estão fora do programa da disciplina, tal como está descrito na página da Faculdade de Direito.

A sua argumentação seria válida se:

1) O criacionismo integrasse o programa da cadeira e as páginas sobre esse assunto fossem de leitura obrigatória (não me parece ser esse o caso);

2) Os alunos de Direito Internacional fossem objecto de avaliação dos conhecimentos sobre criacionismo (parece-me que isso não acontece);

3) Um aluno fosse prejudicado/beneficiado por rejeitar/aceitar o criacionismo (ninguém se queixou desta situação, que eu tenha conhecimento);

4) O Prof. Jónatas Machado utilizasse as suas aulas para proselitismo religioso (o que não ficou provado no seu post).

5) Não existissem órgãos na Faculdade de Direito que controlassem a qualidade científica e/ou pedagógica do curso em causa (se não existissem o curso, como deve calcular, perderia todo o prestígio e credibilidade, o que não me parece ser o caso).

Combata-se o criacionismo, a teoria do Big Bang, seja o que for de que se discorde. Mas não se pessoalizem as questões. Do meu ponto de vista isso é errado. Temos de aprender a viver com as nossas diferenças.

Anónimo disse...

- E se um professor de biologia, de vez em quando, sair com teorias marxista de economia que nenhum economista aceitaria? [já me aconteceu]

- E se um professor de artes, de vez em quando, sair com teorias místicas sobre a arte? [também]

- E se um professor de artes, de vez em quando, sair com teorias místicas sobre produtos genéticamente modificados? [suponho que acontece]

Anónimo disse...

António Parente
“A palavra "laico" provoca-me "urticária". Nunca sei do que se trata quando falam disso. Também eu me considero laico mas se for debater o laicismo consigo chegaremos a conclusões muito diferentes.”
É mesmo isso. Uma das minhas conclusões é que a palavra “laico” não me provoca qualquer “urticária”. De todo o modo não penso que a minha conclusão esteja mais acertada que a do António.

“Não considero justo que se discrimine alguém por causa das suas posições religiosas, filosóficas ou políticas. O meu laicismo inclui todos e não exclui nada nem ninguém.”
Estamos, portanto, de acordo. Aqui não há “urticária”

“Hoje estou a defender Jónatas Machado versus Carlos Fiolhais mas se amanhã a situação for inversa estarei ao lado de Carlos Fiolhais contra Jónatas Machado.”
Pois eu não. Nem conheço Jónatas Machado, nem Carlos Fiolhais. Conheço as suas ideias e posições e são essas que coloco em causa sempre que tiver argumentos para tal. E, como deixei expresso noutro comentário, as posições de Jónatas Machado parecem-me muito questionáveis.
Rolando Almeida

Jónatas Machado disse...

1. Não deixa de ser estranho e surrealista ver os autoproclamados “livres pensadores” a recorrerem a métodos inquisitoriais típicos dos felizmente repudiados autos de fé, querendo estigmatizar-me como “herege”, "infiel", “apóstata” ou “cismático”. Para eles, todos os dogmas podem ser questionados, menos aqueles em que piamente acreditam. A visão do mundo sobre a qual constróem o seu saber deve permanecer à margem de qualquer crítica. Só falta proporem queimar o meu manual e a minha pessoa na fogueira (no Pátio da Inquisição?). Os insultos e a histeria colectiva descontrolada sobrepõem-se totalmente aos argumentos racionais, naquilo que, a avaliar por muitos blogs, parece estar a tornar-se uma marca distintiva da ideologia naturalista dominante. Em todo o caso, parece-me uma estratégia contraproducente, na medida em que expõe os verdadeiros intolerantes e contribui inadvertidamente para a disseminação das ideias que se pretende eliminar. Pessoalmente, não gostaria de ver alguns dos mais sonantes e respeitados vultos da academia nacional a desempenhar os tristes e ignóbeis papeis de Grandes Inquisidores ou Censores.

2. Se faço menção, no meu manual de Direito Internacional, do modo como as visões do homem têm influenciado e influenciam hoje o direito internacional é porque isso é inteiramente verdade. Os principais problemas que confrontam hoje o direito internacional e as relações internacionais têm tido uma íntima relação com as visões do mundo em presença, religiosas e não religiosas. O direito internacional contemporâneo é herdeiro da tradição judaico-cristã do direito natural. Por outro lado, as Cruzadas, a Reconquista Cristã, os Descobrimentos, as Guerras Político-Religiosas, a Santa Aliança, e muitos outros grandes eventos que marcaram e ainda marcam o desenvolvimento do direito internacional, têm tido uma base religiosa. Isto, para não falar da actual situação pós-11 de Setembro. Basta ver a CNN ou a Al Jazeera. No entanto, também o Darwinismo teve as suas repercussões no direito internacional. Por exemplo, Hitler quis exterminar os judeus porque achava que as raças mais favorecidas deviam triunfar na luta pela vida, o que decorria daquilo que entendia ser a lei da natureza. Veja-se o famigerado Mein Kampf ou o discurso de Nuremberga em 1933. Por seu lado, De Bachardi, um general alemão na I Guerra Mundial, afirmou que todas as guerras são biologicamente justas, na medida em que os mais fortes triunfam sempre. Felizmente este entendimento foi superado com o Tribunal de Nuremberga, a Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Como se vê, a visão que se tem do mundo, da vida e do Homem é importante em todos os domínios, e também na guerra e na paz. Pessoalmente acho que devo dar aos leitores do meu manual um quadro amplo, integrado e não reducionista do contexto dos debates ideológicos em que se desenvolve o direito internacional, o que faço quando dou uma visão das várias correntes teóricas subjacentes ao estudo do direito internacional (v.g. direito natural, positivismo, teoria da justiça, ética comunicativa, análise económica do direito internacional, teorias feministas do direito internacional, teorias críticas do direito internacional, etc.).

3. Em momento algum das aulas ou da avaliação faço qualquer referência ao “intelligent design”, como pretendem insinuar os meus detractores sem primeiro examinarem os factos. O programa trata dos temas tradicionais do direito internacional e de alguns temas mais recentes. Os alunos são incentivados a formarem e a defenderem a sua opinião, qualquer que ela seja, de forma fundamentada. Só assim se combate a irracionalidade e os riscos de demagogia e histeria argumentativa. Os meus críticos pelos vistos tiram conclusões precipitadas a meu respeito, falando sem qualquer contenção sobre realidades que nunca presenciaram. Penso que para muitos, a ideologia é de tal forma importante que os factos acabam por ser supérfluos. Quando as “conclusões” já estão definidas à partida, o exame dos factos torna-se um aborrecimento! Ao longo de toda a minha actividade lectiva de quase vinte anos nunca houve uma única queixa sequer de algum aluno que me acusasse de abusar da minha posição para impor uma ideia política, religiosa ou ideológica que seja. É que, no meu caso, a profundidade das minhas convicções é directamente proporcional ao respeito que tenho pelas convicções dos outros e ao meu interesse em que as opiniões sejam formadas, debatidas e revistas de forma inteiramente livre e esclarecida. Nas linhas introdutórias do manual (que não são comentadas ou referidas nas aulas, não constam do programa nem da avaliação) apenas pretendi deixar bem claros os meus pontos de partida (para aqueles que manifestarem algum interesse nisso). Isto, por uma questão de honestidade intelectual, já que todo o conhecimento científico assenta em postulados axiomáticos. Muitos, pretendendo ser objectivos e neutros, estão, no fundo, a procurar promover subliminarmente certos postulados axiomáticos, sem darem disso conhecimento aos seus alunos. Isso, quanto a mim, é menos ético do que a explicitação clara das premissas para quem as quiser conhecer.


4. Pessoalmente sou conhecido como um defensor intransigente da liberdade de expressão e de imprensa, da liberdade de religião e da neutralidade ideológica e religiosa do Estado. Normalmente vêm ter comigo aqueles que se sentem perseguidos, discriminados ou silenciados, porque sabem que têm em mim um apoio na sua luta pelo direito. Penso que um ambiente de discussão livre e aberta, em que nenhuma pessoa, instituição ou ideia política, religiosa ou científica esteja isenta de discussão e de crítica, é o melhor caminho para a verdade e o conhecimento e para a formação de pessoas dotadas de capacidade crítica. E isso é essencial numa ordem constitucional livre e democrática. O pensamento único é uma ameaça à democracia. É certo que alguns entendem que é legitimo defender unilateralmente uma determinada posição, seja de que natureza for, perseguindo, insultando ou silenciando qualquer contestação à mesma. Já o Cardeal Bossuet dizia: “eu tenho o direito de te perseguir, porque eu estou certo e tu estás errado”. Eu não partilho desse entendimento. Penso que ele não edifica uma sociedade livre, pluralista e caracterizada pelo envolvimento dialógico e crítico permanente.

5. No direito internacional sempre houve lugar para diferentes perspectivas. Os mais religiosos tendem a sustentar uma visão do direito internacional alicerçada nas ideias de justiça natural ou direito natural, assente na ordem da criação. Os não religiosos tendem a adoptar perspectivas mais positivistas, utilitaristas ou pragmáticas do direito internacional. Nada disso representa qualquer novidade. O direito internacional sempre houve lugar para a interacção estimulante entre visões mais religiosas ou mais naturalistas do mundo. É algo a que os cultores da disciplina sempre se habituaram. As liberdades de consciência, de expressão, de religião, de cátedra, etc., pretendem tornar possível que as pessoas construam as suas vidas e o seu pensamento de forma consistente e coerente com as suas convicções, sem terem que as privatizar ou abandonar, obviamente dentro de um quadro de respeito pela igual liberdade dos outros. As mesmas liberdades sempre foram entendidas como visão proteger as visões que num determinado momento são minoritárias e inconvencionais. As ideias dominantes raramente necessitaram de mobilizar estas liberdades. As mesmas valem, justamente, nos casos em que uma pessoa decide contestar os paradigmas dominantes. É aí que as mesmas adquirem todo o sentido. Pessoalmente tenciono usar plenamente as minhas liberdades e bater-me pelas liberdades dos outros.

David Cameira disse...

Olá, bons dias
Em 1º lugar muito obg por me estarem sempre a gindar á ribalta-
Já dizia o " capeta ", num série de autocolantes que vinha antigamente numa determinada marca de bolos: fale mal, mas fale de mim "

Depois, tal como dizem os srs F Gomes e Luis Pires, tenho a clarificar que efectivamente fui comentador habitual do DA, donde aliás guardo gratas recordações da minha participação pois - até serem proibidos os comentários - a pessoa contra a qual mais me insurgi ( o Sr CE ) acabou por ser confrontado e repreendido, pelos seus próprios colegas ateus, pelas barbaridades horendas e ofensas, injúrias e calúnias odiosas contar a fé, quem tem fé e tudo o mais do sobrenatural que ele não intende nem discerne pqtem uma postura carnal ( oposta ao ispiritual ) naturalista e secularista

Esqueceu-vos foi de mencionar que tb pontifiquei no blog do não, no Randon Precision, no Helder Sanches.com e colaboro, ainda actualmente e de vez em quando, no Esquerda Republicana ( julgo não me ter esquecido de nenhum, lol )tendo sido por essa via q tomei conhecimento deste blog.

Enfim eu sou um curioso pela " religião " ateista, desde logo por esta ideologia quasi ou mm totalmente ( nalguns casos )religiosa se afirmar como a posição anti-religião ...enfim anti religião teista, anti fé dos outros, anti SUBRETUDO experiência e proclamação Cristã mas sempre e impedernidamente ideologia religiosa!

Sim, de facto, num deste blogs já travei um dialogo com a Profª Palmira F Silva em q ela ficou com a opinião dela e eu fiquei com a minha

Mas tb não se poderia esperar que eu, somente pela força das minhas palavras ( mm q sem qq defeito ortográfico, gramatical ou sintático ) ou pela envergauda dos meus argumentos a converte-se pois tal apenas a DEUS é possivel e eu tb estou muito satisfeito e feliz com a minha fé Cristã Biblica e iconoclasta para me tornar ateu

Agora qt ao mais eu devo dizer que se julgam que eu em nada contribui outros terão poinião diferente dessa.
Enfim.... cada um é livre de ter a opinião q quizer e de não ser molestado, nem censurado ( nem mm na revista on line " ciencia hoje " ) nem injuriado - seja em q blog ou site for - por tal facto

Tal já se passou com o Prof Jónatas e passar-se-á com todos aqueles q ousem afirmar convicta e ousadamente que há mais mundo e mais vida para além do ateismo naturalista e do positivismo racionalista ( posições filosóficas e religiosas essas que já foram - essas sim - refutadas pelo vigor do pensamento filosófico posterior )
E qt ao DOUTOR Jónatas Machado.. pois eu tenho tt direito de me rever nele e de o admirar e de querer cultivar na minha vida as qualidades de caracter q ele testemunha na sua e de aspirar a produzir obra tão igualmente galharda como ela o tem efectuado até este presente momento como outros tem a possibilidade de reprovar, contradizer e repudiar a vida e a obra deste académico

Aliás , alguem se inquietou pq ele é um criacionista convicto, pois eu tenho a focar q tive aulas, numa cadeira anual e tudo , com um liberal convicto e não fiquei liberal, com uma feminista convicta e com profs muito diversos e não enlouqueci porcausa disso

Aliás o q é a UNI se não o forum do saber e o areopago do debate livre, aberto e democrático ???

Enfim, como já disse o Prof Jónatas é muito triste e tacanha a mentalidade que vive para quebrar todos os dogmas e todos os tabus mas , " a contrario sensu " , erige um altar absoluto e inquestionavel ao relativismo, ao naturalismo e ao humanismo racionalista.

ISTO , MEUS CAROS , É QUE É SUICÍDIO MENTAL E A MORTE DA INTELIGÊNCIA !

Anónimo disse...

Relembro aos participantes neste blog que difamar uma pessoa é um crime.

Nos termos do artigo 180º do Código Penal,


1 - Quem, dirigindo-se a terceiro, imputar a outra pessoa, mesmo sob a forma de suspeita, um facto, ou formular sobre ela um juízo, ofensivos da sua honra ou consideração, ou reproduzir uma tal imputação ou juízo, é punido com pena de prisão até 6 meses ou com pena de multa até 240 dias.


É só para que não se caia no erro de propalar de forma trivial acusações sem qualquer fundamento. Uma coisa é discutir ideias. Outra, bem diferente, é difamar pessoas. Quanto mais sérias forem as imputações, maiores devem ser os cuidados. O mais prudente seria, até, retirar as imputações avançadas, tanto mais quanto é certo que as mesmas identificam os seus autores. Quem avisa amigo é.

Anónimo disse...

Uma das áreas mais difíceis do Direito Penal actual está precisamente em delimitar o direito à opinião face ao crime de difamação.
Com efeito, se estamos a exercer o direito de opinião ou o direito de expressão, não podemos estar ao mesmo tempo a cometer um crime. Já por outro lado, se abusarmos desse direito, podemos ter ser alvo de censura penal.
Não deixa de ser curioso verificar que alguns sectores da nossa sociedade, quando encontram alguém que pensa de forma diferente normalmente ameacem com prisão. Tivémos exemplos disso, a propósito do referendo sobre o aborto, com a ameaça aos padres relativamente ao seu envolvimento no mesmo (curiosamente o único processo que conheço relativo a essa matéria envolve um alto dirigente do PS - que perfilava pelo SIM), tivémos a mesma ameaça a propósito do Programa da RTP1, com a afirmação de que "a Constituição proíbe a defesa do salazarismo". Este é só mais um episódio.

Devo dizer que não tenho qualquer simpatia pelo criacionismo. Todas as evidências me parecem ir no sentido deste estar superado. No entanto, mesmo não concordando, sempre defenderei o seu direito de opinião e de expressão.

Já agora, se eu chamar idiota - grafado desta ou de outra maneira - a alguém, isso é crime?

Anónimo disse...

A ideia da fogueira não é má de todo!...
É uma chatice isto de ser democrata, ateu e livre pensador, pois dá-nos demasiada tolerância e capacidade intelectual para aturar estes disparates criacionistas, religiosos e fascistas.

O disparate de dizer que Hitler fez o que fez por achar que era a sua raça era superior, como resultado da evolução natural, deixa pouca margem para dúvidas onde colocar quem o diz na caracterização criacionista/evolucionista, religioso/ateu, etc...
O dito senhor, achava-se superior, tinha convicções religiosas sobre a questão, procurava doentiamente explicar a sua superioridade a nivel religioso, e insurgiu-se contra colegas de partido que estudava arqueologia, e que ele considerava estarem a minar todo o seu trabalho de engrandecimento da raça, ao declararem que a raça ariana descendia de macacos, e/ou outros povos primitivos.
Tenha vergonha na cara, porque eu só tenho pena que o sr. não seja alemão, pois com um bocado de sorte, e na fase de negação em que eles andam sobre o nazismo, já lhe tinham feito a fogueira, pois a vergonha deles é muita, mas, a postura deles, que melhorou consideravelmente, ainda não é liberal.
E se vocês, criacionistas, têm vergonha do que ele (Hitler) fez, ignorem-no, mas, deixem de tentar empurrar o que ele fez para cima dos evolucionistas, pois ele era o exemplo acabado de um criacionista, e tão bem falante como alguns professores... Será que estamos perante um estereotipo?
Hmmm...

Anónimo disse...

Uma coisa é discordar de alguém e fundamentar a discordância. Outra coisa é acusar alguém de se aproveitar das suas funções para fazer proselitismo, sem qualquer prova de que isso seja realmente verdade. Penso que ninguém demonstrou que o Prof. JM faz proselitismo nas aulas ou nos exames. Quem fizer tal acusação tem que a provar, sob pena de estar a cometer um crime. Exprimir uma opinião não significa manchar a honra, o bom nome e a reputação de alguém. A primeira é legítima, a segunda é muito séria.

Anónimo disse...

"Já agora, se eu chamar idiota - grafado desta ou de outra maneira - a alguém, isso é crime?"

Se for verdade não..

Anónimo disse...

Caro anónimo...
Se não fosse sob a capa de um livro de Direito Internacional, acha que alguma editora iria públicar o conteudo de indole criacionista do Prof. J.M.?
Sabendo que o custo de um livro aumenta com o número de páginas, acha razoável impingir 400 páginas de inutilidades a um estudante, com o respectivo custo?
É verdade que o Direito Internacional sempre se regeu por convicções religiosas, mas, onde é que se encaixa o criacionismo cristão nessa realidade? Só se for no débil mental do J.W.Bush que isso se aplica, mas ele é uma parte infima da Hitória, para alguém lhe dedicar 400 páginas. Por isso, alguém me trate de explicar o que é que as convicções criacionistas de J.M. têm a vêr com a realidade do Direito Internacional que ele pretende ensinar, pois religião e criacionismo são coisas diferentes. E caso se pretenda branquear mais esta, lembro os Srs. que quase todas as religiões defendem uma forma de criacionismo, pelo que o dito é irrelevante para o direito internacional. Já se o dito senhor, explicar que é católico, e que os protestantes têm visões diferentes de direito internacional eu aceito, mas, quero lembrar-los que também protestantes defendem o criacionismo, e portanto o criacionismo não explica as diferenças entre ambos, e portanto está deslocado do tema.
Ao menos podiam raciocinar sobre os argumentos que apresentam para justificar o injustificável, pois, só por mero exercicio de negação é que não se aperceberão da incoerência do que dizem.

Se bem que já os vi a fazer esse exercicio... o da negação! Já percebi como é que vão refutar o que eu disse, por isso nem se dêm ao trabalho!

Anónimo disse...

Não partilho das ideias criacionistas do Prof. Jónatas Machado (e sou crente, católico), mas saúdo o seu comentário nas suas linhas gerais, sobretudo o apartado 2.

Parece-me que tem havido por cá algum abuso nas acusações pessoais e na linguagem que muitas vezes roça o insulto gratuito; fica a impressão de que agora se pode «bater no ceguinho» por tudo e por nada, bastando já o «diz-que-diz-que». O «post» inicial, de Prof. Carlos Fiolhais, é muito pouco rigoroso e merece ser revisto mais uma vez e «reparado», porque ele não se limita a criticar ideias, mas a pôr em causa o bom nome de uma pessoa que, mesmo tendo tido a possibilidade de se defender, fá-lo sempre «no quarto dos fundos», os comentários. Talvez isto devesse merecer uma reflexão na hora de escrever novos «posts» deste tipo...

Agradeço esta possibilidade que me é dada de deixar este comentário, que talvez não seja dos mais agradáveis. Contudo, devo dizer que, apesar de algumas discordâncias, muito aprecio este «blogue», pelo que continuará nos meus «Favoritos».

David Cameira disse...

" onde é que se encaixa o criacionismo cristão nessa realidade? Só se for no débil mental do J.W.Bush que isso se aplica " isto é tão abjecto que só o anatema lhe responde cabalmente

Mas enfim..como estopu a ponto de vomitar com o nojo que sinto deste tipo de opiniões tenho a perguntar -lhe se julagria correcto q eu lhe cahama-se a si debiloide mental tb ???

E o tento na lingua q faz tt falta,
lol....

Anónimo disse...

Esteja à vontade para o fazer, pois, creio que é reciproco.
A atitude de negação que o criacionismo adopta perante tudo o que foi provado sobre a evolução, lembra claramente a mesma forma de negação, adoptada pela igreja sobre a posição da terra no universo e respectiva forma.
Mesmo perante as provas, continuavam a rejeitar que a terra é redonda, e que não é o centro do universo. O mesmo fazem hoje os criacionistas em relação à evolução das espécies.
Isto só deixa duas explicações: ou existe uma clara debilidade mental, ou, existe a necessidade de prolongar a mentira para proteger algo.
No caso do Bush, parece-me claramente uma mistura em partes iguais das duas situações...

Jónatas Machado disse...

Alguns insistem em insultar a torto e a direito todos quantos deles discordam. Ao mesmo tempo que acusam os criacionistas de serem intolerantes, os evolucionistas insultam-nos e procuram silenciá-los em nome da sua tolerância. É caso para perguntar: com tolerantes destes, quem precisa de intolerantes?

O recurso sistemático ao insulto é mau, por pelo menos três ordens de razões.

Em primeiro lugar, porque as palavras são importantes. Quem fala mal, pensa mal e vive mal.

Em segundo lugar, porque a violência verbal é o princípio de toda a violência. O ódio e a irracionalidade são disseminados através da difamação e da injúria.

Em terceiro lugar, porque o insulto e a difamação só evidenciam a ausência ou a debilidade de argumentos.

Anónimo disse...

Caro J.M.,

Não desgosto de lêr o que escreve, porque por muito absurdo que ache o que escreve, reconheço-lhe a capacidade de argumentação. Só que os seus argumentos são dificeis de aceitar para quem não seja condicionado à partida.
O Sr. usa argumentos de intolerância por parte de evolucionistas. A evolução e respectivas teorias são baseadas em factos concretos e resultados de estudo, e em nenhuma altura se arrogam de completas, e, é por aí que constantemente ataca. Como se algo só pudesse ser verdade se fosse absoluto, que é algo que o criacionismo se arroga. A criação explica tudo.
Só por arrogância, é que alguem acha que por ser suave na escrita (ou fala), não está a insultar ninguém. O sr. insulta a generalidade das pessoas que aceitam e defendem a teoria da evolução, quando diz que Hitler era o que era por acreditar que a raça Ariana era superior como resultado da evolução. O dito, rejeitava toda e qualquer evidencia da evolução, que os próprio co-partidários investigavam e provavam através dos mais diversos achados arqueológicos, e achava isso um revés à posição dele, que achava que os Arianos eram a criação perfeita de deus, e por isso superiores aos restantes. Só uma imaginação delirante pode achar que não insulta, porque propaga de maneira "suave" e polida, um conjunto de mentiras e tenta imputar comportamentos aberrantes a crenças evolucionistas.
Por ser fácil manipular os fracos de espirito, é que se generalizou essa ideia (mentirosa) de que falar polidamente para dizer as maiores barbaridades, não é insultar. Os fracos de espirito, como a generalidade dos animais irracionais, não percebem o conteudo da mensagem, mas, apenas o tom com que ela é passada, e podem deixar-se enganar pela suavidade da escrita, mas, na realidade, o insulto está lá.

J.M.P.O disse...

Achei todo o “post” no mínimo absurdo. Em grande parte dos manuais de direito expõem-se as perspectivas metodológicas e filosóficas que servirão de traves mestras para a interpretação das ideias defendidas. Por isto, não sei qual é a admiração de ver expressa a opinião do Autor sobre um tema relacionado com D. I. Publico na introdução de um manual. Vejo que estes ilustres professores estão a fazer aquilo que repugnam, cair no dogmatismo. Afinal de contas: Qui est veritas? Queria terminar dizendo que é de excessivo mau tom a utilização do argumento ad personam que neste caso se consubstanciam na utilização de adjectivos, que mesmo ser verdadeiros, podem dar lugar a responsabilidade civil.

J.M.P.O disse...

Errata: em vez de “consubstanciam” deve ler-se “consubstancia”.

J.M.P.O disse...

Só mais uma coisa sendo ateu, posso dizer isto com legitimidade acrescida. O criacionismo tem uma vertente simbólica para além da sua veracidade científica. Que tal desmistificar-mos um pouco o texto dos Génesis. Se procedermos a este exercício hermenêutico veremos que o texto nos diz que temos todos laços de consanguinidade, (desmistificando ainda mais, pertencemos à mesma categoria de seres vivos) como tal devemos fomentar boas relações entre nós independentemente de sermos "Judeus ou Gregos". Esta é uma das vertentes do texto.

Anónimo disse...

Está tudo maluco?
O Sr. Prof. Jónatas Machado tem uma posição pessoal que considero profundamente errada e além disso deletéria.
Tem todo o direito de tê-la e sustentá-la.
Não terá certamente, quanto a mim, o direito de fazer dela um qualquer aspecto do seu ensino, mínimo que seja, quando lecciona numa universidade do Estado. Dispenso-me de avançar as razões de qualquer das afirmações.

No primeiro caso, exerce o dito direito à custa da sua credibilidade intelectual, malbaratando, quanto a mim, os muitos dotes intelectuais com que a Providência manifestamente o brindou. Mas é sua a opção e não nos cabe criticá-lo pessoalmente, apenas às suas ideias, se o entendermos, e em igualdade com o direito dele a mantê-las.
No segundo, isto é, se fizer dessa sua posição elemento mais ou menos relevante do seu ensino, na dita Universidade, abusa da sua posição docente para fazer-se prosélito (cujo salário os meus impostos só contrariadamente podem suportar).

Ora, eu li o livro. Comprei-o. Já não sou aluno da FDUC vai para 15 anos, mas interessou-me lê-lo. Não me interessa saber se "para exame" "contava" o cartapácio todo ou apenas 400 e tal paginitas. O que é certo é que reparei logo naquilo (está realmente para começo...) e não aceito que se diga agora que lá está incluído a jeito de quem explica também o que os nazis pensavam disto ou daquilo, ou os pressupostos culturais-religiosos do Direito Internacional medievo...

Em todo o caso, e como vejo as coisas, o ponto é este: o livro é um manual, um livro de texto de uma cadeira leccionada na Fac., pelo professor que o escreveu.
Vai daí, não me parece que o Sr. Prof. Jónatas Machado possa beneficiar, para escrevê-lo e recomendá-lo aos alunos, da sua (inteira) liberdade de acreditar nos dislates religiosos que lhe aprouverem; a menos que comecemos a aceitar que pela via da liberdade de opinião (dos professores...) o ensino do criacionismo ("científico", talvez...) tenha podido chegar à Universidade; ou que o Conselho Científico da faculdade assuma que atribui a regência de cadeiras a professores criacionistas que se não coibem de o manifestar no livro de texto.

Não é caso de retomar o debate do criacionismo e das investidas sucessivas dos seus prosélitos, tradicionais ou travestidos de cientistas (ou juristas), debate que quanto a mim está esgotado há muito.
Mas, e em resumo, é um facto que o perigo espreita, ainda e sempre, vigilante - pelo que considero utilíssimo e oportuno que o Sr. Prof. Carlos Fiolhais tenha abordado a questão como abordou - já fazia falta, considerando o tempo que leva a edição do livro e a divulgação que está a ter.

Anónimo disse...

“Um tribunal mundial … seria uma piada … todo o mundo da Natureza é um poderoso combate entre força e fraqueza – uma vitória eterna dos fortes sobre os fracos. Não haveria nada a não ser decadência em toda a natureza se não fosse assim. Estados que (violassem)… esta lei elementar cairíam em decadência. Quem queira viver tem que lutar. Quem não quer lutar neste mundo onde a luta permanente é a lei da vida, não tem direito a existir."

(Adolf Hitler, Mein Kampf).

Haddammann Verão disse...

O texto a seguir é um caso sério, mas em certa altura pessoas quase mijam de rir. Talvez seja porque alguns de nós riem para suplantar um problema num difícil momento de sobrevivência.

O Criacionismo na Fidelidade Rigorosa da Bíblia.

O que é intrigante é a posição da Terra em relação ao céu. Parece que o Muito Grande e poderoso sentado no Trono, quando dá uma descarga vem tudo direto pra cabeça de suas igrejas. E quando isso chega, a Terra fica com cheiro não muito bom. Talvez isso explique porque nos sentimos mal quando seus escolhidos superiores passam um mau-hálito quando falam tanto e tão perto de nossos ouvidos.
Parece que somos como que uma espécie de pano-de-chão lá de cima.
Rigorosamente pela escrita nosso pai, na melhor das hipóteses, é um assassino; o outro rapaz era bom; o poderoso não achou bom revivê-lo, e deixou o assassino se dar bem com as cabras. Daí que, uns de nós cismam, com certa razão, que são ovelhas; e os homens já têm assim coceira de chifres desde novos. Nosso avô é um mentiroso; nossa avó andava dando idéia às escondidas pra uma cobra. Como ela já gostava de cobra mentiu também pra ver se conseguia segurar no cipó do nosso avô.
É uma HESTÓRIA linda; e muito criativa; e explica pra nós direitinho nossa condição nesse reino. Pra azar de nosso avõ ele ainda teve também dois filhos, igualzinho ao poderoso Manda-Chuva. Nesse reino existe uma certa aversão por mulheres. E parece que pra piorar os dois playboys sem muito o que fazer em suas vidas eternas, vidraram o olho logo aqui pra esse planeta, com tantos por aí. Talvez seja porque é o único que fica embaixo deles; pois no Universo a idéia de em cima e embaixo é de mero contexto proximal e precisa, no mínimo, de referencial. Mas isso não é pra aqui. Isso é coisa de somenos. Como diria o do curso de mau-hálito.
O problema é que esses dois príncipes encantados parece que são muito espertos, apesar de ter um pai preguiçoso, que depende da gente pra fazer tudo, e só vive sentado e dando descarga, e cisma que temos que ficar gritando e batendo palmas pra ele, pra disfarçar o barulho que faz debaixo do trono; assim ele fica bem na fita. Ele é muito capacitado, por isso manda a gente fazer assim. E nos dá velas e cruzes e uma cartilha grossa que devemos ler todo dia de trás pra frente e de frente pra trás, pra decorarmos a estória desse reino maravilhoso, forte, e conselheiro.
Os príncipes encantados, por serem crias de uma obra perfeita, vivem brigando. Parece que um continua chegado nas cabritas daqui, e o outro se amarrou na idéia de ser suspendido no tronco.
A coisa desandou quando o outro, de sacanagem, chegou pro Tremendo e disse que o principezinho andava se amarrando em preferir só os jumentos; e tava com a idéia fixa de mandar todo mundo se entregar e entrar na onda dele. O negócio ficou feio lá por cima; e o monte de trovão e raio veio bater tudo em cima de quem? Dos filhos das cabras.
Aí é que fica o problema. Porque parece que nenhum dos dois gosta de estudar; mas o pai deles ao invés de resolver a picuinha deles (nessa eternidade), pra nossa sorte manda os dois virem cobrar de nós a leitura da malfadada cartilha.
É uma sina nossa, um karma; que será eterno enquanto dure.

Fim do final.

Anónimo disse...

Enfim, a lucidez intelectual volta às universidades através de homens como o ilustre professor Jónatas Machado!

A panaceia da educação ou uma jornada em loop?

Novo texto de Cátia Delgado, na continuação de dois anteriores ( aqui e aqui ), O grafismo e os tons da imagem ao lado, a que facilmente at...